Leituras

Sintomas

E-mail enviado à Folha de S. Paulo em 15 de maio de 2000.

A propósito das cartinhas de Eduardo Longo e Maria Isabel Brunacci, publicadas nesse jornal nos dias 11 e 12 respectivamente.

Senhor Redator:

A constância obsessiva com que expressões de repugnância física – asco e desejos de vômito – aparecem nos protestos das pessoas que me odeiam é para mim um motivo de lisonja e satisfação. Assinala que, diante dos meus escritos, essas criaturas se vêem privadas do dom de argumentar. Paralisada a sua inteligência pela obviedade do irrespondível, vem-lhes o impulso irrefreável de uma reação física. Já que lhes arranquei a língua, querem sair no braço. Mas, como bater em mim seria ilegal e ademais as exporia à temível possibilidade de um revide, a última saída que lhes resta é voltar contra seus próprios corpos o sentimento de raiva impotente que as acomete, donde resulta todo um quadro sintomatológico de diarréia, tremores, cólicas e convulsões. Não suportando passar sozinhas por tão deprimente experiência clínica, apressam-se então em registrá-la por escrito e publicá-la na Folha de S. Paulo, na esperança de que alguém mais forte, revoltado ante a exibição de tanto sofrimento, dê cabo do malvado autor que as deixou nesse estado miserável.

Como esse anseio não se realizará, o que se recomenda para o momento é o tratamento de praxe com soro fisiológico para contrabalançar a perda de fluidos vitais.

Olavo de Carvalho

O fascismo vermelho e o presidente

CARLOS SOULIÉ DO AMARAL

O Estado de S. Paulo, quinta-feira, 4 de maio de 2000

Seguido de Observações de Olavo de Carvalho

Com certeza foram os árduos compromissos da rotina, os dias programados minuto a minuto por secretárias, assessores, chefes de cerimonial e agentes de segurança. A necessidade de atender urgências, cumprir protocolos, fazer discursos convencionais em cerimônias marcantes, entrar e sair de aviões guardando o zumbido de motores na cabeça, a atenção sobre alerta às intrigas das ante-salas, o esforço contínuo de afogar bocejos em sorrisos, a substituição de ministros, os 500 anos e, de novo, a substituição de ministros. Tudo isso cansa, tudo isso pesa e o presidente, frágil criatura como todos nós, não escapou das conseqüências. Sua percepção, antes atilada e rápida, dá sinais de embaçamento e de cansaço – dizem uns e outros.

Foi no 22 de abril que tudo começou. Ao comentar as depredações, invasões, tumultos e pornofonias desencadeadas pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) no Brasil inteiro, com o olhar circunvagando entre o pasmo e o perplexo, o presidente indagou: “Essa gente tem mentalidade fascista?” A data do descobrimento teve o condão de levar o presidente, intelectual neo-hegeliano, dedicado por formação e temperamento à indagação metódica e à constatação científica dos fenômenos, a esse recente descobrimento. Ainda que interrogativo, ele percebeu, finalmente, que o MST “está descambando para a baderna” e “tem mentalidade fascista”.

Ocupadíssimo sempre, o presidente, que não é sem-terra, é, seguramente, sem-tempo. Talvez por isso não tenha tomado conhecimento dos cursos de capacitação de militantes que o MST organiza e desenvolve em todo o território nacional. Nesses cursos, as apostilas e os mestres ensinam que “apenas ocupar a terra para trabalhar é uma posição já superada”, esclarecem que “a disputa fundamental não se dá mais entre os sem-terra e fazendeiros, mas, sim, entre os sem-terra e o Estado”, e avisam que “o MST tem um projeto político revolucionário cuja meta é a conquista do poder”. Os mestres insistem que o objetivo do movimento “é ocupar os espaços que se conformam na superestrutura da sociedade” e advertem: “se alguém disser que esses espaços não devem ser ocupados por nossa organização, pois esses temas não nos competem, digamos, sem receio de equívocos, que os audazes sempre prevalecem sobre os medrosos!”

Este é o velho MST, paroleiro e quebrador, perfeitamente enquadrado na configuração do “fascismo vermelho” detectado pelo cineasta comunista Pier Paolo Pasolini, como um grupo de pressão que violenta a sociedade e o direito instituído por não ser capaz de conseguir representatividade democrática. O cineasta italiano, após a denúncia dos campos de concentração e dos crimes em massa na União Soviética durante o governo de Stalin, feita por Krushev no 20º Congresso Comunista Internacional, declarou-se “privado da esperança”. Sua referência ao “fascismo rosso” baseia-se na definição configurada pelo psicanalista e filósofo Wilhelm Reich, expulso da Alemanha pelos nazistas e, depois, pelos comunistas.

Diz Reich: “O fascismo vermelho, forma particular da peste emocional, utiliza como instrumento básicos a dissimulação, a conspiração e a cortina de ferro, que lhe permitem explorar as atitudes patológicas das pessoas simples; assim é que a peste emocional politicamente organizada se aproveita da peste emocional não organizada para satisfazer suas necessidades mórbidas.” As necessidades do MST, apoiadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), braço político-rural da Igreja Católica no Brasil, concentram-se agora em “pegar o Malan”, como determinou Gilmar Mauro, um dos coordenadores nacionais do movimento, ao lado do ex-seminarista João Pedro Stétile (que dizem ser cunhado do bispo Tomás Balduíno, presidente da CPT). A nova meta leva os militantes a ocupar e depredar prédios do Ministério da Fazenda e do BNDES para atingir o setor financeiro do governo, espaço “que os conforma na superestrutura da sociedade”.

Na organização militarizada do MST, as ordens de comando ressoam de forma idêntica a dos nazistas antes da conquista do poder: pegar, quebrar, invadir, forçar, marchar, bloquear ou – como aconteceu em Belém, na depredação da Secretaria da Segurança Pública – “matar, matar!” O pretexto de Hitler foi o mesmo do MST, ou seja, espaço vital: terra e mais terra e mais terra. Wilhelm Reich fez uma incisão profunda no organismo do fascismo vermelho para chegar a um diagnóstico transparente: “A dissimulação, a conspiração e a subversão precedem todos os alvos políticos que são inventados para servir de biombo às atividades desses grupos, cujo único objetivo é a conquista do poder sem nenhuma finalidade social específica.” Mas o presidente demorou a entender. Tempos atrás o deputado Francisco Graziano Neto alertou o general Alberto Cardoso sobre os cursos de formação de militantes. Nenhuma providência foi tomada. As milícias se ampliaram e agora o presidente declara: “O MST ultrapassou o limite da legalidade.” Bom sinal. Os árduos compromissos da rotina e do cerimonial já não conseguem embaçar a lucidez do presidente.

Observações de Olavo de Carvalho

Uma das tendências mais cretinas da mente humana é a de inventar simulacros da realidade e depois explicar a realidade pelos simulacros. No Renascimento era moda os intelectuais explicarem o movimento dos astros pela analogia com os ponteiros de um relógio, esquecendo que o relógio é que tinha sido inventado como imitação dos movimentos celestes.

Chamo a isso “analogia retroativa”. É o tipo da explicação que não explica nada e ainda desvia as atenções dos fatos para as fantasias.

É a esse tipo de explicação que o presidente Fernando Henrique Cardoso recorre diante do fenômeno da violência crescente do MST. Chamar os comunistas de fascistas é dizer que o Sol e a Lua imitam os relógios. Ou, o que dá rigorosamente na mesma, que os rabos abanam os cachorros.

O fascismo nasceu como mera imitação nacionalista de tradicionais métodos de ação comunistas. O comunismo não precisou esperar o advento de seu simulacro fascista para ser aquilo que é: um movimento intrinsecamente terrorista, assassino e genocida. E, como o original é sempre superior à cópia, o fascismo, com todo o seu apetite por violências espetaculosas, jamais pôde competir com as realizações do seu modelo no campo da crueldade organizada. Somem as vítimas de um e de outro, e verão que, com guerra e tudo, o fascismo não conseguiu matar a quarta parte do número de pessoas que o comunismo matou em tempo de paz. E notem que nessa conta consinto em misturar fascismo e nazismo num só bloco, uma absurdidade histórica comunista inventada para inflar artificialmente a imagem do “perigo direitista”: na verdade o primeiro país agredido por Hitler tinha um regime fascista (Áustria), e na guerra houve governos fascistas pró-Eixo (Itália, Hungria, Romênia), contra o Eixo (Brasil) e neutros (Portugal e Espanha). Cadê o “bloco”? Distinguidos do nazismo e arcando somente pelos crimes que lhes são próprios, os regimes fascistas, ao lado do comunismo, são um punhado de trombadinhas da Praça da Sé em comparação com a máfia internacional das drogas.

Após ter inventado a ficção histórica do “bloco direitista” – no qual, de hipérbole em hipérbole, até mesmo as democracias capitalistas do Ocidente acabam entrando na categoria de nazifascistas –, a propaganda comunista demonizou histrionicamente o termo “fascismo” com a finalidade única de encobrir por trás dele a monstruosidade dos métodos que Lênin ensinou a Mussolini e Stálin a Hitler. O truque funcionou, a finta verbal impregnou-se na linguagem comum – e hoje, quando vemos um comunista agir como comunista, não conseguimos expressar o horror daquilo que enxergamos senão chamando-o “fascista”. Ao denunciar o criminoso, recusamo-nos a revelar sua identidade e assim nos tornamos seus cúmplices.

Não, o MST não é fascista. É simplesmente comunista. Ao chamá-lo “fascista”, o nosso presidente mostra que nem mesmo no instante em que se vê acossado pela violência comunista ele tem a coragem de se livrar do esquerdismo residual que domina sua linguagem e paralisa sua inteligência.

Mas o presidente não é paralítico só no discurso. No plano dos atos ele também conspira com seus inimigos, implorando que lhe amarrem as mãos para que nada possa fazer contra eles. A prova mais evidente é que, enquanto se queixa da violência revolucionária do MST, ele consente que o Ministério da Educação distribua, a título de literatura pedagógica, milhões de cartilhas de marxismo-leninismo que induzem as novas gerações a ansiar por violências revolucionárias ainda maiores. Durante um tempo acreditei que ele fazia isso de caso pensado, para assegurar para si uma sobrevivência política em caso de virada geral à esquerda. Agora já não acredito mais. Acho mesmo é que é desencontrado e sonso, perdido entre o que vê, o que pensa, o que quer e o que fala.

Já o governador Mário Covas não tem esses problemas. Ele tem a inteligência afiada e a língua dócil. Ele sabe o que quer e sabe usar as palavras para obtê-lo. Ele quer o apoio das esquerdas e mais que depressa lhe vem aos lábios a mentira necessária para comprá-lo. O MST, no discurso dele, surge embelezado como um justo movimento social que luta por terras para os pobres, quando os próprios documentos internos do movimento, já abundantemente divulgados pela imprensa, declaram que terras e reforma agrária não lhe servem, que o que ele quer é tomar o poder mediante uma revolução e instaurar no Brasil a ditadura comunista.

A linguagem do presidente está comprometida com o seu passado, a do governador com o que ele gostaria que fosse o seu futuro. Por isto nenhum dos dois pode dizer com honestidade e realismo o que se passa no presente.

Tocqueville e o totalitarismo

1 de maio de 2000

Mensagem de Marcelo Wick

Caro Olavo,

Resolvi comprar o livro Democracia na América após ler os seus elogios sobre ele, mas já na primeira parte, surgiu uma dúvida: Tocqueville fala que a religião protege os homens contra paixões insensatas de tudo conhecer, portanto de tudo mudar, acabando assim com a paixão pela igualdade que ameaçava a liberdade. Mas só que a religião impedia a tirania da igualdade para instaurar a tirania dos costumes. Pois eram os costumes religiosos que influenciavam as leis como a pena de morte para os adúteros, separação das crianças dos pais que não as colocavam na escola, passando a guarda para a sociedade, e até leis que proibiam o tabaco! (Code 1650).

Estas leis não eram impostas mas sim votadas pelo livre concurso dos interessados. Não acho que podemos isentar a religião neste caso, culpando só o estado civil da época, já que “O puritanismo era quase tanto uma teoria política quanto uma teoria religiosa, e que ele se confundia em vários pontos com as teorias democráticas e republicanas mais absolutas.”(Pág.43) A política e a religião eram tendências diversas, mas não contrárias. Os costumes religiosos influenciavam as leis de caráter tirânico, que eram realmente cumpridas, como mostra o autor. Como eu já li a sua apostila Humanismo e Totalitarismo,eu pergunto pro senhor: Será mesmo que as outras épocas não conheceram o totalitarismo? Com certeza era um totalitarismo em menor escala, mas não deixa de ser uma semente do totalitarismo vindouro. Será que a religião não está isenta de culpas pelo totalitarismo na América de outra época? Podemos dizer também que as leis da sociedade puritana não influenciaram em nada o totalitarismo posterior? Segundo uma dedução do próprio Tocqueville, é bem capaz, já que “As leis conservam seu caráter inflexivel,quando os costumes já se submeteram ao movimento do tempo.” Há por acaso uma data ou um período que mostra que os costumes religiosos deixaram de ditar as leis? Se há, será que durante essa transição não houve influência do espírito tirânico dessas leis sobre o novo sistema legislativo? Se a igualdade exagerada é uma ameaça à liberdade, até que ponto também é a religião? Fico por aqui, agradecendo desde já pela atenção.

Um abraço,

Marcelo Wick

kritya@bol.com.br

Resposta de Olavo de Carvalho

Sua pergunta é enormemente complicada, pois não existe “a” religião, e sim uma multidão de fenômenos diversos e às vezes heterogêneos que recebem nome. Já no próprio exemplo que você cita, o puritanismo é uma dissidência de uma dissidência, uma espécie de cristianismo de terceiro grau, e como tal evidentemente haverá pontos de semelhança e de diferença entre ele e o tronco remoto do qual proveio.

De modo geral, a idéia de um controle total do governante sobre os indivíduos só aparece realizada nos antigos impérios “cosmológicos” ~ Egito, Babilônia, China. Já em Platão (República), a vaga recordação de um Estado “perfeito” na qual parecem flutuar resíduos do modelo egípcio é projetada para o futuro, ou para um tempo abstrato: a u~topia é também u~cronia. A idéia reaparece no Renascimento, insuflada pela onda de nostalgia platônica e pitagórica. Vem tingida de três novas nuances: a ciência matematizante da natureza, a autoconfiança prometéica no poder do homem e a influência de seitas gnósticas persuadidas de que o mundo criado é o mal e deve ser substituído por um mundo inventado pelo homem. Eric Voegelin (History of Political Ideas) assinala ainda o impacto que as vitórias de Tamerlão tiveram sobre a mente ocidental, promovendo a imagem do governante todo-poderoso que, pela sua força, engenho e sorte, se coloca acima do bem e do mal (tal a origem do Príncipe de Maquiavel). A influência conjugada das seitas gnósticas e da nova mitologia do rei onipotente está na origem das idéias modernas de absolutismo e de razão-de-estado, sem as quais a possibilidade de um controle oficial sobre as vidas dos indivíduos não é sequer pensável.

Daí por diante, fica difícil distinguir, na ascensão do domínio oficial sobre os homens, o que é de origem estatal, o que vem das autoridades religiosas. O que é certo é que tanto aquele quanto estas já estavam sob o domínio de concepções que não têm nada a ver com o cristianismo tal como conhecido antes disso. Também é certo que, pelo lado oficial, o “ancien régime”, mesmo intoxicado de razão-de-estado, conservou muitas das liberdades medievais pelo menos até a Revolução Francesa. Ninguém compreenderá a brutal diferença entre a liberdade antiga e a tirania moderna se não souber que a idéia mesma de uma lei uniforme para todos os habitantes de um território nacional só se implantou com a Revolução; que, antes disso, a diversificação em direitos regionais e municipais, prerrogativas de casta, de ofício, de família, etc. era tão complexa que nenhum governante nacional podia sequer sonhar em ter sobre a população o controle que desde então se tornou coisa banal e corriqueira; é à luz de uma ilusão retroprojetiva que “leis como a pena de morte para os adúteros, separação das crianças dos pais que não as colocavam na escola, passando a guarda para a sociedade, e até leis que proibiam o tabaco“, para citar os seus exemplos, adquirem alcance comparável aos controles exercidos por governos modernos, seja ditatoriais, seja mesmo democráticos. Só a título de comparação, note que o governante mais poderoso do “Ancien régime”, Luís XIV, para formar um exército de 140 mil homens, o maior da Europa então, teve de ir pessoalmente de cidade em cidade implorar que as pessoas se alistassem, ao passo que o governo da Revolução recrutou um milhão de soldados em poucas semanas implantando o serviço militar obrigatório e a pena de morte para os recalcitrantes. Outro exemplo: até o Renascimento, os papas não tinham sequer a autoridade de nomear os bispos, que eram escolhidos por negociações locais. Outro ainda: a posição dos judeus na sociedade, durante toda a Idade Média, variava de cidade para cidade, numas vigorando sua exclusão dos cargos públicos, noutras esses cargos sendo praticamente monopolizados por eles. Não resta dúvida: o controle central é, no Ocidente, invenção moderna. À luz desse fato, não tem sentido atribuir o mesmo peso a uma lei moderna e a uma lei antiga cujo conteúdo verbal seja semelhante. A idéia mesma de uma lei uniforme para toda a nação surge por obra dos humanistas, que promovem a restauração do Direito Romano com sua concepção de unidade sistêmica, totalmente ignorada na mixórdia do direito local e consuetudinário vigente na Idade Média. Ora, sem lei uniforme é contra-senso falar de totalitarismo. Não deixa de ser elucidativo que o país europeu que mais se conservou imune a qualquer tentação totalitária, a Inglaterra, fosse também aquele que mais conservou os direitos medievais, por confusos que fossem, preferindo a confusão da variedade ao risco de uma unidade tirânica.

Que pudesse haver tiranias locais e diferenças de maior ou menor autoritarismo de época para época é um fato que não as torna de maneira alguma “sementes” do totalitarismo moderno, pois não há relação causal ou continuidade entre uma coisa e outra. Quando mais não fosse, pela razão seguinte: nenhuma dessas tiranias jamais se legitimou através de uma teoria, de uma doutrina, que pudesse permanecer após o fim do regime e influenciar as gerações seguintes. A continuidade de um “modelo” supõe a continuidade da sua fórmula ideal, e a fórmula ideal do governo absoluto só surge mesmo no Renascimento, vinda da fusão do novo modelo do déspota oriental, que enfeitiçava todas as consciências, com o princípio de ordenação racional trazido pelo direito romano e pelas novas concepções científicas. O totalitarismo no fim das contas é isso: despotismo científico. Quando Tocqueville assinala o parentesco entre o totalitarismo e a ilusão de saber tudo, ele acerta na mosca: sem a idéia da ciência total não há legislação total, nem portanto governo totalitário.

A resposta, portanto, é não. Não há em toda a história ocidental antes do Renascimento nada que se assemelhe ao totalitarismo moderno.

Veja todos os arquivos por ano