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A paz como arma de guerra

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 12 de janeiro de 2009

Enquanto Hugo Chávez expulsa o embaixador de Israel e no Brasil o PT compara os israelenses aos nazistas, na Flórida a militância esquerdista sai às ruas e grita: “Judeus, voltem para o forno”.

Está aberta a temporada de caça.

Ninguém parece julgar isso de todo mau. Como é possível que, decorrido pouco mais de meio século do Holocausto, o ódio aos judeus vá aos poucos se incorporando novamente ao senso comum, como se fosse coisa decente, obrigatória, e dele dependessem as melhores esperanças de paz e liberdade para a espécie humana?

A resposta é simples: controle o fluxo de informações e terá o domínio absoluto das conclusões que o público vai tirar delas. Uma das regras mais elementares da ciência histórica é: a difusão dos fatos causa novos fatos. O fato desconhecido não gera efeitos. Se a maioria das distribuidoras de vídeos não tivesse bloqueado o acesso dos espectadores ao documentário Obsession (www.obsessionthemovie.com), se o vídeo www.israelnationalnews.com/News/News.aspx/129264 fosse exibido às massas, se no mínimo o direito de chorar seus mortos no horário nobre da TV não fosse um monopólio dos esquerdistas e terroristas, ninguém diria que a reação de Israel foi excessiva: todos entenderiam que foi justa, racional e tardia.

Para que esse desastre não aconteça, é preciso garantir que cada judeu explodido pelas bombas do Hamas seja enterrado duas vezes: uma no solo, outra no desconhecimento geral. Assim todo mundo fica com a impressão de que os judeus não estão defendendo a própria pele, apenas arrancando a de seus inimigos.

Também seria ingenuidade acreditar que o abismo crescente entre noticiário e realidade é o efeito espontâneo de um simples viés ideológico, de preferências subjetivas da classe jornalística.

Só para fins de comparação: as Farc, segundo se descobriu no famoso laptop de Raul Reyes, não são um bando de psicóticos enfurnados na selva – são uma organização mundial, com uma rica e eficiente rede de apoio em 29 países. Mutatis mutandis, quantos colaboradores têm o Hamas e o Hezbollah no Brasil, nos demais países da América Latina, nos EUA e na Europa? Quantos deles são agentes de influência colocados em postos decisivos das empresas jornalísticas para dar a impressão de que é normal chamar os judeus de nazistas e no mesmo ato sugerir enviá-los de volta aos campos de concentração? Ninguém vai jamais investigar isso em profundidade, dar nomes, responsabilizar criminalmente os desgraçados? Até quando a mídia continuará sendo a principal arma de guerra assimétrica e posando de observadora neutra, no máximo um tanto preconceituosa?

Claro, existem sempre os idiotas úteis, que repetem o que ouvem dizer. Mas a idiotice em estado bruto é inerme. Para tornar-se útil ela tem de sofrer um upgrade. Não se pode explicar um preconceito geral pela simples propagação automática, sem que alguém tenha deslanchado o processo. E quem o deslanchou sabe exatamente aonde pretende chegar com ele.

Lênin já explicava que o terrorismo não é jamais um objetivo em si mesmo, que suas finalidades só se cumprem quando os ataques cessam e as conquistas obtidas são sacramentadas na mesa das negociações. A transição depende, na sua quase totalidade, das disposições da opinião pública. Quando o povo está cansado de guerra, está na hora de o lado militarmente mais fraco ofecerer a paz ao mais forte em troca de vantagens políticas. A mídia é o instrumento-chave dessa mutação. Respaldada por ela, a equipe de governo de Barack Hussein Obama já oferece ao Hamas a oportunidade de transformar a derrota em vitória por meio do “diálogo”. Nenhuma organização terrorista aspira senão a isso: ser transmutada de bando de criminosos em organização política decente, portadora dos méritos da “paz”. Por isso mesmo a guerra assimétrica é chamada, tecnicamente, de “a derrota do vencedor”. Sob a pressão da mídia mundial, Israel arrisca-se a cair nesse engodo pela milésima vez.

Construindo a ditadura americana

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 9 de janeiro de 2009

Não há “crise de crédito” nem recessão nenhuma, mas os gastos do governo americano para remediar problemas inexistentes podem criar um problema real: a hiperinflação. Os EUA ameaçam menos repetir a sua crise de 1929 do que o destino da República de Weimar em 1922, quando era preciso uma cesta de dinheiro para comprar um pãozinho.

Estas são as conclusões de um relatório publicado pela firma de consultoria Celent. O autor do estudo, Octavio Marenzi, é freqüentemente citado como fonte pelo Economist, pelo Financial Times e pelo Wall Street Journal. Antes de fundar a Celent, ele foi chefe do departamento de Tecnologia da Informação do Union Bank de Zurique e consultor do Booz, Allen & Hamilton’s Financial Services Group na Europa e nos EUA.

Ele afirma que os diagnósticos apresentados ao público pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, e pelo presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, são integralmente desmentidos pelas estatísticas oficiais dos órgãos que eles mesmos dirigem.

Em setembro, quando persuadiu o presidente Bush a liberar 700 bilhões de dólares em verbas de emergência, Paulson disse que o sistema financeiro estava “paralisado”, que os mercados de crédito haviam “congelado” e que os empréstimos entre bancos tinham se “reduzido substancialmente”. Bernanke afirmou que os negócios estavam enfrentando “reduzido acesso ao crédito”.

Tudo isso é cem por cento falso. As tabelas da Secretaria do Tesouro e do Federal Reserve mostram que, em vez de diminuir, a oferta de dinheiro aumentou – e aumentou numa velocidade jamais vista antes na história americana: 74 por cento em apenas 84 dias (15 por cento só no auge da “crise”). “Antes, observa Marenzi, esse salto aconteceria no curso de uma década ou mais.”

“Sem dúvida – prossegue –, um certo número de importantes instituições financeiras e de firmas industriais está em sérias dificuldades. No entanto, dificuldades de crédito que afetem um conjunto específico de firmas não é a mesma coisa que um problema no mercado de crédito como conjunto.” No geral, afirma Marenzi, este último estava funcionando muito bem. Se algum risco havia era o da hiperinflação – e a maciça injeção de dinheiro do governo só pode transformar esse risco numa realidade iminente.

O relatório está em http://www.celent.com/PressReleases/20081210/WhatCreditCrisis.asp. A conclusão de Marenzi é que Paulson e Bernanke deformaram os fatos “para justificar um acréscimo sem precedentes da intervenção governamental nos mercados”. Mas os dois não fizeram isso sozinhos: a grande mídia inteira os ajudou, endossando suas palavras e abstendo-se meticulosamente de conferi-los com os dados publicados pelas instituições que eles chefiam. Foi justamente por ver que os jornalistas não cumpriam sua função que a Celent decidiu cumpri-la em lugar deles.

No entanto, é claro que os riscos não se limitam à hiperinflação. O anúncio espalhafatoso de uma crise inexistente deslancha, por si mesmo, uma crise real. O gráfico mostra claramente que a oferta de crédito caiu significativamente depois da Lei de Estabilização Econômica assinada em 3 de outubro (Emergency Economic Stabilization Act). Mas, se o remédio foi tão manifestamente culpado por reduzir ao estado de coma um paciente que estava são, não se pode dizer que esse fenômeno não teve precedentes na história da economia americana. Num discurso pronunciado em 8 de novembro de 2002 na Universidade de Chicago, o próprio Bernanke confessou que a Grande Depressão de 1929-1933 não foi causada pela ação espontânea dos fatores econômicos, mas pelo intervencionismo nefasto do Federal Reserve. O discurso foi feito na cerimônia de homenagem ao nonagésimo aniversário de Milton Friedmann – o economista que ao longo de décadas, contra tudo e contra todos, vinha responsabilizando o Federal Reserve pela crise de 1929. Agora era um dos diretores do próprio Federal Reserve que confessava publicamente as culpas da instituição. Mas nem sempre a confissão é um ato sincero de repúdio ao crime. Pode haver nela uma ponta de orgulho secreto, que prenuncia a reincidência. Decorridos seis anos, com Bernanke na presidência, o Federal Reserve está de novo criando uma crise do nada, e, como diz Marenzi, novamente “para justificar um acréscimo de intervenção governamental nos mercados”.

Mas, se é assim – e, depois de olhar a tabela anexa, não imagino como possa ter sido outra coisa –, então resta a pergunta: foi George W. Bush quem mandou Paulson e Bernanke fazerem isso? Por que um presidente que está nos últimos dias do mandato buscaria aumentar dessa maneira o poder do Executivo, se ele mesmo não poderá desfrutar dos novos instrumentos de comando? Obviamente, Bernanke e Paulson não estão entregando esses instrumentos nas mãos de George W. Bush, mas de Barack Hussein Obama. Trata-se de fazer com que o próximo presidente já assuma o cargo na condição de ditador financeiro.

Se a operação foi realizada na base do engodo e da ocultação premeditada de informações, não há nisso nada de estranho, de vez que a própria vitória eleitoral de Obama foi alcançada pelos mesmos meios: não há a menor dúvida de que, se a mídia armasse em torno do sumiço dos documentos de Obama um centésimo do escarcéu que fez quanto à gravidez da filha de Sarah Palin ou das multas de trânsito de Joe the Plumber, o candidato democrata não teria tantos votos. O eleitorado foi totalmente ludibriado quanto à identidade do homem em quem votava, substituída pelo símbolo “candidato negro”, como se tudo quanto os votantes precisavam saber do futuro presidente fosse a cor da sua pele – e qualquer curiosidade quanto aos capítulos incertos da sua biografia fosse crime de racismo: duas premissas que a mídia inteira adotou como cláusulas pétreas do seu manual de redação durante as eleições.

Se duas gigantescas operações de desinformação são empreendidas simultaneamente, uma para forçar o povo a escolher um candidato sem fazer perguntas, outra para ajudar esse candidato a subir ao cargo já com poderes incalculavelmente aumentados, só um idiota completo poderia supor que essas duas operações foram totalmente independentes, só unidas pela mera coincidência de um sincronismo junguiano ou de uma imponderável decisão divina.

Em compensação, é verdadeira a articulação das duas manobras com uma terceira, uma quarta e uma quinta, todas convergentemente destinadas a munir de poderes especiais o próximo presidente.

1) A mais óbvia de todas é invenção pessoal de Barack Hussein Obama: a menina-dos-olhos do presidente-eleito é o seu projeto de uma “força civil de segurança nacional”, militância estudantil armada, paga com o dinheiro dos contribuintes para atemorizá-los e persegui-los ao menor chamado do profeta ungido (v. http://www.ibdeditorials.com/IBDArticles.aspx?id=305420655186700).

2) Enquanto o diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Khan, advertia que as restrições de crédito para pessoas de baixa renda podem provocar distúrbios sociais, o próprio Paulson informava que o governo está preparado para enfrentar com a lei marcial as eventuais agitações e protestos que a “crise” venha a suscitar. Lei marcial significa suspensão dos direitos e garantias individuais.

3) Discretamente, alguns expoentes do pensamento militar americano preparam-se para jogar no lixo a lei Posse Comitatus, que desde 1878 proíbe o uso das Forças Armadas como instrumento de repressão interna. Um relatório do Instituto de Estudos Estratégicos do U.S. Army War College afirma explicitamente: “O Departamento de Defesa pode ser forçado a conter e reverter ameaças violentas à tranqüilidade interna. Sob as mais extremas circunstâncias, isso pode incluir o uso da força militar contra grupos hostis dentro dos EUA.” (V. http://www.newsmax.com/headlines/military_domestic_use/2008/12/23/164765.html?s=al&promo_code=763E-1). Alguns conservadores, num lance de humor negro, chamam isso de Posse Obamitatus.

Aqueles seres superiores que adquirem suas certezas da contemplação diária de um aparelho de TV devem sentir-se livres, sem nenhum ressentimento da minha parte, para desprezar a convergência lógica desses fatos como pura “teoria da conspiração”. Mas não impedirão que, ao 61 anos de idade, eu já tenha compreendido que a obsessão de parecer normal, equilibrado e mainstream é um sintoma de insegurança muito mal disfarçado.

Credibilidade fingida

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 7 de janeiro de 2009

Antes de levar muito a sério o que o Washington Post diz de Barack Obama e de seus críticos, é prudente levar em conta a seguinte advertência publicada pela ombudsman (ou, se quiserem, ombudswoman) do jornal, Deborah Howell, em 10 de novembro: “Os leitores têm constantemente acusado a falta de matérias investigativas (sobre Obama) e aquilo que enxergam como um viés em favor do candidato democrata. Minhas pesquisas mostram que eles têm razão nos dois pontos.”

Numa época em que a opinião pública americana em peso prefere antes acreditar na internet do que nos jornais (v. pesquisa em www.breitbart.com/article.php?id=081224183017.jxmbrdyb&show_article=1), é ridícula a afetação de auto-importância com que órgãos de mídia semifalidos, posando de donos da credibilidade e blefando em cima de um prestígio extinto, fingem desprezar os “blogueiros de direita”, acusando-os de inventar “teorias conspiratórias”. Se a obsessão de apelar ad nauseam a esse chavão infamante como pretexto para fugir a um confronto com a realidade já não bastasse para mostrar quem está fazendo jornalismo e quem está trapaceando, restaria o fato de que é vigarice pura e simples depreciar como mero “blog” um site de jornalismo eletrônico poderoso como o WorldNetDaily, que tem muito mais leitores do que o Washington Post jamais teve. Nada predispõe mais à ostentação verbal de supremacia do que um bom complexo de inferioridade.

Contra factum argumentum non est, “contra fatos não há argumentos”, ensinava Sto. Tomás. O establishment jornalístico americano (nem falo do brasileiro) não aprendeu até hoje essa lição. Tudo, absolutamente tudo o que se escreveu e se falou a favor de Barack Obama é baseado exclusivamente em dois argumentos: a importância simbólica da eleição de um negro e as grandes esperanças que esse símbolo desperta nas almas dos crentes. Todos os méritos de Obama, enfim, com exceção de suas inegáveis habilidades cênicas, são futuros. Não se poderia escrever e realmente não se escreveu uma só linha em louvor dele com base no seu passado político, pela simples razão de que as únicas realizações dele antes e durante a sua breve passagem pelo Senado foram coletar dinheiro para ONGs esquerdistas, escrever cartas em favor dos projetos imobiliários de seu parceiro Tony Rezko e ajudar o genocida Raila Odinga, seu parente, a conquistar o poder no Quênia. Podem procurar à vontade, não encontrarão mais nada. Esse é todo o currículo do salvador. Nunca se apostou tanto em capacidades jamais provadas.

Aquilo que se escreve contra é mais rico e variado. Noto aí pelo menos três linhas de ataque.

Há em primeiro lugar os que sondam a biografia ideológica de Obama em busca das constantes que formaram sua mentalidade. A documentação a respeito é abundante, muito bem pesquisada – principalmente nos livros de Jerome Corsi, David Freddoso e Steve Sailer – e o perfil que dela transparece é nítido: os ingredientes que o compõem são o comunismo, o terceiromundismo, o anti-americanismo e o racismo negro mais exacerbado. Nada de cristianismo, nada de Founding Fathers, nada de constitucionalismo americano. Filho de um militante comunista, Obama é um afilhado mental de Frank Marshall Davis, Saul Alinsky, Williams Ayers, Frantz Fanon, Malcolm X, James Cohen e Jeremiah Wright. Todas as suas opiniões sempre foram convergentes com as desses mentores, até que ele se lançou candidato à presidência e subitamente mudou de identidade, tornando-se moderado, patriota e apegado aos valores tradicionais da nação americana, só raramente deixando à mostra, por engano, algo do velho Obama enragé. Não há, em toda essa sondagem, nada que se assemelhe nem de longe a uma “teoria da conspiração”, mas o rótulo é invariavelmente usado para neutralizar qualquer veleidade de contrastar a vida do personagem com o seu discurso de campanha. Este tem de ser aceito como a última palavra, sem qualquer apelo indecente à realidade dos fatos.

Uma segunda linha de ataque é ilustrada pelo livro de Brad O’Leary, The Audacity of Deceit, e por uma infinidade de artigos na internet, que dos elementos biográficos disponíveis procuram deduzir a orientação do futuro governo Obama, concluindo que será uma catástrofe. Certo ou errado nas suas conclusões, esse tipo de conjeturação é perfeitamente legítimo, usual e até obrigatório em toda concorrência eleitoral. Também não vejo aí nada de “teoria da conspiração”.

Por fim, há aqueles que, fazendo abstração das discussões ideológicas, se atêm ao exame da carreira de Obama nos seus aspectos jurídicos e possivelmente criminais. Nenhum candidato presidencial jamais escapou de ser examinado sob esse ângulo, mas no caso de Obama a colheita é inusitadamente rica, e por isso mesmo o silêncio total que a grande mídia tem mantido a respeito, contrariando sua prática usual em todas as eleições anteriores – e mesmo nesta com relação aos adversários de Obama –, evidencia a ascensão generalizada de um partidarismo anormal, manipulador e criminoso na classe jornalística americana. É compreensível que os responsáveis por essa anomalia, denunciados pelos próprios leitores de seus jornais, reajam com quatro pedras na mão, apelando a estereótipos pejorativos para não ter de justificar o injustificável.

Vou lhes dar um exemplo que, pela própria miudeza, se torna significativo. Quando um eleitor comum, Samuel Wurzelbacher, mais conhecido como Joe the Plumber, espremeu Obama na rua com umas perguntas difíceis, a mídia americana inteira caiu de pau sobre o coitado, tentando desmoralizá-lo por meio informações ilegalmente colhidas pelo governo, que o pintavam como vagabundo e marginal com base em picuinhas como duas multas de trânsito não pagas. As multas de Joe the Plumber apareceram em todos os maiores jornais e noticiários de TV. Ao mesmo tempo, praticamente nada se leu ou se ouviu sobre o fato de que o próprio Obama deixara de pagar não duas, mas quinze multas de trânsito – depois pagas com dezesseis anos de atraso por um obamista anônimo (v. http://campaignspot.nationalreview.com/post/?q=M2ExMGI1YzRhZjg5NDcxYjY2Y2VhZGFiZmE1MDRlM2E=). Quando a fiscalização da mídia é mais severa contra o zé-ninguém do que contra um candidato presidencial, algo de muito errado está acontecendo. E, quando esse algo se repete uniformemente em quase todos os jornais e canais de TV, a única maneira de evitar a hipótese de uma conspiração ou coisa assim é apostar na intercomunicação telepática simultânea entre milhares de jornalistas.

Mas há ainda um quarto fator: as autênticas teorias da conspiração. Dizem que Obama é filho secreto de Malcom X, que Obama é um agente plantado pela KGB, que Obama é muçulmano em segredo etc. etc. Essas teorias não surgem de nenhuma alucinação coletiva, mas de uma causa bem razoável. Obama, como já lhes contei aqui, esconde por todos os meios uma série de episódios importantes da sua carreira. Esconde por meio da mentira direta (ao dizer, por exemplo, que nunca foi membro de um partido socialista, que nunca recebeu educação islâmica ou que nunca teve negócios com Tony Rezko), por meio da supressão de dezenas de documentos essenciais (a famosa certidão original de nascimento, as agendas do seu gabinete no Senado, etc. etc.) e por meio da falsificação pura e simples. Isso não é teoria da conspiração. São fatos. Mas esses fatos, por sua vez, são enigmas. Obama é o presidente eleito mais secreto e incognoscível que os EUA já tiveram – um caso único na história das eleições democráticas. Será de estranhar que, diante de tanta obscuridade, algumas pessoas se ponham a conjeturar hipóteses, e que essas hipóteses acabem sempre sugerindo algo de perverso, até sinistro? Quem tem o direito de espalhar mistérios e depois ficar indignado ante a proliferação de suposições conspiratórias geradas pela sua própria conduta esquiva e inexplicável?

Vejam com seus próprios olhos o alistamento militar da criatura, reproduzido em http://www.debbieschlussel.com/archives/2008/11/exclusive_did_n.html:

Notem a data da assinatura no canto inferior esquerdo (letra D em azul), 30 de julho de 1980, e, no canto superior direito (letra A em azul), o ano de impressão do papel: 08, isto é, 2008. O miraculoso Obama assinou o formulário 28 anos antes de impresso. Mais ainda, notem a data do carimbo no canto inferior direito (letra E em azul). É 29 de julho de 1980: o documento foi autenticado 24 horas antes de assinado. Para completar, a sigla no carimbo é USPO, United States Post Office. Mas esse carimbo já não era válido na data de assinatura do documento, muito menos 28 anos depois: a repartição mudou de nome para USPS, United States Postal Service, em 12 de agosto de 1970. Em suma: é olhar esse papel e cair na mais completa perplexidade. Quem, diante de tamanho descalabro, pode ficar tranqüilo e confiante, seguro de que o país está em boas mãos? Só mesmo os articulistas do Washington Post.

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