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Vilém Flusser e a dúvida cartesiana

Olavo de Carvalho

9 de abril de 2000

Agradeço a meu amigo Fernando Klabin ter-me chamado a atenção para o recém-publicado A Dúvida, de Vilém Flusser, filósofo judeu tcheco que viveu trinta anos no Brasil e escreveu em português vários livros de primeira ordem. Flusser, porque era um filósofo de verdade, permaneceu sempre um marginal em relação ao establishment uspiano e preferiu aproximar-se do grupo de Miguel Reale e Vicente Ferreira da Silva no Instituto Brasileiro de Filosofia. Não me espanta, e aliás muito me reconforta, que esse espírito superior tivesse me antecedido na linha de investigações que adotei ante o cartesianismo (v. 
Descartes e a Psicologia da Dúvida, nesta homepage). O livro A Dúvida, onde ele realiza esse exame fundamental, tinha permanecido inédito até agora. Ainda não o li e não sei como Flusser encaminha a investigação. Pelo que leio na excelente resenha de Gustavo Bernardo, parece que a diferença específica reside no fato de que ele propõe e intenta o “duvidar da dúvida” como uma meta ideal, como um capítulo seguinte na linha que vai de Descartes a Husserl, ao passo que eu asseguro que a dúvida da dúvida é simplesmente um fatopsicológico, que a estrutura mesma do ato de duvidar pressupõe duvidar da dúvida, algo que não foi percebido nem por Descartes nem por Husserl e cuja descoberta, até certo ponto ao menos, torna inviável o uso da dúvida sistemática como método filosófico. Flusser seria assim uma sentinela avançada da tradição cartesiana, enquanto eu me coloco decididamente fora dela e retorno ao método anamnético de Sto. Agostinho, no qual o cogito não surge como fundamento epistemológico, mas como simples momento no processo destinado a revelar o fundamento divino da autoconsciência humana. De outro lado, ele enfatiza a crença como ponto de partida da dúvida, ao passo que eu assinalo a presença de uma multidão de crenças afirmativas no próprio tecido interno do processo dubitativo. Parece que é isso, mas não sei. Vamos ler. O caso é apaixonante. E tudo o que Flusser disse merece ser ouvido com a maior atenção. – O. de C.

Resenha de A Dúvida por Gustavo Bernardo

O Globo, 28 de março de 2000

A Dúvida, de Vilém Flusser. Relume-Dumará 104 pgs. R$ 15.

‘Vilém Flusser foi um pensador vigoroso, denso e incisivo. Para ele, o pensar filosófico era uma urgência vital”. Assim Celso Lafer, no prefácio de “A dúvida”, define obra e personalidade do filósofo tcheco-brasileiro que escrevia em quatro línguas e pensava sempre como imigrante ou estrangeiro, permitindo-se perspectiva absolutamente original sobre textos, imagens e acontecimentos.

Flusser nasceu em 1920, em Praga, e morreu em 1991, em Praga; aos 20 anos fugiu dos nazistas para o Brasil, onde viveu 30 anos, para depois morar na França. Publicou mais de 30 livros – a maioria em alemão embora os tenha escrito também em português como “Língua e realidade” (1963), “A história do diabo” (1965), “Ficções filosóficas” (1998) e este “A dúvida”, inédito em qualquer língua e que é a síntese de sua obra.

Assim define Flusser seu mais espinhoso tema: “A dúvida é um estado de espírito polivalente. Pode significar o fim de uma fé, ou pode significar o começo de uma outra. Pode ainda, se levada ao extremo, instituir-se como ‘ceticismo’, isto é, como uma espécie de fé invertida. Em dose moderada estimula o pensamento, mas em dose excessiva paralisa toda atividade mental”.

Para haver a dúvida, é preciso haver pelo menos duas perspectivas, isto é, alguma dualidade. Antecedendo às duas perspectivas, é preciso que antes tenha havido “uma fé”. Logo, o ponto de partida da dúvida é sempre uma fé. Ora, o estado primordial do espírito é e tem de ser a crença, não a dúvida. A dúvida desfaz a ingenuidade e, embora possa produzir uma fé nova e melhor, esta não pode mais ser vivenciada como “boa”. As certezas originais, abaladas pela dúvida, são substituídas por novas certezas, mais refinadas e sofisticadas, porém não mais originais, exibindo a marca da dúvida que lhes serviu de parteira.

O último passo do método cartesiano, que nem Descartes nem Husserl se atreveram a dar, implica duvidar da dúvida. Flusser arrisca esse passo. Descartes, e com ele todo o pensamento moderno, aceita a dúvida como indubitável, e por isso não pode dar o último passo. A última certeza cartesiana, que o popularizou – “penso, logo, existo” – deve ser lida como: “duvido, logo, existo”. A certeza cartesiana é, para Flusser, a última certeza autêntica do pensamento ocidental, gerando as principais hermenêuticas da modernidade, não por acaso hermenêuticas da suspeita: marxismo e psicanálise.

A dúvida da dúvida é um estado fugaz do espírito e, também, um passo de Sísifo. Embora possa ser experimentado, ele não pode ser sustentado (como a pedra nas costas). Negando a si mesmo, vibra, indeciso, entre extremos opostos: ora o ceticismo absoluto, ora o positivismo ingênuo, do qual também só pode duvidar por princípio. A dúvida da dúvida impede qualquer descanso.

O caminho de Sísifo redemoinha-se se perseguimos a questão: por que duvido? Ora, porque sou. Então, duvido de que sou. Logo, duvido de que duvido, em última análise (abissal). Parece um jogo fútil de palavras, mas o pensamento contemporâneo reconhece vivencialmente esse dilema.

O retorno dos físicos a Deus e o apoio dos cientistas sociais em conceito tão vago como pós-modernidade indicam a beira do mesmo abismo. A problematização e o esvaziamento do conceito “realidade” acompanham o progresso, nessa medida perigoso, da dúvida. Nossa civilização construiu-se a partir da dúvida cartesiana, ou seja, dúvida limitada pelo cogito e, é claro, por Deus. Ultrapassar esses limites é experimentar o niilismo.

Confirmam o absurdo as reações desesperadas contra o absurdo. No campo da filosofia pululam os “neos”. Na ciência tentam-se reformular premissas em bases mais modestas. Na razão prática multiplicam-se seitas religiosas. Nas ciências sociais apela-se para o “pós-pós”. Na política ressurgem inautenticamente conceitos esvaziados.

É muito fácil ler nas palavras de Flusser ceticismo e apocaliptismo, para permitir oposição igualmente fácil com otimismos baratos e logicismos vazios. No entanto, o seu pensamento não cabe nessas chaves porque não finge que não sente ou não enxerga o limite da dúvida.

A procura da verdade em si mesma indica saúde mental e existencial; o que se acha através dessa procura revela muitas vezes, porém, doença e absurdo. Logo, a procura não deve perder de vista o momento fundador, a saber, o movimento mesmo de procurar. Nesse momento não somos nem apocalípticos nem integrados, nem pessimistas nem otimistas, mas sim conseqüentes.

GUSTAVO BERNARDO é professor de Teoria da Literatura na UERJ.

O bem e o mal segundo Olívio Dutra

Olavo de Carvalho

7 de abril de 2000

Um empresário é um sujeito que ganha a vida organizando a atividade econômica. Ele acumula um capital, investe, ganha, paga suas dívidas para com os fornecedores, os empregados e o Estado, e no fim, se todo dá certo, tem um lucro. A quase totalidade do lucro é reinvestida no mesmo ou em outros negócios. Uma parte ínfima ele pode gastar em benefício próprio e da família. Se seu negócio é muito, muito próspero, mesmo essa parte ínfima basta para que ele compre mansões, iates, jatinhos e jatões, carros de luxo, cavalos de raça, e tenha, se é do seu gosto, múltiplas amantes. Em geral ele se contenta com muito menos.

Um político de esquerda é um sujeito que ganha a vida tentando jogar os empregados contra os empregadores. Ele mostra aos operários os aviões, os cavalos de raça e os carros de luxo do patrão e grita: “É roubo!” No começo ele faz isso de graça. É um investimento. Assim como o empresário investe dinheiro, ele investe insultos, gestos, caretas de indignação, apelos à guilhotina. Em troca, dão-lhe dinheiro. Ele vive disso. Quando alcança o sucesso, pode dispor de mansões, iates, jatinhos e jatões, carros de luxo, cavalos de raça e amantes em quantidade não inferior às do mais próspero capitalista.

Tanto a atividade do empresário quanto a do político de esquerda pode ser exercida de maneira honesta ou desonesta. O empresário pode dar golpes em seus fornecedores, vender produtos fraudados, sonegar o pagamento devido aos operários, ou então pode pagar tudo direitinho e vender produtos bons. Do mesmo modo, o político de esquerda pode desviar dinheiro público, utilizar-se indevidamente de imóveis do Estado, possuir sob ameaça aterrorizadas empregadinhas domésticas como o fazia Mao-tsé-tung. Ou então pode fazer tudo dentro da lei que ele próprio instaurou e ser incorruptível como Robespierre.

A diferença é a seguinte: da atividade do empresário, mesmo o mais desonesto, resultam sempre uma ativação da economia, uma elevação da produtividade, a expansão dos empregos. Esses resultados podem vir em quantidade grande ou pequena, mas têm de vir necessariamente, pela simples razão de que “empresa” consiste em produzi-los e em nada mais.

Da atividade do político de esquerda, mesmo o mais honesto, resultam sempre um aumento do ódio entre as classes, o crescimento do aparato estatal que terá de ser sustentado pelos padrões com dinheiro extraído aos empregados e consumidores, a politização geral da linguagem que transformará todos os debates em confrontos de força e, em última instância, desembocará num morticínio redentor. Esses resultados também podem vir em quantidades grandes ou pequenas, mas virão necessariamente, pois “política de esquerda” consiste em produzi-los e em nada mais.

Um empresário, honesto ou desonesto, está no auge do sucesso quando pode, sem prejuízo de seus investimentos, comprar mansões, iates, carros de luxo, jatinhos, jatões etc. Ele alcança isso quando se torna um mega-empresário. Para chegar a esse ponto, ele tem de deixar em seu rastro fábricas, bancos, plantações, jornais, canais de TV e mil e um outros negócios dos quais vivem e prosperam milhares de pessoas.

Em político de esquerda, honesto ou desonesto, está no auge do sucesso quando destruiu toda oposição às suas idéias e comanda uma sociedade fielmente disposta a realizá-las. Ele alcança isso quando se torna o chefe de uma revolução vitoriosa. Para chegar a esse ponto, ele tem de deixar em seu rastro milhares ou milhões de cadáveres, edifícios destruídos, plantações queimadas, órfãos e viúvas vagando pelas ruas, fome, miséria e desespero.

O governador Olívio Dutra acha que é imoral ser empresário e que é lindo ser um político de esquerda.

Ele não tem maturidade intelectual suficiente para perceber que o sucesso final de um empresário, mesmo desonesto, traz sempre mais bem do que mal, e que o sucesso final de um político de esquerda, mesmo inflexivelmente honesto como ele, produz uma quantidade de mal acima do que qualquer bem poderá jamais reparar.

O governador Olívio Dutra, como qualquer outro político de esquerda, tem uma consciência moral deformada por um uso falso da linguagem. Ele ouviu dizer na infância: “Lucro egoísta”, “justiça social”, e impregnou-se de tal modo desses símbolos verbais do mal e do bem, que pôs sua vida a serviço do que lhe parece uma nobre causa: combater as coisas que têm nomes feios e louvar as que têm nomes bonitos. Uma coisa que criou as nações mais prósperas e livres da Terra deve ser muito má, pois tem o nome hediondo de “lucro egoísta”. Uma coisa que matou cem milhões de bodes expiatórios e reduziu à escravidão e à miséria um bilhão e meio de outros inocentes deve ser ótima, pois leva o belo nome de “justiça social”.

Romper a unidade mágica de nomes e coisas é uma operação dolorosa. Custa vergonhas e humilhações à mente altiva. Mas é o preço da maturidade. No julgamento são do homem maduro – o “spoudaios” –, via Aristóteles a única esperança de um governo justo, do predomínio, ainda que relativo e precário, do bem sobre o mal. Não existe bem onde não existe amor à verdade, e não existe amor à verdade onde uma mente obstinada se apega ao instinto pueril de julgar as coisas pelos nomes que ostentam.

O problema do governador Olívio Dutra, assim como de milhares que pensam como ele, já foi diagnosticado por Jesus Cristo dois milênios atrás: “Na verdade, amais o que devíeis odiar e odiais o que devíeis amar.” Eles pecaram contra o Espírito, protegendo-se por trás da belas palavras contra a visão das realidades feias, e receberam como castigo exatamente aquilo que pediam: a cegueira forçada tornou-se espontânea, e hoje a sua moralidade invertida lhes parece a atitude mais natural do mundo, a única maneira possível de julgar as coisas — o caminho do bem, fora do qual tudo é perdição e “lucro egoísta”.

Não creio sequer que valha a pena rezar para que despertem. Eles não despertarão enquanto não enviarem milhões de seres humanos para o sono eterno.

 

As libélulas da USP

Félix Maier

7 de abril de 2000

O autor deste interessante trabalho assim se apresenta na carta em que o enviou a esta homepage:

“Nasci no dia 03/01/1950, em Joaçaba, SC, no então distrito de Luzerna (atualmente, município). Sou militar da ativa, incorporei no Exército como soldado em 16 Jan. 1970 e fui promovido ao posto atual (1º Tenente) em 01 Jun. 1997. Estudei nos seminários franciscanos de Luzerna, SC, Rio Negro, PR, e Agudos, SP, nos anos de 1961 a 1969. Em 1971 fiz o curso de sargento (fotocinegrafista) na Escola de Comunicações, no Rio de Janeiro, RJ. Após o curso servi em unidades do Rio, até 1989, quando fui transferido para Brasília, onde sirvo até hoje. De 1972 a 1975 estudei economia nas Faculdades Mário Henrique Simonsen e Moacir Sroeder Bastos. Tive uma rápida experiência no cinema, ao ser o câmera do filme em esperanto La sesa raso (‘A Sexta Raça’), de Reginaldo Orestes Lima Cipolatti. (Como amante da 7ª arte, tenho uma boa bibliografia sobre o assunto.) De 1990 a 1992 fui auxiliar do Adido Militar no Egito, experiência que deu origem ao meu livro Egito – Uma Viagem ao Berço de Nossa Civilização, concluído em 1995. O livro, disponível nas livrarias da Universidade de Brasília, foi rejeitado para constar nas vitrines da Siciliano e da Sodiler (por não ser “comercial”), porém tem agradado a muito mais pessoas do que eu podia imaginar.”

As libélulas da USP

Uma estudante escreveu ao filósofo Olavo de Carvalho, reclamando do ensino ministrado na universidade. Faltava aprofundamento de estudo nas disciplinas e a quase totalidade dos professores discorria sempre sobre os mesmos assuntos, as mesmas frases codificadas e as mesmas palavras de ordem comuns na doutrinação comunista. Não havia chance nenhuma de o aluno discordar do dogma marxista proposto em sala de aula e os professores que não seguissem a mesma crença eram também discriminados. Dizia a moça que tinha a impressão de que até os porteiros da universidade, em ato reflexo, repetiam as mesmas frases pré-frabricadas dos professores.

Não é de hoje que a propaganda marxista se instalou em nossas escolas. Já há bastante tempo, em livros de história do 2º grau (1), a Revolução Cubana é ensinada como a redenção humana, são apresentadas afirmações que se anulam, pois uma educação imposta a todos pelo terror não pode ser considerada educação. Ela deve ser pluralista e honesta, não sectária e terrivelmente pobre, como é a educação marxista em Cuba. A Revolução Russa é apresentada como um marco da humanidade, são citadas obras de escritores marxistas para complemento dos estudos, assim como é sugerido assistir ao filme Encouraçado Potenkin, que é no fundo uma propaganda comunista, por apresentar a luta de classes, a revolta dos marinheiros contra seus “opressores”. Todos esses livros, porém, se calam sobre o que realmente ocorreu nesses países (e ainda ocorre em Cuba) e nenhum deles recomenda a leitura de Arquipélago Gulag, de Alexandre Soljenítsin (2), o livro mais contundente já escrito sobre os crimes da antiga URSS, especialmente sob a tirania de Stálin. Apesar de a esquerda tentar esconder o fato, os famigerados “Processos de Moscou” ocasionaram o fuzilamento de milhares de pessoas e a remessa para os trabalhos forçados nos campos de horrores dos gulags um contingente de pessoas ainda hoje desconhecido, uma multidão de 40 a 60 milhões de condenados, ninguém sabe ao certo. Ao todo, a URSS assassinou 25 milhões de pessoas, só em casa.

Sobre os gulags o cinema norte-americano deve à humanidade um filme tão ou mais contundente que a “Lista de Schindler”. Mas, como disse o cineasta Arnaldo Jabor, a respeito do filme italiano “A Vida é Bela”, que desbancou o brasileiro “Central do Brasil”, “americano gosta de filme que tenha judeu, criança e cachorrinho”. E os gulags não têm essas imagens tão caras ao subconsciente norte-americano. Provavelmente, Hollywood nunca irá fazer um filme sobre os gulags, já que entre suas hostes encontram-se mais vermelhos do que James Bond possa imaginar. Basta lembrar da cena de um Nolte sentado de braços cruzados, na noite de entrega do Oscar, tripudiando sobre a importância histórica do cineasta Elia Kazan, um dos homenageados, pelo simples fato de ele, apesar de imigrante, ter apoiado o macartismo, ou seja, ter sido um americano patriota e anticomunista. Ou ainda, na mesma ocasião, a saída rápida do auditório de nosso patrício Moreira Salles, diretor de “Central do Brasil”, também “enojado” com a presença daquele “traidor”. Na realidade, são todos farinha do mesmo saco, unha e carne, bagos e estrovenga.

Além do ensino marxista nas escolas secundárias, agora há um sistema de ensino criminoso sendo ministrado em acampamentos do MST. O jornal “O Estado de S. Paulo” denunciou essa “pedagogia do gueto” (3), onde as crianças, como os antigos balilas do fascismo italiano, são amestradas na doutrinação comunista. Nesses acampamentos, 7 de setembro não é Dia da Pátria, mas dia dos excluídos. Os heróis nacionais não são Tiradentes, Caxias, Santos Dumont, porém Antônio Conselheiro, Lampião, Lamarca, Marighela, Luís Carlos Prestes. As escolas têm nomes sugestivos como Che Guevara, Mao Tse Tung e outros crápulas. Desde a mais tenra idade, as crianças são ensinadas a ter ódio de quem tem uma propriedade e a não respeitar as leis vigentes no país, já que “a lei é feita para atender aos interesses da minoria e não do povo”, como prega a cartilha guerrilheira do MST, A Vez dos Valores. Para o MST, datas importantes são a morte de Guevara, o “massacre” de Eldorado do Carajás e outras aberrações. Com a ajuda financeira e promocional de muitas entidades do Brasil e do exterior, incluindo a CNBB (a banda vermelha e podre, vale ressaltar), a Unicamp (com seus seminários de incentivo à guerrilha dos camponeses), e o próprio Governo FHC, via INCRA, o MST está se fortalecendo dia a dia, impondo o terror aos proprietários rurais como se aqui estivesse ocorrendo o outubro vermelho de 1917. Com o acovardamento dos governadores, receosos da ocorrência de outros “eldorados do carajás”, e com a inoperância da justiça, que não garante o respeito à propriedade, o MST está se tornando um estado dentro do Estado brasileiro, em total desrespeito à Constituição.

No ensino superior, o sistema não é diferente. A baboseira marxista não tem fim nunca, os alunos são obrigados a xerocar (sem pagar direitos autorais – outra imoralidade) as mesmas coisas que quase todos os professores pedem, pois todos os autores indicados apresentam sua curta visão do conhecimento humano, já que se negam a ensinar a sabedoria acumulada pela filosofia mundial durante milhares de anos para beber apenas na fonte marxista. E uma fonte, por sinal, mal absorvida, pois retiram dos tais livros apenas frases e pensamentos que correspondem a seus interesses imediatos, quase nenhum dos autopropalados “intelectuais” leu por completo as obras de Marx, apenas algumas resenhas medíocres que permeiam os livros de filosofia e sociologia de nossos principais autores do momento. É o mesmo que extrair da Bíblia algumas passagens inusitadas e até ultrapassadas em relação ao atual estágio de evolução da humanidade para apenas enfatizar alguma argumentação de nosso interesse. Em Brasília um homem disse que estuprou sua filha porque havia um caso semelhante na Bíblia, de Lot que deitou com suas duas filhas, ou melhor, que foi embriagado pelas filhas para que a procriação da família não cessasse. Nesse incesto de teses promíscuas, nesse pacto mafioso de todos concordarem entre si, fazerem agrados mútuos e citarem-se uns aos outros, sem discordância nenhuma de suas premissas marxistas-gramscistas, pode-se imaginar o nível de mediocridade atingido por nossas universidades. Antigamente, os latinos já se defrontavam com esses “idiotas coletivos” (4), quando diziam que “asinus asinum fricat”. Na época, seria dizer que “um burro coça outro burro”. Hoje poderíamos traduzir a citação como “os cães lambem-se os rabos uns dos outros”.

Neste universo de cães lambendo-se os rabos sujos uns dos outros, destacam-se as libélulas da USP. Geradas espontaneamente a partir do grupo Libelu (5), aumentaram sua população a taxas indianas. As libélulas mais conhecidas são Leandro Konder, Paul Singer, Marilena Chauí, Cecília Coimbra e Emir Sader. Não há como negar que todos eles tenham alguma inteligência. O que não é louvor nenhum. Se até Washoe, uma chimpanzé trancada num zoológico nos EUA foi capaz de aprender 130 palavras da American Sign Language – uma linguagem para surdos-mudos -, por que as libélulas da USP não poderiam utilizar seu tutano para transformar os grunhidos em algumas dúzias de palavras impressas? Aparentemente, as libélulas da USP até escrevem bem. Mas só aparentemente. O “ópio dos intelectuais” que eles fumam há décadas em seus cachimbos acadêmicos já os anestesiaram há muito tempo e ficam repetindo como macacos os mesmos chavões marxistas, as mesmas frases engessadas e esclerosadas de sempre. São seres de outras galáxias, etês que não têm nenhuma ligação com nossa atividade terrestre. Apenas papagueiam teses ultrapassadas na teoria e na prática no que se refere a “luta de classes”, a “mais-valia”, a “burguesia” (6) e tudo o mais que se possa imaginar que passam por suas cabeças dopadas com o entulho de idiotices que absorveram desde a juventude, hoje com um tempero gramscista, para parecerem modernos e sintonizados com o mundo. O mundo em que vivemos, seja ele apelidado de capitalista, neoliberal, o que for, ou seja, aquele que anda de verdade, movido pela inexorável roda da história, não apresenta nada do que as libélulas da USP pregam em suas cartilhas, seja nas universidades, seja nos meios literários. Artigos ocos, bolorentos, primários, cheios de ódio e preconceito enxovalham nossos principais jornais. Cadê os artigos veementes e muitas vezes desconcertantes de um Santayanna no Correio Brazilense? Foram varridos pelo lodo fedorento de Emir Sader nas edições de domingo.

Uma das principais teses das libélulas da USP é a de se apresentarem como democratas, que combateram a vil ditadura dos militares. A história é testemunha desta mentira deslavada, pois todos os movimentos guerrilheiros no Brasil e nos demais países da América do Sul tiveram origem na Conferência da OLAS, em Cuba, no ano de 1967, quando Fidel Castro, junto com o então senador Salvador Allende, do Chile, e Carlos Marighela, do Brasil, entre outros, começaram a “criar vietnãs em cada país sul-americano”, para tentar a derrubada dos governos e instituir o comunismo, não para implementar a democracia. As libélulas da USP não se coram pelos crimes cometidos em nome do comunismo, aqui e no mundo todo, que ocasionaram 110 milhões de mortos, como atesta o Livro Negro do Comunismo (7). Diz o ditado que pelo fruto conhecemos a árvore. Os macacos esquerdistas continuam trepados na árvore plantada por Marx, porém não aceitam que se discuta os frutos podres que esta doutrina maligna espalhou pelo mundo inteiro. A moral que pregam perante o mundo tem o mesmo valor da NASCA, dos EUA, um clube que promove a suruba globalizante primeiro-mundista, os “swings”, ou seja, a troca de casais.

Reis e príncipes da mentira – emir, em árabe significa príncipe -, as libélulas da USP, além de reescrever a história à sua cara, escamoteiam informações e simplesmente ignoram tudo o que possa denegrir ainda mais sua doutrina satânica. Da mesma forma, a imprensa brasileira, impregnada de filhotes dessas libélulas, escondem informações preciosas ao público e sempre minimizam os crimes que os líderes comunistas praticaram. Recentemente, descobriu-se que um dos ícones do comunismo, a indígena guatemalteca Rigoberta Menchu, que havia recebido o prêmio Nobel da Paz por conta de sua biografia, onde são relatados perseguições e mortes contra sua família, não passava de uma mentirosa deslavada. A imprensa, como de costume, nada noticiou. Luiz Carlos Prestes, cantado em verso e prosa por Jorge Amado e pelos bicheiros das escolas de samba do Rio de Janeiro, foi um assassino frio, ao mandar “justiçar” Elza, sua comparsa na tentativa de implantar o comunismo no Brasil, em 1935. Documentos recentes liberados após a morte de Juarez Távora comprovam as maldades perpetradas pela Coluna Prestes em todo o país. O “cavaleiro da esperança” era na realidade o chefe dos cavaleiros do apocalipse, promovendo assaltos e roubos a residências, estupros e assassinatos. E os jornais, o que noticiaram sobre este agente de Moscou (8)? Nada.

Invariavelmente, as libélulas da USP (assim como as borboletas da UnB, as mariposas da UFRJ e outros insetos mais) se utilizam sempre da mesma cantilena anestésica e de seus truques de mister M de subúrbio para hipnotizar seus pobres alunos em sala de aula. Fazem lembrar a feira de Duque de Caxias, no Rio, onde espertalhões vendem pardais tingidos de amarelo como se fossem canários. Da mesma forma, as libélulas da USP tingem suas teses acadêmicas com um colorido psicodélico que hipnotiza e imbeciliza toda uma geração de jovens universitários. Quando saírem para o mercado de trabalho, os bacharéis verão que perderam a mais bela parte de suas vidas ouvindo mentiras, que têm um canudo que nada lhes acrescenta e que terão que aprender a duras penas o que realmente existe extra muros, longe do parque dos dinossauros habitado pelas libélulas da USP.

Hoje, infelizmente, não são apenas os porteiros que repetem em ato reflexo as idiotices marxistas-gramscistas em nossas universidades. Até os vira-latas perdidos nos campi da USP, da UnB e de tantas outras universidades brasileiras passaram a latir: mao, mao, mao! E os gatos respondem: tsssetung, tsssetung, tsssetung!

Notas:

  1. PAZZINOTO, Alceu Luiz; SENISE, Maria Helena Valente. História Moderna e Contemporânea. Editora Ática, 7ª edição, São Paulo, SP, 1994.
  2. SOLJENÍTSIN, Alexandre. Arquipélago Gulag. Difel/Difusão Editorial S.A. São Paulo e Rio de Janeiro, 1976.
  3. A Pedagogia do Gueto do MST. Jornal O Estado de S. Paulo, 11 de junho de 1999.
  4. CARVALHO, Olavo de. O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras. Faculdade da Cidade Editora e Academia Brasileira de Filosofia, Rio, 1996.
  5. Libelu – Liberdade e Luta: movimento estudantil-lambertista atuante na USP durante os governos militares. Pierre Lambert foi um dos ideólogos da IV Internacional (Trotskista).
  6. Quem é mais burguês hoje em dia do que os neoburgueses, ou seja, as libélulas da USP, os proprietários de milhares de ONG que se refestelam com o dinheiro alheio, e a “intelectualidade” que faz a festa no atual governo dos tucanos, aninhados em postos-chave, com polpudos salários, comissões, viagens com diárias pelo Brasil e pelo exterior?
  7. COURTOIS, Stéphanie; WERTH, Nicolas; PANNÉE, Jean-Louis; PACZKOWSKI, Andrzej; BARTOSEK, Karel; e MARGOLIN, Jean-Louis. The Black Book of Communism. Harvard University Press, USA, 1999.
  8. WAACK, William. Os CamaradasNos arquivos de Moscou. A história secreta da revolução brasileira de 1935. Companhia das Letras, São Paulo, 1993.

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