Posts Tagged FARC

De onde vem a guerra

Olavo de Carvalho

Jornal do Brasil, 15 de setembro de 2005

Neste momento há três e não mais de três grandes planos de guerra em andamento no mundo. Vêm sendo montados há tanto tempo, com tão vasta mobilização de recursos e já em estágio tão avançado de implementação, que só mudanças repentinas do cenário mundial, bastante improváveis aliás, podem talvez impedir que mais cedo ou mais tarde sejam levados às últimas conseqüências.

O primeiro deles é a investida da China contra Taiwan, antecipada por manobras navais intimidatórias e destinada a suscitar uma resposta americana, justificando então um ataque chinês ao território dos EUA. Para isso Beijing acumula armas atômicas e nanotecnológicas em escala apocalíptica, enquanto os EUA, burguesmente confiantes numa ridícula estratégia de apaziguamento comercial, fazem cortes e mais cortes nos seus orçamentos militares (prova inequívoca de intenções belicosas, não é mesmo?). Leiam Hegemon: China’s Plan to Dominate Asia and the World, de Steven W. Mosher (Encounter Books, 2000) e procurem no Google os artigos de Lev Navrozov  e J. R. Nyquist.

O segundo é o cronograma islâmico em sete etapas (estamos na segunda) para estabelecer um califado global até o ano 2020 . Foi divulgado pelo jornalista jordaniano Fouad Hussein em entrevistas com os principais líderes terroristas — a começar pelo orquestrador do caos iraquiano, Abu Musab al-Zarqawi — publicadas no livro A Segunda Geração da Al-Qaeda (em árabe). Um resumo encontra-se no jornal australiano The Age (v. http://www.theage.com.au/news /war-on-terror/alqaeda-chiefs -reveal-world-domination -design/2005/08/23/112456286165 4.html?oneclick=true ). Tal como no caso anterior, o ponto principal desta estratégia é suscitar conflitos locais que desencadeiem uma resposta americana e então usá-la como pretexto legitimador para um ataque aos EUA.

O terceiro está bem aqui pertinho. A adoção oficial da doutrina de “guerra do povo” do  general vietnamita Giap para a militarização da sociedade (v. http://www.olavodecarvalho.org /semana/041226zh.htm ), a implantação da Nova Lei Orgânica das Forças Armadas que transforma essa doutrina em realidade, a presença de mais de vinte mil soldados cubanos na Venezuela e de tropas da Venezuela nas Farc – tudo isso torna evidente, na análise do ex-chefe da Casa Militar da presidência venezuelana, vice-almirante Mario Iván Carratú Molina, a lógica militar de Hugo Chávez: agressão conjunta à Colômbia por forças da Venezuela, de Cuba e das Farc para suscitar uma reação de Washington e então mobilizar a América Latina inteira contra os EUA (v. http://www.noticierodigital .com/forum/viewtopic.php?p =168913#168913 ).

A mídia brasileira oculta esses planos como ocultou, por mais de uma década, o Foro de São Paulo. Mas, como os três convergem na meta de induzir os EUA a um combate multilateral, paralisando-os ao mesmo tempo por meio de cobranças morais e diplomáticas das quais seus agressores já estarão automaticamente dispensados (tal é a regra da “guerra assimétrica”: v. http://www.olavodecarvalho.org /semana/040520fsp.htm ), é claro que não podem entrar em ação aberta sem a adequada preparação psicológica do ambiente em todos os países envolvidos, inclusive o Brasil. Por isso é que já pululam, nos nossos jornais, comentários que alertam contra a eventual reação defensiva americana, chamando-a antecipadamente de “invasão imperialista” e apresentando-a como se fosse o lance inicial das hostilidades, sem causas nem antecedentes exceto a pura maldade ianque.

Os autores desses artigos, fora algumas exceções que o termo leninista “idiota útil” resume com precisão, são militantes do Foro de São Paulo, agentes de influência formados nos serviços de inteligência comunistas ou indivíduos que sintetizam essas duas belas qualidades. Não são repórteres narrando o que viram ou analistas tentando compreender o mundo. Seus escritos estão fora da definição de “jornalismo”. São propaganda e desinformação no sentido mais estrito e profissional dos termos. Fazem parte do esforço de guerra.

Back to top

Olavo de Carvalho

Jornal do Brasil, 8 de setembro de 2005

Nos países comunistas, não existe jornalismo propriamente dito. Existe a imprensa oficial, que é parte integrante dos serviços de inteligência. O jornalista estrangeiro que ocupe qualquer cargo na mídia de um desses países está lá por ser pessoa de confiança do serviço secreto local, e nenhum serviço secreto que se preze tem confiança senão em seus agentes pagos ou em indivíduos que de algum outro modo estejam sob o seu controle.

Quando esse jornalista volta para o seu país de origem, volta como voltou o sr. José Dirceu, que nunca explicou como veio a operar o milagre de “desligar-se” da inteligência cubana, da qual ninguém antes dele jamais saiu senão pelas vias estreitas da aposentadoria vigiada, da deserção ou da morte.

Assim como o sr. Dirceu decerto apenas mudou de posto, do mesmo modo o jornalista brasileiro que retorne à terra natal depois de ter trabalhado na Rádio Havana, na Rádio Praga, na Agência Tass, no jornal Granma ou em instituições similares volta em geral a serviço do mesmo governo comunista, apenas com função diferente. Dadas as suas qualificações profissionais, o mais razoável é que se torne um agente de influência.

“Agente de influência” é termo técnico. Designa o oficial encarregado de (des)orientar a opinião pública conforme as necessidades da estratégia revolucionária. No Brasil, quase ninguém sabe da diferença entre agentes de influência e meros jornalistas de esquerda. Mas o critério distintivo é bem simples: verifique se o sujeito trabalhou na mídia de algum governo comunista e se, uma vez no Brasil, continua agindo em prol do comunismo. A possibilidade de que esses dois capítulos entrem numa mesma biografia por mera coincidência é tão pequena que não vale o cálculo.

No momento, as duas prioridades máximas da estratégia comunista na América Latina, fora a aposta periclitante na transição pacífica do Brasil para o socialismo, são a “revolução bolivariana” do sr. Hugo Chávez e a narcoguerrilha colombiana que financia atividades subversivas no continente. Quanto a este último ponto, qualquer navegante da internet pode observar a pressa desesperada com que se montou um esquema mundial de proteção ao sr. Olivério Medina, para apresentá-lo como vítima de uma conspiração americana e impedir que a polícia obtenha dele alguma prova do auxílio criminoso que, segundo ele mesmo declarou numa festa de políticos, as FARC deram à campanha eleitoral do PT em 2002. O movimento é protagonizado por entidades estreitamente vinculadas às Farc através do Foro de São Paulo, isto é, beneficiárias ao menos políticas, se não também financeiras, das atividades do sr. Medina.

Quanto à revolução venezuelana, seus feitos mais escandalosos, que os exilados divulgam nos EUA, jamais saem nos nossos jornais e TVs, entidades cuja circunspecção nesses assuntos é um exemplo edificante para a juventude desbocada dos nossos dias. Mas o silêncio obsequioso da maioria não satisfaz a quem exige rendição total. A Associação Brasileira de Imprensa, por exemplo, acaba de aprovar uma moção de repúdio ao antichavismo obsessivo da mídia brasileira, o qual, embora jamais tenha sido notado por nenhum leitor ou telespectador, deve ser mesmo de uma onipresença brutal e constante, já que sustentado por “espúrios interesses” ianques e servido, segundo a moção, por “muitos jornalistas” nesta parte do planeta. Como os antichavistas no jornalismo nacional são meia dúzia e me acontece ser um deles, agradeço a honrosa multiplicação imaginária do nosso contingente, coloco meus extratos bancários à disposição dos interessados em saber das forças ocultas que me subsidiam (pedindo que me informem caso descubram alguma, para eu poder mandar a conta), e aproveito a ocasião para informar que o autor da moção é o sr. Mário Augusto Jacobskind, ex-editor da revista estatal cubanaPrismas . Em caso de dúvida quanto ao significado possível desta informação, clique back to top.

Mudam-se os tempos

Olavo de Carvalho

O Globo, 7 de maio de 2005

No meu tempo de menino, as brigas eram de um contra um, rodeados de um círculo de fiscais devotados a impedir que algum dos contendores apelasse a paus e pedras ou se socorresse da ajuda de amigos para sobrepujar ilicitamente o adversário. A gente batia e apanhava com honestidade. Hoje a molecada se vangloria de sua esperteza quando se junta em três ou cinco ou dez para esmigalhar um infeliz sem chance de defesa.

O modelo vem dos adultos, por exemplo os distintos candidatos da última eleição presidencial, todos comunistas ou pró-comunistas, alegremente dividindo em família o espaço dos debates, seguros de não ser atacados em nenhum ponto vital após excluídas da mídia, do ensino e da campanha as vozes dos eventuais discordantes. Ao som das fanfarras que enalteciam a “a eleição mais transparente de toda a nossa História”, a existência de um pacto explícito entre três dos presidenciáveis no quadro do Foro de São Paulo, reforçada pela cumplicidade consciente do quarto, foi totalmente escondida do público graças aos bons serviços da classe jornalística transmutada em “agente de transformação social”, isto é, em departamento de propaganda enganosa a serviço da hipnose esquerdista.

Quando homens e meninos se igualam na prática geral da tapeação organizada, é que uma nação perdeu os últimos resquícios de vergonha na cara a está madura para desarmar os cidadãos de bem, entregando-os para ser caçados como coelhos, enquanto os representantes das Farc circulam pelas ruas sob a proteção do governo, gastando sem preocupações os lucros das duzentas toneladas de cocaína que venderam ao sr. Fernandinho Beira-Mar.

Quando um país chega a esse ponto, a fala humana se torna impotente para reclamar do estado de coisas, podendo apenas registrá-lo com aquela serenidade trágica que expressa a anestesia da alma ante o absurdo que a transcende.

Não creio que, na História universal, haja exemplo de degradação semelhante, que com tanta facilidade se apossasse de um país de dimensões continentais, e em vez de revolta popular suscitasse nada mais que sussurros contra o aumento de impostos ou a taxa de juros, comprovando ser o bolso o único ponto sensível da moralidade geral.

Não espanta que o próprio território desse país seja roído por narcoguerrilheiros e por ONGs bilionárias a serviços do autoconstituído governo mundial da ONU, enquanto a mídia e os bem-pensantes, afetando patriotismo, alertam contra a mera hipótese da instalação de bases militares americanas que, na verdade, seriam a única defesa possível contra essa invasão multilateral já em avançado estado de consumação. Quando o senso moral se inverte, inverte-se também o instinto de sobrevivência, mais ou menos como naqueles filmes em que a mocinha imbecilizada pelo pavor estapeia o policial e se refugia nos braços do serial killer.

Não uso à toa a expressão “imbecilizada pelo pavor”. Cento e cinqüenta mil homicídios anuais (a taxa, equivalente a cinco guerras do Iraque, é divulgada pelo repórter Luís Mir no seu recente livro “Guerra Civil”) bastam para fazer de um país um bicho amestrado, pronto para curvar-se docilmente, como os alemães do período entre guerras, àquele novo tipo de autoridade anunciado por Fritz Lang no seu filme profético de 1933, “O Testamento do Dr. Mabuse”:

Quando a humanidade, subjugada pelo temor da delinqüência, se tornar louca por efeito do medo e do horror, e quando o caos se converter em lei suprema, então terá chegado o tempo para o Império do Crime .”

***

Em carta ao Globo, de novo a sra. Kissling se esquiva de refutar minhas denúncias e busca refúgio em lacrimejações fingidas contra “ataques pessoais” que jamais lhe fiz. Como iria fazê-los, se nada sei da sua vida particular? E fazê-los para quê, se os atos da sua vida pública já são mais escandalosos do que qualquer coisa que ela possa ter feito na privada?

Em tempo: Os documentos comprobatórios do que aleguei contra a sra. Kissling e suas discípulas estão no livro “Catholics For a Free Choice Exposed”, de Brian Clowes (Front Royal, VA, Human Life International, 2001).

Veja todos os arquivos por ano