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A maioria silenciada

Olavo de Carvalho

Jornal do Brasil, 17 de agosto de 2006

O historiador americano Thomas Skidmore, na Folha do dia 14, diz que só depois da chegada de Lula ao poder “surgiram os oportunistas, os responsáveis por desmoralizar o PT”. Esse sujeito não sabe ou finge que não sabe nada do que se passou no Brasil nos últimos quinze anos. Ele só é ouvido com reverência porque empresta o aval da sua reputação às mentiras convencionais da propaganda esquerdista.

Como é possível que um partido que se associou a organizações criminosas desde pelo menos 1990 tenha se conservado limpo e santo durante todo esse tempo, para só se corromper depois de 2002? E de que oportunistas recém-chegados está falando Skidmore, se os astros maiores do espetáculo delinqüencial – os Paloccis, os Dirceu, os Valdomiros – já brilhavam no elenco uma década e meia antes?

A suprema vergonha, a baixeza imensurável da sociedade brasileira não está nos crimes do PT: está nos prodígios de desconversa com que aqueles mesmos que os reconhecem se apressam a limpar a folha corrida do culpado, fazendo dele a vítima inocente de uma contaminação acidental e tardia. Na verdade, esses crimes vieram de longa data e não nasceram da desonestidade avulsa de infiéis: nasceram de um plano abrangente de conquista do poder total por todos os meios possíveis e imagináveis, legais ou ilegais, decentes ou indecentes.

O Foro de São Paulo é em si uma societas sceleris, constituída para a proteção mútua de partidos oficiais e organizações criminosas. Se alguma dúvida restasse quanto a isso, o próprio sr. Luís Inácio as dissipou ao confessar, entre amigos, que governava o Brasil em parceria secreta com seus companheiros do Foro — tiranos, narcotraficantes, seqüestradores e terroristas estrangeiros (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/050926dc.htm).

Os planos dessa imensa máfia revolucionária continental jamais teriam prosperado se expostos à atenção pública. Mas mesmo agora, depois da revelação dos delitos petistas, a mídia nacional continua empenhada em ocultar a trama maior que os gerou, em preservar as causas intactas sob as ruínas dos efeitos. Longe de defender o povo contra as ambições dos criminosos, ela está empenhada em proteger os criminosos contra o olhar do povo.

A própria Folha de S. Paulo, numa pesquisa recente, admitiu que 47 por cento dos brasileiros são de direita, só 30 por cento de esquerda; e, dos 23 por cento restantes, nominalmente centristas, a maioria defende posições que estão muito à direita do centro. Ora, essas posições — contra o aborto, pela redução da menoridade penal, etc. — são precisamente aquelas que o jornalismo chique em geral expele do debate civilizado, colando-lhes os rótulos infamantes de “extremismo de direita” e “fundamentalismo” para criar, invertendo a realidade, uma falsa impressão de ligações terroristas, e legitimar como “normalidade democrática” um estado de apartheid ideológico no qual só a opinião da minoria pode ter canais de expressão partidária, cultural e jornalística. Se a mídia tem a autoridade de marginalizar e criminalizar a maioria, por que não terá também o direito, muito mais modesto, de ludibriá-la?

O futuro da pústula

Olavo de Carvalho


Diário do Comércio, 14 de agosto de 2006

“Ah! Les idéaux, les idéaux! Les intentions, les intentions!”

(SERGIU CELIBIDACHE, regente de orquestra, ouvindo em Paris a narrativa de novas brutalidades cometidas pelo regime comunista na sua Romênia natal.)


Circula pela internet – e acabo de receber de um amigo – uma lista dos crimes que envolvem de algum modo o PT e o sr. presidente da República. São 190. Cento e noventa. Com um curriculum delinqüencial trinta vezes menor, Fernando Collor já estava no olho da rua, com a família em frangalhos, odiado pela população, humilhado pela mídia.

A diferença ostensiva de tratamento, amostra singela da guerra assimétrica em escala local, é a prova mais evidente de que a “grande mídia” brasileira perdeu os últimos escrúpulos de veracidade e já não tenta nem mesmo fingir equilíbrio, imparcialidade, senso de justiça.

Mesmo depois de absolvido pela Justiça, anos após o seu impeachment, Collor continuou sendo tratado como um delinqüente, um inimigo da pátria, um réprobo. O sr. Luís Inácio, mesmo quando confessa abertamente seus crimes (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/050926dc.htm), ainda merece o respeito, a confiança e o carinho de todos.

Entre os formadores de opinião, mesmo aqueles que dizem fazer oposição ao establishment petista têm o raciocínio travado por um preconceito, um bloqueio íntimo, uma proibição absoluta de pensar mal da esquerda, do partido governante e sobretudo do sr. presidente da República.

O sintoma mais alarmante desse preconceito é que a própria lista mencionada acima, por mais impressionante que seja, não inclui o maior delito de todos, a fundação do Foro de São Paulo, gigantesca societas sceleris em que os grupos criminosos entram com o dinheiro do narcotráfico e dos seqüestros enquanto os partidos oficiais lhes oferecem a proteção de que precisam para circular pelo continente sem o menor risco de prisão, exceto na Colômbia, o último país da América Latina onde ainda existem leis.

O motivo dessa omissão é auto-evidente: a revolução cultural gramsciana foi tão bem sucedida que já não há outro critério de julgamento a que se possa apelar senão o conjunto de chavões esquerdistas que se impôs como eficiente Ersatz de moralidade. Por mais que a elite esquerdista se esmere em delinqüir, em mentir, em roubar, em matar, o máximo que se ousa fazer contra ela é acusá-la de ser infiel a seus belos ideais. O dogma da pureza de intenções tem de ser preservado a todo preço, mesmo diante das evidências incontestáveis de maquiavelismo cínico, de total ausência de sentimentos morais. Se até os inimigos do governo se apegam a essa última ilusão, é porque sentem que, se desistirem dela, o chão se abrirá sob os seus pés. Mas o chão já está aberto. Se ainda bóiam sobre o abismo, numa redoma de sonhos, é pela força dos vapores infernais que sobem do fundo. Isto não é um floreio de linguagem. É a fórmula exata de uma equação política na qual o anseio de fingir confiança na estabilidade de instituições  extintas, assumindo a forma paradoxal de um culto ao governante que as destrói, só ajuda a destruir ainda mais rapidamente o que resta delas.

Também não uso a palavra “paradoxo” a esmo. A lógica paradoxal não é uma lógica de maneira alguma, mas é uma psicologia. Ela não apreende os nexos entre proposições, mas as ligações irracionais que o cérebro sonso faz entre semelhanças aparentes. Quem a domina faz do cérebro alheio o que bem entender. Uma de suas aplicações mais notórias é o velho esquema comunista de conquistar o poder absoluto mediante a “pressão de baixo” articulada com a “pressão de cima”, aprisionando a vítima numa armadilha de incongruências onde ela se debate em vão, desorientada e inerme.  Os acontecimentos da semana passada ilustram isso de maneira exemplar. De um lado, o secretário da segurança pública de São Paulo acusou publicamente o governo federal de fomentar e utilizar a onda de crimes do PCC. O sr. presidente da República, se fosse inocente e honrado, processaria imediatamente o acusador. Mas ele se limita a resmungar, ao mesmo tempo que, oferecendo tropas federais ao governo estadual acossado pela violência, coloca o adversário na posição humilhante de aceitar socorro do bandido, ajudando-o a tirar proveito eleitoral da sua própria perfídia, ou a arcar com as culpas do mal que ele lhe faz. O petismo triunfante nem tem de lutar: basta-lhe deixar que o adversário se estapeie a si próprio.

O Brasil tornou-se uma pústula que se acomodou ao estado de pústula e se recusa obstinadamente a estourar.

Não cabe nem mesmo ver nisso a derrota do sistema, a fraqueza das instituições. O Brasil só tem uma instituição: a pústula. Ela é o sistema, ela é as instituições. Ela impera, ela manda, ela sobrevive a tudo, alimentando-se gostosamente da sua própria podridão e crescendo sem parar. Uma vitória nada impossível do sr. Alckmin nas eleições pode trazer um alívio temporário, mas esse alívio será inútil se a oposição não o aproveitar para limpar-se da mitologia esquerdista que a paralisa e organizar-se para uma luta ideológica em regra. Fora essa hipótese, na qual não acredito, o futuro está garantido: Todo o poder à pústula!

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Segundo o site Alerta Total, a presidência da República tem entre seus assessores de segurança ex-agentes da KGB soviética. Vocês sabem o que quer dizer “ex-agentes da KGB”: quer dizer máfia russa. A máfia russa não é uma máfia entre outras. É, desde pelo menos 1993, a central de comando do crime organizado no mundo (leiam Claire Sterling, Thieves’ World. The Threat of the New Global Network of Organized Crime, New York, Simon and Schuster, 1994). As ligações entre ela e o governo brasileiro são tão estreitas que, no dia seguinte da perda do seu mandato, o sr. José Dirceu já estava fazendo negócios com Boris Bereszowski.

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O ex-comandante do exército libanês, Charbel Barkat, informou à revista Evangelical News que o Hezbollah está usando aldeias cristãs, Ain Ebel, Rmeish, Alma Alshaab e outras, como base para lançamento de mísseis. “O Hezbollah está escondido entre a população civil e atacando por trás de escudos humanos”, afirmou Barkat.

Segundo a Convenção de Genebra, a culpa pelas mortes de civis em casos de bombardeio contra essas bases incumbe ao lado que usou os escudos humanos. Mas acima da Convenção de Genebra está o consenso jornalístico: haja o que houver, a culpa será de Israel, sempre de Israel.

Não é comovente ver como essa mesma mídia corre para proteger os judeus contra o perigo mortal de uma frase idiota dita por um cineasta bêbado?

 

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Há anos venho investigando um fenômeno da história das idéias na modernidade ocidental, ao qual dei o nome de “paralaxe cognitiva” e que defino como o deslocamento entre o eixo da experiência real de um filósofo e o eixo da sua construção teórica. Desde o início do estudo, cujos resultados comecei a expor nos meus cursos em 2001 e nos meus artigos de jornal em 2002, deixei claro que considerava esse fenômeno uma anormalidade, um desvio da inteligência humana, que nele se mostrava inferior ao padrão de exigência fixado pelos filósofos antigos. Entre os dois eixos aparecia um escotoma, um ponto cego, evidenciando uma grave falha de consciência que não seria de esperar nem mesmo em pessoas comuns, quanto mais em pensadores de grande prestígio. O resultado era que, na teoria, surgiam descontinuidades arbitrárias, abismos epistemológicos entre aspectos da realidade que na própria experiência pessoal do pensador respectivo se mostravam perfeitamente contínuos. O sintoma mais grotesco era o filósofo enunciar teorias gerais sobre a espécie humana que, miraculosamente, não se aplicavam à sua própria pessoa ou, pior ainda, eram incompatíveis com o fato mesmo de ele estar escrevendo o que escrevia.

Quando Kant, por exemplo, afirmava que só conhecemos as aparências fenomênicas, mas não as coisas em si, essa asserção era incompatível com a sua expectativa ingênua de que, partindo de um mero sinal sensível – as letras impressas –, o leitor chegasse a apreender o núcleo do seu pensamento. Se não podíamos saltar dos fenômenos sensíveis às suas próprias substâncias, muito menos conseguiríamos, através deles, captar a substância de uma intenção subjetiva significada por eles – um salto ainda maior do que o requerido para apreender numa aparência de elefante a realidade de um elefante. Se as palavras de Kant significavam alguma coisa, a teoria enunciada por elas não significava nada, e vice-versa. A filosofia de Kant, em suma, era incompatível com o fato de que podíamos lê-la nos livros do autor.

Platão, Aristóteles ou Agostinho jamais pagaram mico semelhante. Talvez por terem a noção clara de que a filosofia não era só uma disciplina escolar mas uma regra de vida, eles nunca raciocinavam contra os dados da sua própria consciência. Quando enfocavam um objeto, não o faziam só com a habilidade raciocinante, mas com a totalidade operante da sua consciência individual concreta. Dito de outro modo, falavam perfeitamente a sério. Quando Platão situava os seres humanos entre os anjos e as bestas, ele sabia que ele próprio estava lá. Quando Aristóteles definia o homem como animal racional, ele deixava claro que ele próprio era um animal racional. Quando Agostinho falava da inclinação natural do homem ao pecado, ele oferecia como exemplo os seus próprios pecados. A realidade da qual esses filósofos falavam era a mesma na qual viviam. Sua filosofia era uma reflexão sobre a experiência, não a construção hipotética de um mundo inventado que, por definição, não poderia conter a pessoa real do seu inventor. Não que nada inventassem. Mas, quando inventavam, não vendiam sua invenção como realidade. O que me surpreendeu foi descobrir a freqüência cada vez maior com que os filósofos modernos foram se permitindo faltar com essa obrigação, ensinando do alto de suas cátedras teorias com que, na sua vida real, não poderiam concordar de maneira alguma, mas pretendendo que seus ouvintes as recebessem como realidade pura.

A paralaxe assim definida é um fenômeno específico, perfeitamente distinto, identificável historicamente.

Por isso mesmo convém explicar que esse fenômeno não tem nada a ver com aquilo a que o filósofo esloveno Slavoj Zizek (creio que isto se pronuncia Tchitchék) dá o mesmo nome no seu recente livro “The Parallax View” (MIT, 2006), que ele próprio considera o seu magnum opus. Paralaxe, para Zizek – autor bem conhecido no Brasil desde a edição de duas das suas obras pela Boitempo –, é a descontinuidade entre uma coisa e a mesma coisa vista sob outro aspecto qualquer. Por exemplo, as regras monásticas de São Bento e a conta de telefone de um mosteiro beneditino. Ou o conteúdo deste artigo e os problemas matrimoniais do jornaleiro da esquina. Ou a filosofia de Slavoj Zizek e a fórmula da tinta com que seu livro foi impresso. Zizek acredita piamente que o exame de qualquer idéia sob um ângulo paralático tem o poder de revelar os pressupostos ocultos dessa idéia — um método que subentende a total indistinção entre as conexões lógicas e as curiosas coincidências. Entre os moleques da minha escola, chamávamos a esse tipo de investigação “o estudo da influência das barbatanas de tubarão nas marés”, mas creio que nisso ainda estávamos mais perto de alguma continuidade efetiva.

A paralaxe como a entende Zizek já era conhecida pelos antigos gregos, que a denominavam “metábasis eis allo guénos”, confusão de gêneros, e abandonaram o seu estudo por não querer dispersar neurônios com uma coleção infinita de semelhanças e diferenças irrelevantes. Aristóteles, com sua distinção entre os significados múltiplos do ser, e Leibniz, com a observação de que cada mônada contém em si a infinidade de suas diferenças para com todas as outras, disseram tudo o que havia para dizer de importante a respeito. Mas Zizek acredita ver em cada exemplo de paralaxe (no sentido dele) uma antinomia absoluta, insuperável dialeticamente, o que leva, em última instância, a admitir que a impossibilidade de fazer um gato empalhado miar é um problema filosófico tragicamente sério.

Para alívio geral da inteligência humana, no entanto, em muitos casos a descontinuidade alegada por Zizek não existe a não ser para quem imagina que ela existe. O exemplo mais lindo é o que ele chama de “paralaxe vaginal”. Sob esse nome ele designa a existência de um “abismo ontológico absoluto” entre a vagina considerada como canal do prazer e como conduto do parto. Esse abismo pode ser um problema para quem sinta dificuldade de ereção quando pensa em tornar-se pai, mas, nós, que já nos acostumamos com a idéia, não precisamos nos preocupar com ele de maneira alguma, de vez que até as prostitutas de rua se permitem ignorá-lo solenemente quando nos convidam a fazer nenéns. Na verdade, a síntese dialética entre os dois aspectos da vagina não somente existe como também – quem diria? — já foi descoberta pela ciência: chama-se “gravidez”.

No fundo, porém, acho a filosofia de Zizek perfeitamente razoável. Como o objetivo que ele busca declaradamente atingir com ela é a restauração do materialismo dialético, o apelo a um método desesperado é uma simples questão de lógica. E, como ele mesmo afirma que a única razão para adotar esse método é “a decisão política” de fazer isso, temos de admitir que ele está no pleno uso das suas garantias constitucionais. Nos tempos em que o materialismo dialético era doutrina oficial na Eslovênia, ele seria fuzilado se dissesse que para justificá-lo era preciso ir tão longe. Mas, numa democracia, é direito do cidadão fazer o que bem entenda com a sua própria filosofia.

O que não creio de maneira alguma é que exista descontinuidade ontológica absoluta, ou mesmo relativa, entre as doutrinas de Slavoj Zizek e o fato de que ele seja um dos filósofos prediletos do dr. Emir Sader, mentor da Boitempo. Ao contrário: eu diria até que eles foram feitos um para o outro.  r[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[

Votem no Chuchu

Olavo de Carvalho

Zero Hora, 6 de agosto de 2006

Não poderei votar nas próximas eleições. A Embaixada encerrou em maio o cadastro de brasileiros residentes nos EUA, e eu fiquei de fora. Mas isso me deixa ainda mais livre para aconselhar a meus concidadãos: Votem no Chuchu. Ele não é assassino, não é ladrão, não é narcotraficante nem parceiro de narcotraficantes, não é mentiroso, não é comunista nem pró-comunista, não é terrorista na ativa nem aposentado. Há pouquíssimos petistas dos quais se possa dizer tudo isso ao mesmo tempo, e Lula não é um deles.

O candidato anti-Chuchu é parceiro político das Farc, colaborador da subversão comunista e mentiroso pego em flagrante inúmeras vezes, a começar por aquele documentário no qual, entre amigos, ele confessou que falsificava as estatísticas de pobreza para enganar os eleitores. Mais tarde, também num círculo discreto, admitiu que governava o Brasil em parceria secreta com estrangeiros e que ajudou Hugo Chávez, por baixo do pano, no referendo venezuelano de 2003. Só essas declarações já bastam para provar, acima de qualquer possibilidade de dúvida, que é um tipo amoral, maquiavelista cínico, indigno de confiança.

Que, com essa conduta, ele ainda se dissesse apto a comungar sem confessar por ser isento de pecados, mostra que ele não tem a menor idéia da sua condição moral: é um caso de inocência perversa nitidamente sociopática.

Segundo seu ex-assessor Ricardo Kotscho, é também tão ladrão e mensaleiro quanto os outros.

Se recebeu ou não cinco milhões de dólares das Farc, é coisa que se discute; mas é certo que seu governo concedeu ilegalmente asilo político ao autodeclarado portador do dinheiro, o que só pode ser compreendido como retribuição de favor ou como generosidade arbitrária praticada em prejuízo das leis.

Qualquer que seja o caso, é indiscutível que ele fundou e presidiu o Foro de São Paulo, oficializando a promiscuidade entre partidos legais e organizações criminosas.

Se contra ele se apresentasse candidato um frentista de posto de gasolina, inexperiente, analfabeto e mongolóide, mas honesto e sincero, já seria mil vezes mais digno do nosso voto do que ele. Pois bem, Geraldo Alckmin-Chuchu não é mongolóide, nem analfabeto, nem inexperiente. Não sei se algum dia foi frentista de posto. Mas sei que só não voto nele porque a Embaixada não me deixa.

Votar nele, no entanto, não basta. Se vitorioso, ele não terá militância para apoiá-lo nas ruas contra as organizações multimilionárias que detêm o monopólio das manifestações públicas. Não terá dinheiro para pagar oitocentas consciências de jornalistas como a CUT pagou. Não terá um MST para sair botando fogo em plantações cada vez que ele for contrariado. Não terá uma rede internacional de ONGs para beatificá-lo. E vai governar com uma máquina administrativa dominada por petistas ansiosos para destruí-lo, talvez com a cama-de-gato da nova constituinte armada para eternizar no poder o petismo sem Lula. Para enfrentar tudo isso sem fraquejar, ele precisará do apoio contínuo de seus eleitores e, é claro, de uma coragem incomum. Ser presidente do Brasil depois de Lula significará ter de escolher entre a acomodação ridícula e a luta heróica. Votem no Chuchu – e obriguem-no a escolher a coisa certa.

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