Leituras

Educação X Marxismo

Pedro Paulo Rocha
pedroprocha@netpar.com.br

5 de agosto de 2001

            A influência da psicanálise tem sido considerável na educação. A visão psicanalítica foi adotada, inclusive, pelos marxistas, que hoje dominam praticamente toda a área do ensino, não só no país, como em grande parte do mundo ocidental. Eles compreenderam que atingiriam melhor os seus propósitos, ainda que a longo prazo, se “fizessem a cabeça” dos jovens.

            Isto levou grupos que ambicionam subjugar as massas e incutir-lhes suas doutrinas, a ter, como objetivo prioritário, o domínio de todas as instituições através das quais poderia controlar a vida intelectual da sociedade, em particular as escolas, universidades e a mídia. Assim, a educação assumiu um cunho nitidamente político, alvo de todos os grupos sectários ou religiosos.

            Um dos exemplos mais fragrantes se deve ao pedagogo Paulo Freire, que ficou famoso por seus métodos, destinados preferencialmente à alfabetização de adultos, em especial operários e camponeses. Conforme revela o dominicano frei Beto, em pronunciamento por ocasião de sua morte, “a pedagogia que defende tem por fim a conscientização“. (* O Globo, maio/1997) O primordial não seria a alfabetização, mas sim “a formação de uma consciência das relações sociais“, segundo exposto na sua obra “A Pedagogia do Oprimido“, evidentemente ensinada sob a ótica marxista. Ou, como afirmou o padre Júlio Lancelloti, que oficiou a missa de corpo presente: “Paulo Freire nos ensinou que a educação é um ato político“. Poderíamos melhor dizer, que transformaram a educação em um ato político, em que ela é usada para doutrinar politicamente o aluno.

            Com resultado, a impressionante constatação de que, nas décadas de 60 e 70, “não havia quarto de adolescente pequeno burguês, ou de filhinho de papai, que não tivesse na parede o rosto do Guerrilheiro Infeliz – Che Guevara – ao lado dos quatro Beatles“. (* O Globo, 29/9/96) Situação induzida por seus professores, nas salas de aula. Aliás a inexplicável atração que a rebeldia exerce sobre artistas, estudantes e intelectuais, “provocou a maior peregrinação de celebridades à região zapatista, situada em plena selva, no México, e que se tornou a nova Meca da esquerda. Eles vão se confraternizar com o último foco de resistência armada ao neoliberalismo da América Latina“. (* Globo 12/maio/96)

            O mais surpreendente neste contexto de boas intenções, e a exigência destes “intelectuais” de se suprimir todo o tipo de censura, sob a estulta alegação de preservar a liberdade de expressão. A conseqüência mais imediata é a divulgação de técnicas de construção de bombas e atentados biológicos, através da Internet, propiciando a expansão dos atos terroristas que, durante os últimos meses de 1996, passaram a ameaçar até Curitiba e Rio de Janeiro.

            Foi na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro que o ex-terro­rista Gabeira promoveu o “abraço a lagoa”, em defesa da “soberania nacional” e da “reserva de mercado”, e contra os contratos de risco na exploração do petróleo. O deputado Gabeira, que participara do seqüestro do embaixador americano, é o eterno defensor de idéias exóticas, como a liberação da maconha, a oficialização do nudismo e o casamento entre gays. Naquela instituição, durante a década de setenta, foi promovida a maior perseguição universitária aos professores que antagonizavam o marxismo. Ação por mim prevista, em carta dirigida em 1973 ao padre Mac Dowell, então reitor daquela universidade, e em denúncia entitulada “A já não mais velada ameaça marxista”, ambas ignoradas. O que lhe custou, pouco tempo depois, a demissão, por exigência destes grupos, que cobraram o seu afastamento quando, tardiamente, pretendeu conter seus excessos.

            O processo evoluiu “usando uma tática simples: expurgaram os adversários até que eles constituíssem uma minoria e dai por diante passaram a resolver todas as questões pelo ‘voto democrático’, obedecendo altaneiramente a vontade da maioria”. (JB 13/5/79) Iniciaram minando progressivamente as bases, alijando principalmente todos os professores militares, oriundos do IME, que tinham construído o Centro Técnico Científico, concluindo com a demissão daqueles que ocupavam cargos de maior destaque, como os professores Anna Maria Moog e Antônio Paim, do departamento de Filosofia, Aroldo Rodrigues, diretor do departamento de psicologia e Arthur Rios, diretor do departamento de Sociologia, a pretexto de restruturação do ensino. Foram afastados, inclusive, dois professores da área biomédica que tinham sido citados no livro “Brasil Nunca Mais”, como envolvidos em colaboração com a repressão política, um deles o Dr. Rubens Janini, numa condenação sem julgamento e sem direito à defesa. Era a prática do que se poderia chamar de “aplicação unilateral da anistia”, porque, simultaneamente, conhecidos terroristas, envolvidos em assaltos a bancos, seqüestros, assassinatos e guerrilhas, eram recebidos de braços abertos, em cargos de projeção, por todo o país.)

            Este é o grande perigo da ingerência política na educação: impedir que o aluno forme a sua própria consciência, robotizando-o e incutindo-lhe preceitos doutrinários.

            Não foi, portanto, atoa que as Igrejas católica e metodista implantaram uma vasta rede escolar. Esse fator foi muito usado não só pelos regimes totalitários, como foi o caso da Alemanha, onde os nazistas criaram a juventude hitleriana, e na URSS, em que o Partido Comunista controlava a educação com mão de ferro. Mas também o é, disfarçadamente, por todos os grupos que ambicionam o poder. Se os marxistas já haviam entendido isso, desde cedo, e se infiltraram no corpo docente das escolas e universidades, os psicanalistas não ficaram atrás. Intervieram abertamente na educação, procurando introduzir seus conceitos.

            Muitas lideranças terroristas, por exemplo, são constituídas, classicamente, por professores universitários. Yasuo Hayashi, o mais procurado líder da seita Verdade Suprema, de 38 anos, foi Ministro da Ciência e Tecnologia do Japão. Era o responsável pela fabricação do gás sarin que, em 20 de março de 1995, matou 12 pessoas e intoxicou mais de cinco mil, em um atentado no metrô de Tóquio. O famoso terrorista Unabomber, procurado durante muitos anos por ser o responsável por inúmeros atentados nos EUA, era nada mais nada menos que o professor universitário Theodore John Kaczinki. O sanguinário Pal Pot, que assassinou milhões de pessoas no Laos, se formou no famoso Quartier Latin. Foi dos bancos das universidades saíram inúmeros militantes do Tupac Amaru e do Sendero Luminoso, que abraçaram a luta armada, sob inspiração maoista, no Peru.

            O que leva um “intelectual”, com formação superior, a praticar atos terroristas que atingem centenas de vítimas inocentes e encaminhar seus alunos para sendas tortuosas? A única explicação talvez seja que “a atividade intelectual e científica, em geral, estreita a mente, ao invés de alargá-la, por força da crescente especialização dos fatos, conceitos e técnicas. A medida que eles se aprofundam, o seu alcance diminui“.(* Christian de Duve – Poeira Vital)

Extraído do livro “A Psicanálise no Divã”

Cérebros lavados e enxaguados

Percival Puggina
puggina@via-rs.net

5 de agosto de 2001

Sempre que se fala de Cuba surge a idéia de um sistema de ensino universalizado e gratuito. Isso é verdade. Todas as crianças em idade escolar estão em sala de aula, seja no ensino fundamental, seja no ensino médio. Uma percentagem que deve andar na ordem dos 30% (e já foi bem maior do que isso) dos estudantes que concluem o nível secundário, ingressam na universidade, também ela gratuita.

Guardo dúvidas, porém, sobre a qualidade desse ensino. O nível cultural das pessoas com as quais se conversa nas ruas, embora superior ao que se percebe no Brasil, é evidentemente inferior ao que se vê, por exemplo, na Argentina e no Uruguai. E o grau de informação da sociedade, em virtude do absoluto controle do Estado, chega ao nível da incubação. Aliás, para definir Cuba, incubação é uma boa palavra.

Durante minha estada, os dois jornais locais (Granma, do Partido Comunista, e Juventud Rebelde, da juventude comunista) noticiavam em manchete que Fidel prometera colocar um televisor e um computador em cada escola durante o ano de 2002. Ora, um televisor sem videocassete, para assistir os dois canais estatais, é pior que nada, e um computador não é exatamente um laboratório de informática. De fato, conversando com estudantes, isto salta aos olhos: eles não têm a menor idéia sobre o que seja um computador. Que qualidade terá um sistema de ensino contido por tais carências?

Por outro lado, o III Congresso Pioneril (congresso das criancinhas comunistas), cujo encerramento presenciei, me forneceu prova cabal de que a amplitude do sistema educacional é impulsionada pela necessidade de universalizar a manipulação da infância e da juventude para as causas do regime e da revolução. Era de se ver o ardor revolucionário e o conteúdo ideológico que aqueles meninos e meninas com até 10 anos de idade expressavam em discursos cuja veemência e vigor deixariam constrangidos muitos deputados da esquerda local. Cérebros infantis lavados e enxaguados em sala de aula!

Aquilo me assustou. E me assustou mais ainda porque percebo o empenho que hoje se faz no ensino público do Rio Grande do Sul, na mesma direção, e contra o pluralismo, seja através da Constituinte Escolar e dos materiais enviados pela SEC à rede de ensino, seja pela manipulação dos concursos públicos, usados para seleção ideológica dos futuros “trabalhadores em educação”. Nos limites do possível, também aqui se tenta, por vários mecanismos, manipular os corações e as mentes infantis.

Percival Puggina é arquiteto, político, escritor, presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e de Administração Pública.

A Polícia Vermelha do Rio Grande do Sul

Denúncia do Major Aviador Cleber Neves Júnior

COMANDO DA AERONÁUTICA
BASE AÉREA DE SANTA MARIA
ESQUADRÃO DE COMANDO

Parte n.º 037/EC Santa Maria, 1 de agosto de 2001.

Do Comandante

Ao Sr. Comandante da BASM

Assunto: Ocorrência policial

Participo a V. Sa. os fatos ocorridos na noite de domingo, dia 30 de julho de 2001, às 23 h 20 min, dos quais fui vítima de extorsão, abuso de poder e constrangimento ilegal, na presença de familiares e amigos.

1. Ao ser parado por uma Blitz realizada por fiscais do Departamento Municipal de Trânsito de Santa Maria, localizada na Rua Serafim Valandro, altura do nº 1372, fui abordado pelo Agente Municipal de Transito, Sr. André Luiz Gonçalves do Nascimento, RG nº 2055883868, que solicitou-me os documentos pertinentes. Foram-lhe entregues o documento de porte obrigatório, a habilitação e minha identidade militar. De posse destes, o referido Agente passou a fazer uma verificação minuciosa na documentação fornecida e no estado geral do veículo. Após quase dois minutos parado, o Agente me entregou o documento de porte obrigatório ordenando que o mesmo fosse retirado do invólucro plástico transparente, o que foi prontamente atendido sem ressalvas de minha parte.

2. Ao receber o documento de porte obrigatório, o Agente me informou que eu seria autuado por estar com um passageiro sem o cinto de segurança. Fato que gerou grande espanto, inclusive nos passageiros de meu veículo, pois todos estavam usando o referido equipamento de proteção. Nesta ocasião, questionei educadamente sobre quem estaria sem o devido cinto de segurança, até porque iria prontamente chamar a atenção do suposto passageiro no sentido de educá-lo para segurança de sua própria vida. Sempre acreditando que esta seria a principal meta daquela fiscalização. Sem a resposta do Sr André Luiz, o mesmo se dirigiu a outro Agente posicionado a pelo menos oito metros de distância de nossa localização e teve uma breve conversa com o mesmo. Ao retornar, informou que seu colega “achou que tinha visto alguém dentro do carro sem o cinto” e que iria autuar de qualquer maneira. Este fato passou a nítida impressão da total falta de preparo para o serviço, além de grave falha de caráter, na medida em que forjou uma infração tentando justificá-la com a incerteza de outro Agente. Salvo melhor juízo, acredito que a atitude abusiva do Agente, Sr. André Luiz G. do Nascimento, coincide com a tipificação criminal de extorsão.

3. Ainda chocado com o ocorrido, desci do automóvel e perguntei ao Agente quem era o responsável por aquela Blitz, com o intuito de reportar ao mesmo a gravidade da atitude do Agente em tela, ao que fui respondido já de forma desrespeitosa e provocante que “não havia nenhum responsável e que todos eram iguais“. Mesmo assim, perguntei novamente ao Agente quem seria o ocupante acusado de estar sem o cinto, com o objetivo de fundamentar meu recurso. Pergunta que foi prontamente ignorada, assim como todas as outras formuladas durante o transcorrer dos fatos.

4. Diante da total falta de respeito e arbitrariedade reinante naquele local, decidi buscar ajuda, ligando de meu Celular para o Delegado de Polícia Civil, Dr. Antônio Firmino de Freitas Neto, com o qual possuo relações funcionais em decorrência de meu cargo, solicitando-lhe orientações face ao desenrolar dos acontecimentos. Neste instante, fui abordado violentamente pelo referido Agente que gritou “…é bom mesmo chamar este Delegado aqui porque vai precisar…“. Nesta mesma abordagem, ainda aos gritos, o referido Agente se aproximou de “peito estufado” a apenas alguns centímetros de minha pessoa e em atitude extremamente provocativa, ordenando aos berros que eu abrisse o porta-malas de meu carro para a verificação dos equipamentos obrigatórios, dizendo ainda que não iria fazer a autuação do cinto mas que iria ver “tudo dentro do carro“. Com isto, disse ao Agente que ele poderia ver tudo dentro do carro, mas deveria primeiro informar quem estava sem cinto, e que moderasse a voz porque ele não estava tratando com nenhum moleque e sim com um Major da Aeronáutica. Tudo isto acontecendo ao lado de minha esposa, minha filha de quatro anos de idade e um casal de amigos que permaneciam no carro. Ao dizer isto, todos os outros Agentes envolvidos na Blitz correram ao meu encontro e me cercaram como se fossem partir para a agressão. Neste exato instante, dois soldados da Brigada Militar, de nomes Gustavo e Robson, apareceram do lado de dentro do bloqueio, aos quais prontamente me identifiquei, informando-lhes o que estava acontecendo. Durante este relato, o Agente André Luiz se retirou de minha presença, sacando do talão de multas e começou a preencher uma autuação por “desobedecer as ordens do Agente” e “dificultar a fiscalização“. Tudo em flagrante delito de abuso de poder e constrangimento ilegal, forjando uma nova situação mentirosa, visto que em nenhum momento lhe foi negado a verificação dos equipamentos obrigatórios. Fato presenciado pelos soldados da Brigada Militar.

5. Como o meu celular ficou sempre ligado, voltei a falar com o Delegado Firmino sobre os procedimentos a respeito da queixa crime que eu iria apresentar contra o Agente na Delegacia de Polícia da Rua Andradas. Novamente o Agente André Luiz arremeteu contra minha pessoa, ainda mais provocativo, interrogando “você está me ameaçando?…“. Pergunta a qual não dei crédito, devido ao absurdo da mesma, além da provocação intrínseca . Apenas me virei de lado e continuei minha conversa ao telefone.

6. Por ter ouvido grande parte do diálogo pelo telefone, e por estar em viagem naquele momento, o Delegado Firmino pediu-me para falar primeiramente com o soldado mais antigo da Brigada e depois com o Agente André Luiz. Em relato do Delegado sobre sua conversa com o Agente André Luiz, este teria lhe dito que “realmente seu colega não tinha certeza sobre ter visto ou não alguém sem o cinto e que não poderia voltar atrás sobre a autuação da desobediência por já ter começado a escrevê-la, senão estaria passível de um processo administrativo“, ao que foi respondido que seria muito pior um processo criminal devido a inverdade dos fatos.

7. Fato relevante de mencionar foi a falta de um supervisor naquele local, que poderia certamente ter evitado tamanho abuso e arbitrariedade, além do comportamento hostil dos outros Agentes que, com extremo corporativismo, reforçaram as atitudes de seu colega em flagrante delito. Foram ouvidas frases como: “…esses caras da Base são todos folgados…“, ” … aqui fora você não é nada! Tu só manda alguma coisa lá dentro!…“. Como formavam uma verdadeira turba, não pude identificar os autores.

8. Ressalto o grande constrangimento pelo qual fui acometido em frente à minha família e amigos, pois todos os Agentes envolvidos naquela Blitz deixaram de continuar com seus afazeres de fiscalização e permitiram um grande ajuntamento de transeuntes que puderam assistir ao grande “show” de abuso, arbitrariedade e autoritarismo contra a minha pessoa e a organização a qual pertenço.

9. Ao receber a autuação, solicitei ao Agente sua identidade funcional para fins de conhecimento dos dados necessários ao preenchimento da queixa crime, o que foi negado de forma desrespeitosa, apenas dizendo “todos os dados que você precisa estão escritos aí….“. Sendo assim, solicitei ao soldado da Brigada Militar que conseguisse os dados. O que foi fornecido com certa resistência pelo Agente.

10. De posse destes dados, compareci à Delegacia de Polícia e prestei queixa crime contra o Agente Municipal de Trânsito, o Sr. André Luiz Gonçalves do Nascimento, por abuso de poder e constrangimento ilegal quando do exercício de suas atividades.

Anexos:

– Cópia do Boletim de Ocorrência nº14154/2001, de 30 de julho de 2001; e

– Cópia do Auto de Infração de Trânsito nº 26630, de 30 de julho de 2001.

CLEBER NEVES JUNIOR – Major Aviador

Comandante do Esquadrão de Comando

Endereço eletrônico da vítima da polícia vermelha já implantada no Estado do Rio Grande do Sul clebermax@uol.com.br

Veja todos os arquivos por ano