A satanic joke

Olavo de Carvalho

Jornal do Brasil, June 12, 2008

The other day a friend asked me if I had noticed that, within a single generation, forms of conduct described by psychiatry as neurotic or even psychotic have become accepted as normal. Not just normal – I responded – but normative, laudable, and obligatory. The next steps are: (a) marginalize and criminalize every reaction of revulsion, (b) make revulsion psychologically impossible, expelling it from the repertoire of conduct admitted by society.

Only unconcealed paranoia could allow, for example, a country where there are 50,000 homicides every year, spread over the whole territory of eight and a half million square kilometers, to describe the murder of 120 homosexuals as a wave of homophobic genocide. However, it is only necessary for someone to appeal to such a statistical comparison and instantly, among cries of revulsion and tears of indignation from the crowd, he is accused of homophobia and of being an apostle of genocide. The idea of comparing the number of gays who are murdered with those who are murderers, scientifically indispensable for distinguishing between a threatened group, a threatening group, and a group that is neither one or the other, ends up being so offensive that the mere temptation to suggest it is sufficient for one to be prosecuted for homophobia, without the law even having to prove it.

Likewise, Mr. Luiz Mott alleges as proof of generalized anti-homosexual hatred, some ninety cases of aggressions against homosexuals that have occurred in the space of four months in São Paulo, but who dares to compare that number with the number of aggressions committed by the very gay militants themselves in only one day of the Gay Parade in the same city? Applying the statistical criteria of Mr. Mott, we would say that gays are a danger to the public. The conclusion is absurd, but no more absurd than claiming that they themselves are in danger.

A sense of proportion being prohibited, and the hysterical posturing and hyperbolic paranoia in favor of interest groups become absolute civic obligations. Insanity becomes obligatory, and whoever refuses to be contaminated by it is a criminal, a reprobate, a lunatic who is unable to live in society.

The President of the Republic recently participated in emergency forums regarding this psychotic stupidity, declaring that any and all opposition to homosexualism is “the most perverse illness that ever entered the human mind”.

He reinforces his words, insisting in appearing in official ceremonies with Mr. Luiz Mott at his side, the same individual who talks about pornographic art while embracing the statue of a naked baby of the male sex, transmitting in a not at all subtle manner the idea that babies are, or should be made into, objects of sexual desire like anyone else (if you don’t believe it, verify it at http://www.youtube.com/watch?v=FlmfZdyk2YA).
The propaganda of pedophilia is more than evident here, but, upon decorating Mr. Mott for “cultural merit” (as if he himself had merit or culture), Mr. Lula throws all of the weight of his presidential authority in a cynical bluff that forces us to deny what we see, and to believe instead the official pretense of elevated humanitarian and cultural intentions. There is no greater arrogance than demanding that a human being sacrifice his conscience, his intelligence, and even his capacity of sense perception on the altar of the absurd. “In the end, who are you going to believe, me or your own eyes,” Groucho Marx used to ask. When the joke is transformed into reality, humor becomes a satanic farce.

Totally oblivious to the grotesque nature of his performance, the lunatic ascends the chair and gives lessons in psychiatry, categorizing as “sick” those who think there is something wrong about eroticizing an image of a baby, and even proposing, as therapy, to imprison all of them.

And there are those who think that it is possible to have a rational, polite discussion with people like Messrs. Lula and Mott…

Translated from the Portuguese by Matthew Cullinan Hoffman

http://www.lifesitenews.com/ldn/2008/jun/08062509.html

(see Matthew Cullinan Hoffman’s comments at http://www.lifesitenews.com/ldn/2008/jun/08062510.html).

O queridinho da elite global

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio (editorial), 12 de junho de 2008

Nada mais significativo do retardamento mental brasileiro do que a insistência mecânica, repetitiva, psicastênica, no mote: “Estarão os EUA maduros para aceitar um presidente negro?” A chantagem psicológica embutida nessa pergunta é tão óbvia, tão grosseira, tão primária (“ou você vota em Obama ou confessa que é racista”), que por aqui até mesmo os mais devotos porta-vozes do candidato democrata procuram evitá-la, deixando-a para jornaizinhos de estudantes e grupos de esquerda sem a mínima expressão eleitoral. Tomando como modelo o discurso desses jornaizinhos, a “grande midia” nacional revela todo o seu provincianismo, a sua radical incapacidade de superar os slogans anti-americanos mais bobocas dos anos 50.

Afinal, por que os americanos deveriam, só para provar “maturidade”, eleger presidente o representante de uma comunidade étnica que mal chega a doze por cento da sua população? No Brasil, os negros e afrodescendentes são quase metade do contingente demográfico, e nunca um deles foi comandante das Forças Armadas nem ministro das Relações Exteriores. Nem mesmo candidato à presidência. Em Cuba jamais houve sequer um ministro negro, mas o estoque de negros nas prisões é um dos mais altos do mundo.

O que singulariza o sr. Barack Obama e explica a onda de badalação em torno dele não é a cor da sua pele, nem a soma de seus duvidosos talentos. Alan Keyes – meu candidato, se eu votasse nas eleições americanas – é duas vezes mais preto que ele, mil vezes mais culto e dez mil vezes mais honesto, e nem por isso deixou de ser boicotado ao ponto de ter de sair do Partido Republicano e lançar-se como candidato independente. Embora tenha considerável apoio entre os conservadores, foi excluído de todos os debates e jamais aparece na “grande mídia”.

As diferenças específicas do sr. Barack Obama são as seguintes:

1. Desde William Z. Foster e Earl Browder, que na década de 40 concorreram pelo Partido Comunista e tiveram votações irrisórias, Obama é o esquerdista mais radical que já se apresentou a uma eleição presidencial americana.

2. Ele apóia todas as medidas globalistas voltadas à destruição da soberania americana. Os círculos globalistas devolvem a gentileza, financiando-o generosamente.

3. Ele é o primeiro candidato presidencial que se apresenta com uma biografia nebulosa, contraditória e, a rigor, incompreensível, sendo menos uma pessoa historicamente identificável do que um amálgama de lendas e subterfúgios capaz de se amoldar às projeções mais desencontradas que a imaginação do eleitor possa lançar sobre ele. É, em toda a extensão do termo, uma figura construída, um fantoche.

4. Ele é o primeiro candidato presidencial americano que jamais teve um emprego produtivo. Só trabalhou como ativista. É um comedor de subsídios por natureza, e não espanta que seu programa de governo consista essencialmente de quatro coisas: aumentar impostos, elevar as despesas estatais até às alturas da catástrofe pura e simples, estrangular a indústria americana por meio de mais leis restritivas e bloquear sob lindos pretextos ecológicos a exploração de petróleo, tornando os EUA ainda mais dependentes da OPEC.

4. O círculo de proteção erigido em torno dele pela grande mídia é tão sólido que mesmo sucessivamente desmascarado pelas mentiras tolas que profere e pela revelação de suas ligações com toda sorte de terroristas e vigaristas, ele continua sendo tratado como alma pura e santa. Tal como Lula, ele foi adotado pela elite globalista e investido do dom da impecância eterna, imune à sujeira da sua vida real, que todo mundo conhece mas que é proibido levar em conta. O manto de proteção estendido sobre ele chega mesmo ao Brasil, onde até um colunista supostamente conservador como Ali Kamel canta louvores ao candidato com base tão-somente nas suas intenções declaradas, abstraindo, como se fossem zeros à esquerda, toda a sua atividade anterior e os inumeráveis trechos francamente racistas dos seus dois livros.

5. Somado a essas qualidades, o fato de ser negro é somente um detalhe útil, que não precisa nem deve ser explorado muito abertamente. A chantagem é tanto mais eficiente quanto mais sutil.

Questão de sobrevivência

Olavo de Carvalho

Visão Judaica, 12 de junho de 2008

Arnold Toynbee dizia que as civilizações perecem estranguladas pela dupla pressão de um “proletariado externo” e de um “proletariado interno”. Não sei se como teoria histórica isso vale alguma coisa, mas Toynbee não foi somente um filósofo da História: foi também e principalmente um colaborador dos círculos globalistas interessados em criar um governo mundial. Se o esquema de A Study of History não serve para explicar o que se passou ao longo dos milênios, vem servindo muito bem como guia para o empreendimento de destruição sistemática das soberanias nacionais – de todas as soberanias nacionais, mas especialmente daquelas duas que mais podem oferecer obstáculo às pretensões globalistas: a dos EUA e a de Israel.

Enquanto as demais nações cedem alegremente o controle de seus assuntos internos mais importantes para organismos internacionais aos quais a sua população não tem o menor acesso, aquelas duas continuam exercendo o direito tradicional de tomar suas próprias decisões. Faltando o proletariado externo e interno que possa destruí-las, o poder globalista se apressa em fornecer artificialmente essa dupla carga explosiva, de um lado financiando a rede mundial de ONGs com a função de gritar dia e noite slogans anti-americanos e anti-israelenses, de outro fomentando a imigração legal e ilegal em termos “multiculturais” que não podem ter como resultado senão a dissolução dos sensos de identidade das nações hospedeiras, mais dia menos dia.

Os motivos para a resistência americana são bem claros: os EUA criaram a maior, a mais estável, a mais próspera e a mais duradoura democracia que o mundo já conheceu, e o fizeram sem nenhuma ajuda de organismos internacionais, os quais, ao contrário, dependem da contribuição americana em quase tudo. E os EUA têm uma Constituição que não permite ao seu presidente ceder um milímetro cúbico da soberania nacional a quem quer que seja – Constituição que não é só um documento jurídico, mas a fonte viva do senso de orientação dos americanos em inumeráveis situações da vida.

Israel, porém, tem muito mais que isso: tem cinco milênios de História, tem a consciência da sua missão no mundo e tem a lembrança de sofrimentos horríveis que jamais teriam podido lhe ser impostos se não fosse a sua condição de povo nômade, obrigado a lutar pela vida “in partibus infidelium“.

Embora muitos judeus hoje em dia, sobretudo nos círculos intelectuais elegantes, sejam idiotas o bastante para ignorá-lo ou cínicos o bastante para fingir que o ignoram, o fato é que a defesa da soberania territorial de Israel é uma questão de sobrevivência não só para os seus habitantes, mas para todos os judeus espalhados pelo mundo. E, junto com a soberania territorial, vêm todas as demais formas de soberania: militar, jurídica, diplomática, etc. Qualquer concessão que Israel faça às pressões do globalismo, por mínima que seja, coloca em risco o futuro do povo judeu inteiro. Principalmente quando essas pressões, exercidas por meio de um arremedo de “proletariado externo” regiamente subsidiado por banqueiros internacionais, alegam agir em defesa de um “proletariado interno” que por sua vez é uma farsa no sentido mais pleno da palavra. Os únicos “palestinos” que algum dia existiram são os próprios judeus. Todos os outros são uma fabricação grotesca inspirada na fórmula de Toynbee.