Regra de três

Olavo de Carvalho

Jornal da Tarde, 15 de Março de 2001

Quando os megacapitalistas, a burocracia planetária e a mídia internacional, após apoiar com verbas e publicidade a organização do Fórum Social Mundial, aceitam alegremente algumas das conclusões do encontro e passam a declarar que, de fato, como já dizia o doutíssimo Olívio Dutra, a globalização não foi igualmente boa para todos, a conclusão que se deve tirar disso é, para mim, a mais óbvia possível. O circo esquerdista de Porto Alegre foi apenas um útil contraponto dialético de detalhe, programado pelos próprios engenheiros do mundialismo para se encaixar na sua estratégia geral, a qual não exclui nem mesmo, no vasto painel de um mundo cada vez mais capitalista, a possibilidade de umas experiências socialistas, aqui e ali, em países que sejam idiotas o bastante para desejá-las e irrelevantes o suficiente para que seu suicídio não prejudique em grande coisa o universo em torno: tal parece ser o caso, precisamente, do Brasil.

Mas o Brasil não seria tão bom para o desempenho dessa parte vexaminosa do “script” maior se, precisamente, a nossa intelectualidade não fosse cretina o bastante para não perceber o funcionamento da máquina mundial de desinformação da qual ela própria é, no local, a peça decisiva. Assim, as declarações espantosamente sincrônicas do FMI, do Banco Mundial, da ONU e de George Soros em discreto apoio às conclusões do Fórum gaúcho não despertarão a menor suspeita e, em vez de ser interpretadas à luz dos preceitos mais elementares da ciência das informações estratégicas, serão unanimemente aceitas e repassadas em seu puro valor retórico nominal, como homenagens casuais do globalismo à argumentação de seus adversários. “Sancta simplicitas!”

Ninguém, aqui, parece capaz de fazer o seguinte raciocínio: premissa maior – o poder global expande-se igualmente por meio da livre iniciativa capitalista ou da burocracia mundial socializante. Premissa menor – em virtude das próprias dimensões totalizantes do empreendimento, esses meios têm de ser alternados para a coisa dar certo. Conclusão: frear o liberalismo e pisar no acelerador do estatismo não diminui em nada a velocidade de ascensão da Nova Ordem Mundial nem a da liquidação das autonomias nacionais.

Mas, no Brasil, só as palavras contam. Como o nome “liberalismo” está associado a “globalismo”, e o nome “estatismo” a “independência nacional”, embora as quatro coisas aí significadas não tenham nada a ver com isso, só o que importa é reforçar os mesmos discursos de sempre, porque, afinal, o show tem de continuar.

Assim, comentando um relatório da FAO (a única organização internacional que, por descuido da produção talvez, não fez coro às unanimidades antiliberais da quinzena passada), segundo o qual o mundo está hoje menos miserável do que 15 anos atrás, o editorialista de um grande jornal de São Paulo diz que isso não pode ser, porque, como informam outras tantas e ainda mais abalizadas autoridades globais, o número de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia subiu de 1,2 bilhão de meados da década de 80 para 1,5 bilhão hoje. São portanto 300 milhões de miseráveis a mais, “quod erat demonstrandum”.

Acontece que, no mesmo período, a população mundial passou de 4,5 bilhões para 6 bilhões. Aumentou, portanto, de um terço, enquanto o exército de miseráveis teve seu contingente acrescido de apenas um quarto. A prosperidade está obviamente ganhando a corrida. Não importa: na atmosfera geral de histrionismo antiliberal, qualquer indício de que a miséria diminuiu vale como prova de que a miséria cresceu. E como o que conta é mesmo o teatro, o articulista completa sua “performance” proclamando que, apesar do que diz a FAO, “definir a linha de indigência é um problema complexo de estatística social” porque “os métodos são variados e a acurácia dos dados é precária”. Diante de tanta sabença, já ninguém mais ousa perguntar: que pode entender da “acurácia” dos métodos estatísticos um sujeito que não consegue sequer aplicar uma regra de três?

La face cachée du mondialisme vert

Pascal Bernardin

13 de março de 2001

Tradução de Joel Nunes dos Santos e Roberto Mallet

Os visitantes deste site já conhecem o nome de Pascal Bernardin, tanto pela alusão que a ele fiz no meu artigo “Ideário do absurdo” quando pelos comentários de Charles Lagrave no link O império ecológico e o totalitarismo planetário. Agora encontrei esta conferência dele na página do Instituto Euro 92 (onde há dezenas de outras leituras importantíssimas), e não pude deixar de transcrevê-la aqui com algumas notas minhas, malgrado minha falta de tempo para traduzi-la. Se algum visitante puder fazer a tradução e enviá-la a olavo@olavodecarvalho.org, terá prestado um esplêndido serviço a todos. – O. de C.

Note de l’Institut Euro 92

Depuis la fin du communisme, le socialisme bat en retraite en concédant davantage d’espace à des mécanismes laissant une plus grande marge de liberté aux comportements individuels. Mais la menace n’a pas disparu. S’il n’est plus question de grandes lois historiques qui feraient du Prolétariat l’instrument et le véhicule du Progrès, c’est l’Ecologie – plus précisément les élites scientifiques et écologiques qui se sont auto-désignées comme les messies des temps nouveaux – qui entend imposer ses objectifs comme éléments régulateurs de la liberté des individus. Dans le texte qui suit, Pascal Bernardin, auteur de “l’Empire écologique” montre comment le problème de la gestion des “biens communs” est aujourd’hui utilisé comme alibi pour réécrire complètement les règles de la justice et de la morale, tout en prétendant rester dans le droit chemin d’une critique libérale. Ce texte est la transcription d’une conférence prononcée à l’Institut Euro 92 le 14 Avril 1999.

La face cachée du mondialisme vert

Permettez-moi, tout d’abord, de me présenter. Je suis polytechnicien et docteur en informatique. J’enseigne l’informatique fondamentale, c’est à dire les mathématiques de l’informatique à l’Université d’Aix-Marseille III.

Je le précise parce que je serai amené à parler de questions scientifiques maintes fois débattues, en particulier la question de l’effet de serre.

Je suis venu vous parler de mon ouvrage intitulé L’Empire Ecologique, paru en décembre 98 et qui traite de l’écologie dans ses principales dimensions, à l’exception notoires des aspects juridiques et éducatifs.

Au cours de cette conférence, je vais vous montrer comment et dans quel but la politique et les thèmes écologiques s’articulent avec les deux phénomènes politiques majeurs de la dernière décennie et de la fin du siècle, à savoir la perestroïka et l’émergence du nouvel ordre mondial.

Les questions écologiques sont des questions fondamentales qui touchent à tous les domaines: domaine économique, politique, constitutionnel, financier, voire éthique et religieux. Il s’agit donc pour moi d’une question véritablement centrale, qui reprend certaines idées libérales mais qui déborde très au-delà de ce seul cadre.

Tout d’abord, dans la première partie de cette intervention, je vais vous parler des objectifs soutenus par les élites post-communistes qui sont restées en place malgré la disparition du communisme et l’effondrement du mur de Berlin, et qui se retrouvent aujourd’hui intégrées dans l’ensemble des élites dites mondialistes, en place au coeur des institutions internationales. Vous noterez la différence entre mondialismeet mondialisation. Je conserve le terme de mondialisme pour décrire l’émergence de forces politiques au niveau mondial. Je réserve le terme de mondialisation pour l’émergence d’un marché global et d’institutions économiques et financières globales.

La situation politique du dernier quart de ce siècle a été marquée par la chute du mur de Berlin, et simultanément par l’instauration d’un “Nouvel ordre mondial” voulu par le président Georges Bush. J’estime que l’analyse de ces deux phénomènes est restée très incomplète. En effet, aucune explication réelle du phénomène de la perestroïka n’a été donnée. Par ailleurs, les objectifs précis de la mondialisation et du mondialisme sont restés très flous. Autrement dit, nous sommes à l’heure actuel dans un vide conceptuel absolu; vide qui touche aux deux éléments principaux de la vie politique mondiale de cette fin de siècle. Ce sont ces éléments que je vais mettre en lumière, en prenant comme fil conducteur l’écologie.

En ce qui concerne le mondialisme, je m’appuierai exclusivement sur les textes officiels des institutions internationales – et ils sont extrêmement nombreux -, commeOur Global Neighbourhood (1995 – Oxford University Press), un rapport de la Commission sur la gouvernance globale (Commission on Global Governance). C’est une commission mise en place sous l’égide de l’ONU qui comprenait des gens éminents et de très haut rang, en particulier Jacques Delors, à ce moment là Président de la Commission européenne.

Par ailleurs, nous nous référerons Ethics and Spirituals Values, rapport rédigé par la Banque mondiale, centré sur les valeurs éthiques et spirituelles pour un développement durable; c’est à dire pour un développement écologiquement sain, ou tout du moins prétendu tel.

Enfin, et non des moindres, un document issu de la conférence de Copenhague, organisée par les Nations unies (Sommet mondial pour le développement social, du 6 au 12 mars 1995), qui s’intitule Les Dimensions Ethiques et Spirituelles du Développement Social .

Pour les références à la perestroïka, je m’appuie également sur des documents publics, qui n’ont pas la même autorité puisqu’ils n’ont pas l’estampille des Nations unies, mais écrits par Gorbatchev et Chevernadze entre autres.

De la perestroïka à l’écologie

Alors d’abord qu’est ce que la perestroïka? Contrairement à ce que les médias veulent bien nous dire, c’est autre chose que l’écroulement du mur de Berlin sous une poussée démocratique irrépressible. La perestroïka est en réalité un mouvement qui a été planifié dès la fin des années 1950. Sa description nous vient d’un certain Golitsyne, officier supérieur du KGB, passé à l’Ouest à la fin des années 1960. Nous retrouvons ses écrits dans des rapports qui étaient destinés aux Services secrets, mais aussi dans un ouvrage public paru avant 1985 et l’arrivée au pouvoir de Gorbatchev. Que dit-il? Que la perestroïka est un processus socialiste révolutionnaire qui s’inspire de la nouvelle politique économique de Lénine; qu’il est destiné à restructurer (perestroïka signifie restructuration) le socialisme en URSS, et non l’éradiquer. Surtout, il s’agit de restructurer l’image que les Occidentaux peuvent avoir du socialisme en général.

Tout en écartant radicalement la thèse d’un complot mondial, ma conviction est que c’est l’ensemble des thèmes révolutionnaires contenus dans la perestroïka que l’on retrouve au cœur de la politique écologique qui se met en place à l’heure actuelle. Il n’y a pas de hasard. On se rappellera que Gorbatchev, dans ses écrits, dit explicitement que l’écologie est un véhicule révolutionnaire. Aujourd’hui, Gorbatchev est le Président de la Croix verte internationale.

Parlons maintenant des objectifs du pouvoir mondialiste. Ce pouvoir cherche à l’évidence à tirer parti à la fois de l’expérience démocratique et libérale – les références aux éléments libéraux sont nombreuses, mais en les considérant dans un cadre qui n’a en réalité pas grand chose à voir avec le libéralisme – afin d’en faire une synthèse guidée par un objectif en vérité collectiviste. Ce pouvoir part du principe – libéral! – que toute coercition est vouée à l’échec, et que les méthodes non coercitives, et qui laissent aux gouvernés l’illusion de la liberté, sont celles qui doivent être utilisées pour arriver au but cherché.

L’idée de refuser la coercition pour ne faire appel qu’au sentiment de liberté est une idée fondamentale utilisée par un grand nombre de penseurs. Je pense par exemple à Antonio Gramsci, le révolutionnaire du début du siècle, qui a toujours considéré que la politique stalinienne était une erreur, et qu’elle ne pouvait mener qu’à l’échec de la Révolution, tout simplement parce qu’il fallait d’abord procéder à une révolution culturelle – une révolution de la superstructure idéologique – pour ensuite réussir à mener cette révolution dans l’infrastructure. Ceci est l’exemple typique d’une idée non coercitive, que j’appellerai aussi non aversive (pour reprendre une certaine terminologie de psychologie sociale), dont le but est de viser en priorité la culture avant de chercher à modifier la strate économique.

D’autres courants d’idées développent la même approche: comme par exemple B. Skinner, le fondateur d’une école de psychologie – le Behaviorisme – qui énonce en substance que l’homme est une machine à laquelle il suffit de donner les bons stimuli pour en obtenir les bonnes réponses. Skinner dit également, de manière encore plus explicite, que la contrainte est inutile: mais par contre que les renforcements non aversifs – c’est à dire les récompenses – sont toujours extrêmement utiles pour modifier le comportement des individus. Les renforcements aversifs, eux, provoquent l’opposition et la crispation des individus et de la société, et sont par conséquent voués à l’échec.

Une application des théories du contrôle

D’autres travaux de psychologie sociale s’appliquent à développer cette approche. Je pense à la psychologie de l’engagement, une théorie psychologie selon laquelle on modifie efficacement les comportements, et par conséquent les valeurs, en amenant les gens à s’engager (au sens du management), et donc en s’interdisant par cela toute pratique aversive.

Nous voyons ainsi apparaître une différence fondamentale entre pouvoir et contrôle. L’exercice du pouvoir est la technique traditionnellement adoptée dans tous les Etats de la planète. Elle a pour principal défaut de se heurter à la révolte latente des individus qui lui sont soumis. L’exercice du contrôle est une technique toute différente qui consiste à placer les gens dans un cadre tel qu’ils auront un sentiment de liberté, voire de grande liberté, alors que cette liberté sera en réalité étroitement canalisée dans un cadre fixé par les gouvernants. Cette opposition entre contrôle et pouvoir permet d’assurer la synthèse de nombreux travaux, et de comprendre ce qui est en train de se passer tant en Occident que dans l’ancien bloc communiste.

Les idées qui président autant à la perestroïka qu’à l’instauration du Nouvel ordre mondial sont une application des théories du contrôle. Elles visent à modifier les cadres qui organisent nos actions dans tous les domaines. Ces cadres sont nombreux: cadres religieux – les principaux cadres mentaux sont fournis par la religion -, cadres éthiques – cités dans les documents sus mentionnés -, cadres idéologiques. Plus généralement, il s’agit de réorganiser la culture et les objectifs de notre société par rapport à un “but supra-ordonné” – c’est à dire un but final de la société autour duquel tous les autres buts s’ordonnent.

Nous voici donc confrontés, pour nos problèmes écologiques, à un ennemi, qui n’est plus communiste, mais collectiviste. L’ennemi toujours socialiste est toujours vivant, et, quoiqu’il se soit immergé dans dans la culture libérale, il poursuit toujours la vieille idée de réaliser la synthèse du “socialisme de marché”, mais par d’autres moyens.

Une description plus scientifique de la logique de ce mouvement révolutionnaire s’articule autour de la théorie des systèmes et de la théorie du chaos. Pour ceux qui ne sont pas familiers avec ces concepts, je vais vous décrire la théorie du chaos à partir d’un exemple très simple. Si l’on place une cigarette au milieu de cette pièce, la fumée la remplira très rapidement . Pourtant la fumée vient quasiment d’un seul point, le bout de la cigarette, et cinq minutes plus tard, ces particules de fumée rempliront toute la pièce. Cet exemple signifie que des particules de fumée, qui sont initialement dans des positions très proches, peuvent au bout d’un temps relativement court se retrouver dans des positions extrêmement éloignées, voire totalement antagonistes. La caractéristique d’un système qui se trouve dans une situation de chaos est qu’il peut évoluer dans des directions radicalement opposées.

D’un point de vue constructiviste – c’est à dire du point de vue d’individus qui veulent agir sur la société pour la mener vers un état donné – cette expérience signifie que si l’on peut choisir une particule de fumée, et si l’on connait précisément l’évolution des particules de fumée, on peut choisir celle qui se retrouvera dans tel coin, là où l’on souhaiterait qu’elle arrive. Si une particule ne se trouve pas là où je désire l’amener, il suffit de la déplacer très légèrement dès le départ – aux conditions initiales, comme disent les scientifiques – pour qu’elle finisse là où je désire qu’elle soit. La caractéristique d’une situation de chaos serait ainsi de permettre de modifier radicalement l’évolution future, tout en n’apportant que de légères modifications à la situation initiale. Pour user d’un langage plus abstrait, on dira qu’une situation chaotique se contrôle avec des forces très faibles, comme le déplacement quasiment infinitésimal des particules de fumée de la mauvaise à la bonne position initiale.

Si l’on transpose cette approche au domaine social, au domaine économique ou au domaine politique, les conséquences sont bien évidemment immenses.

Selon la théorie des systèmes, si vous vous voulez modifier la trajectoire de la particule de fumée, vous qui êtes en dehors de ce système, vous devez faire partie d’un système d’ordre supérieur. Nous devons donc imaginer que le sous-système inférieur, la fumée, est soumis à un système d’ordre supérieur – par exemple l’expérimentateur; celui-ci pouvant être lui-même soumis à un autre système, disons par exemple un système juridique conditionné lui aussi par sa dépendance à l’égard d’un quatrième système d’un ordre encore supérieur, comme le système législatif, et ainsi de suite. Nous avons donc une hiérarchie de systèmes où chacun d’entre eux peut intervenir sur le système de rang immédiatement inférieur grâce à des forces très faibles. Donc le système (la fumée) peut voir ses trajectoires modifiées grâce à des forces infinitésimales, appliquées par un opérateur dont on pourra, s’il se trouve lui-même dans une situation chaotique, modifier le comportement par des forces également très faibles, le processus se répètant indéfiniment d’un niveau à l’autre. Ainsi, si nous considérons une hiérarchie systémique d’univers chaotiques, nous pouvons les manipuler avec des forces très faibles à chaque niveau.

Concilier un libéralisme apparent avec un constructivisme toujours réel.

Je ne vous décris en l’occurrence rien d’autre que les institutions de pouvoir international qui sont en train de se mettre en place, avec une hiérarchie de niveaux, d’abord mondial, puis continental, régional, national, départemental, municipal, etc.

La particularité de cette théorie des systèmes, lorsqu’elle est appliquée aux sciences sociales, est de permettre, en théorie, de concilier libéralisme – un libéralisme “apparent” – et collectivisme – mais un collectivisme bien “réel”; ce qui, du point de vue médiatique et politique, n’est bien entendu pas neutre.

Nous avons ainsi un sous-système qui est en bas, celui des acteurs économiques, dans une situation apparemment libérale; puis au-dessus, des institutions internationales, qui ne canalisent pas nécessairement l’action de ces acteurs économiques, mais modifient leurs anticipations en manipulant la monnaie, le budget, les législations ou les règles du commerce international. Nous avons alors un dirigisme réel en haut et, pour les besoins médiatiques, une apparence très suffisante de libéralisme en bas. Nous avons exactement la même chose dans le domaine politique, avec une démocratie apparente et un dirigisme, voire un totalitarisme, tout à fait réels. En bas on vote, mais le cadre dans lequel s’effectue ce vote est prédéterminé par le haut.

Je vous rappelle que le mondialisme est le mouvement qui s’identifie avec l’émergence de forces politiques mondiales, au premier rang desquelles l’ONU. Celle-ci représente une véritable force politique mondiale. Elle répond à une logique qui, pour une part, lui est interne. D’autre part, le mondialisme se donne pour objectif la création d’une nouvelle civilisation, comme on le verra dans la suite de mon exposé. Ne nous méprenons pas: nous avons besoin d’institutions internationales dans certains domaines; mais ces domaines sont en fait peu nombreux.

Après avoir exposé les méthodes, je vais maintenant vous parler des objectifs.

Le premier, tel qu’il est clairement exprimé dans tous les documents cités, est de diminuer, ou tout au moins de stabiliser la population humaine, avec des chiffres variables selon les sources. Il y a des textes qui parlent de cinq cent millions d’hommes! C’est le cas par exemple de Jacques-Yves Cousteau pour qui la population humaine ne devrait pas dépasser le demi milliard d’hommes.

Un deuxième objectif est d’imposer, grâce à l’influence des médias, mais aussi par la loi, des valeurs écologiques impliquant une modification profonde de nos valeurs. C’est ainsi que certains vont même jusqu’à envisager de créer une nouvelle religion, s’appuyant sur une nouvelle spiritualité, comme l’évoquent ouvertement certains des ouvrages auxquels j’ai fait référence.

Troisième objectif: l’égalisation mondiale des revenus. Les textes sont surabondants et totalement explicites Ils révèlent une obsession égalitariste qui tend à l’égalisation des revenus sur l’ensemble de la planète. Ce qui implique bien évidemment un contrôle de l’économie, des ressources et de la finance.

Une fois que l’on a ces objectifs bien en tête, il n’est pas difficile de comprendre que l’écologie constitue un formidable levier pour en assurer la réalisation.

Le faux procès de la couche d’ozone

J’évoquerai d’abord le trou dans la couche d’ozone, puis l’effet de serre. Et pour cela, je commencerai par la question des “buts supra-ordonnés” dont je vous ai parlé tout à l’heure.

Il s’agit d’un concept de psychologie sociale, développé par exemple dans les travaux de Mustapha Shérif. En substance, nous dit-on, deux groupes antagonistes – ou tout au moins apparemment antagonistes – ne peuvent parvenir à coopérer ou à se rapprocher que s’il existe un but susceptible de focaliser l’ensemble de leurs énergies. Ce but, qualifié de ” supra-ordonné “, doit fédérer tous les autres buts, en particulier ceux des acteurs individuels, mais aussi des Etats, des ministères, ou de toute autre organisation dirigeante. Ceci revient à réinventer le totalitarisme si l’on se rappelle que, par le passé, les “buts supra-ordonnés” ont été ceux de la race, de la classe ou d’une caste.

Alors que le trou dans la couche d’ozone n’est encore qu’un simple galop d’essai, l’effet de serre, lui, est véritablement conçu et présenté comme un “but supra-ordonné” majeur. Je pense par exemple à Al Gore lorsqu’il dit qu’il faut créer une nouvelle civilisation dont la protection de l’environnement sera le pivot.

Interrogeons-nous d’abord sur la réalité de ces phénomènes. Le trou dans la couche d’ozone, comme vous vous en rappelez sans doute, fut le symbole d’une époque où l’ouverture du journal télévisé de 20 heures se faisait fréquemment avec une image en fausses couleurs représentant l’Antarctique et le trou, cet énorme trou qui, nous disait-on, grossissait inexorablement et menaçait de recouvrir toute la planète, de nous absorber, de nous brûler, avec pour conséquence une augmentation considérable et inéluctable du nombre de cancers de la peau, des mutations génétiques incontrôlées, ou encore la destruction inévitable la bio-diversité (puisque certaines espèces y sont plus sensibles que d’autres).

Depuis lors, le souffle est retombé. Et l’on n’a plus entendu parler du trou dans la couche d’ozone depuis fort longtemps.

Que faut-il en retenir? Un entrefilet de cinq centimètres et demi sur quatre et demi, du prix Nobel de chimie Paul Crutzen, en page vingt-quatre d’un numéro du journal Le Monde: “lorsque des prévisions apocalyptiques furent avancées, y lit-on, on ne connaissait pas exactement l’ampleur de la détérioration de la couche d’ozone. Maintenant on sait que les dégâts seront très faibles. La démonstration a été faite que la couche d’ozone se détériore à un rythme fort ralenti.” C’est l’avis de nombreux autres scientifiques.

On nous a dit que ce trou serait causé par les CFC (Chloro-Fluoro-Carbone), un produit chimique qui sert notamment dans les circuits de réfrigération. Ces CFC ont été fabriqués industriellement après la seconde guerre mondiale, et leur production en masse a marqué les années 1960, l’époque du grand bon économique.

Or, la communauté scientifique connaît le trou dans la couche d’ozone – la littérature scientifique en fait foi – depuis 1929; c’est à dire au moins trente ans avant que la production intensive des CFC n’ait commencé. Ils ne peuvent donc pas être la cause du phénomène.

Mais son existence servait à merveille les desseins de certaines organisations internationales – notamment l’Organisation météorologique mondiale, toujours à la recherche de budgets plus importants pour financer ses recherches. C’est elle qui a initié la grande campage de sensibilisation des opinions publiques. Pour cela, les scientifiques qui lui apportaient leur soutien – comme Paul Crutzen, avant qu’il ne change semble-t-il d’avis – ont développé des modèles mathématiques complexes qui démontraient – nous disait-on – que les CFC rejetés par l’homme détruisaient inexorablement la couche d’ozone. Mais ces modèles étaient en réalité fondés sur des bases expérimentales extrêmement fragiles et incomplètes.

Aujourd’hui il est quasiment admis et prouvé que ces modèles étaient incapables de simuler la réalité, donc qu’ils étaient faux.

Comme je vous l’ai déjà dit, la littérature scientifique montre clairement que dès 1929, donc bien avant la production en masse des CFC, le trou dans la couche d’ozone était déjà une réalité. Il résulte d’un phénomène naturel qui existe depuis toujours et qui touche des contrées extrêmement éloignées, essentiellement le Pôle Sud. Ce qui est en cause est principalement l’activité volcanique naturelle du globe. Les volcans rejettent infiniment plus de chlore dans l’atmosphère que les CFC. Par exemple, je citerai le Mont Erebus, un volcan de l’Antarctique en éruption permanente, et qui rejette en permanence des milliers de tonnes de gaz, notamment des composés chlorés, juste à l’endroit où l’on situe le fameux trou dans la couche d’ozone.

Nous disposons donc aujourd’hui de nombreux éléments qui vont dans un sens totalement incompatibles avec la thèse des médias qui désigne l’homme comme l’auteur de ce crime écologique.

Cela dit, les conséquences économiques et politiques, elles, sont bel et bien réelles.

Il y a d’abord la création d’instances internationales chargées de contrôler l’évolution du trou, et d’inciter les Etats à arrêter ce processus destructeur. Elles sont cependant restées relativement discrète, par rapport à ce qui se passe sur l’autre front, celui de l’effet de serre.

Il y a ensuite l’effet médiatique et psychologique qui s’est traduit par l’introduction dans la conscience collective d’un sentiment nouveau: celui d’une authentique responsabilité mondiale qui impliquerait aussi bien les Russes, les Chinois, les Américains que les Européens (car, dans l’atmosphère, tous nos déchets finissent par se mélanger). Ainsi est apparue, et s’est imposée l’idée que l’on était bel et bien en face d’un véritable problème commun, qu’il fallait nécessairement gérer en commun.

Un sentiment d’interdépendance s’est ainsi créé qui conduit les opinions publiques à considérer que leur sort est désormais lié aux rejets de CFC qui souillent l’autre côté de la planète. Refuser de l’admettre vous désigne automatiquement comme complice d’une entreprise de destruction de la planète. Se diffuse ainsi un sentiment d’allégeance, non plus à une communauté locale, nationale, voire européenne, mais à une communauté mondiale. Ce facteur psychologique représente un fait politique de première grandeur.

L’imposture de l’effet de serre

Maintenant, parlons de l’effet de serre. Il résulte, nous dit-on, du réchauffement dû au gaz carbonique rejeté dans l’atmosphère par la combustion du bois, du gaz naturel ou du pétrole. Cette menace est terrifiante puisqu’il devrait en résulter une élévation de la température terrestre moyenne comprise entre deux et cinq degrés. Le niveau des mers pourrait monter de plusieurs dizaines de centimètres. Les maladies tropicales remonteraient jusque chez nous et le cycle de l’eau potable dans son ensemble serait totalement perturbé.

Il s’agirait donc d’un problème vraiment global, touchant l’ensemble de la planète, puisque toute activité humaine implique une production d’énergie, donc des rejets de gaz carbonique. C’est un problème économique global qui touche toute la société, dans la moindre de ses activités, telle se chauffer ou se déplacer. Tout le domaine social, politique et institutionnel sera donc fatalement concerné. Même l’éthique parce que, compte tenu du danger infini que fait courir cette menace à l’ensemble de la planète, il faudra, nous dit-on, modifier tout notre système de valeurs, y compris les valeurs spirituelles.

Il faudra également adapter le droit international, modifier aussi tout le système éducatif.

On est donc en présence d’un phénomène “systémique”, quasiment à l’état pur, et qui touche à tous les domaines de liberté et d’organisation des êtres humains.

La Commission trilatérale, dont les membres représentent à eux seuls à peu près soixante pour cent des forces économiques de la planète, évoque clairement l’objectif d’une réduction de la consommation d’énergie dans les pays développés comprise entre 20 et 60 %. Je vous laisse imaginer ce que cela signifie en terme économique.

Que faut-il en penser, du point de vue scientifique? Deux écoles s’affrontent. La première, l’école des libéraux, soutenus par des savants américains de renom, parle explicitement d’imposture. La deuxième école est celle des révolutionnaires qui, depuis la fin des années soixante, ne cessent d’annoncer une catastrophe imminente. Pour eux, il est incontestable que la température a déjà commencé à augmenter; et même que le niveau des mers subit déjà un phénomène d’élévation sensible. En réalité, ceux qui parlent ainsi se fondent encore une fois sur des modèles très incomplets, approximatifs, et donc complètement faux, de l’avis même des savants les plus rigoureux et les plus objectifs.

Toutes les prévisions déduites de ces modèles se sont jusqu’ici toujours révélées inexactes, très éloignées de la réalité. La plus belle preuve de leur erreur réside dans leur incapacité à donner une simulation acceptable des évolutions climatiques du passé. Les équations qu’ils utilisent sont très simplifiées. Notamment, elles n’intègrent pas les phénomènes d’ondes planétaires, qui jouent dans ce domaine un rôle important.

Des travaux plus rigoureux, et qui ne s’appuient pas uniquement sur des modèles de simulation mathématiques, suggèrent qu’il y a effectivement une certaine augmentation de la température dûe au gaz carbonique. Ils ne nient pas que les rejets humains puissent exercer une influence sur l’évolution des climats. Mais ils montrent que cette influence est extrêmement faible – de l’ordre de 0,5 degré seulement -, qu’elle est donc à la limite de l’indécelable, et qu’elle ne représente en fait pas grand chose par rapport aux fluctuations climatiques naturelles que l’on enregistre par delà les siècles.

Nous ne devons pas oublier que le climat est un élément qui varie en permanence. Par ailleurs, un demi-degré de réchauffement serait plutôt une bonne chose car l’augmentation de la concentration en gaz carbonique qui le provoquerait bénéficierait plus qu’elle ne nuirait à la croissance des plantes, donc à l’agriculture, aux forêts, et plus généralement à la vie – puisque celle-ci se fonde d’abord sur le phénomène de photosynthèse.

Il est peut-être possible d’identifier quelques effets secondaires négatifs bien insignifiants; mais fondamentalement les écologistes ne convainquent qu’eux-mêmes, et ceux qui ont envie d’être convaincus.

En fait, l’effet de serre est principalement imputable aux modifications de l’activité solaire, le soleil étant le principal vecteur d’influence sur le climat. Les scientifiques observent cette influence depuis une cinquantaine d’années. Même si nous n’en comprenons pas encore tous les mécanismes, c’est un phénomène qui est de mieux en mieux connu. Par ailleurs, il est bien connu également que des éléments contingents, comme la modulation du rayonnement galactique, exercent une influence sur l’évolution de la couverture nuageuse et ainsi modifient la manière dont une partie des rayons solaires est renvoyée vers l’espace.

Alors qu’en dire, sinon que ce à quoi nous avons affaire n’est qu’une grosse “escroquerie”. La majorité des savants s’efforcent de résister à cette double imposture médiatique et politique (parce que les hommes politiques, s’ils le voulaient vraiment, auraient tous les éléments à leur disposition pour savoir ce qu’il en est véritablement).

Le principe de précaution, retour à la pensée magique

Les conséquences de cette imposture sont gigantesques car elles touchent à tous les domaines, qu’ils soient économiques, éthiques et spirituels. Il faut donc bien comprendre ce qui est en cause. Notamment tout ce qui découle de la mise en pratique de ce fameux “principe de précaution” auquel tout le monde se réfère aujourd’hui de plus en plus ouvertement.

Ce principe dit en substance que toute action doit être interdite dont il n’est pas prouvé de manière certaine qu’elle n’entraînera pas d’effets négatifs.

Fait essentiel, ce principe de précaution se trouve d’ores et déjà, de facto, intégré dans le droit, tant dans le droit international que dans le droit français. Il ne s’agit pas seulement d’une lubie d’intellectuels. Mais d’un instrument extrêmement puissant qui nous replonge directement dans l’univers de la pensée magique. En effet, si on le suit à la lettre il en découle que dès que quiconque envisage un danger, aussi imaginaire soit-il, se crée une règle de droit qui nous interdit tout ce qui pourrait concrétiser ce danger (imaginaire) et nous enjoint ce qui pourrait l’écourter. Ainsi, si un écologiste prétend, de manière convaincante (mais purement rhétorique) que brûler du pétrole augmente la température de l’atmosphère, même si personne en fait n’en sait rien, et s’il n’en existe aucune preuve scientifique, il résulte du principe de précaution que cette assertion devient ipso facto vraie du point de vue du droit, et entraîne des effets juridiques. (1)

L’aboutissement d’une telle approche est, logiquement, de conduire à l’arrêt de toute activité économique, et de toute activité tout court! Concrètement, il s’agit seulement de limiter l’activité économique des pays développés, de manière, nous dit-on, à favoriser le rattrapage des pays sous-développés. Je suis bien entendu favorable au développement des pays sous-développés, mais pourquoi freiner le développement des autres?

Pour terminer, je voudrais revenir sur les objectifs du mouvement mondialiste et évoquer un instant un texte extraordinaire. Il s’agit du Report From The Iron Mountain(1967, trad. française de 1984 sous le titre La Paix Indésirable?– rapport sur l’utilité des guerres ). (2) Son sujet: l’utilité économique des guerres. Plus exactement, dans la perspectives de la convergence entre le système soviétique et le système américain – donc de la disparition des guerres – comment remplacer le rôle économique que remplissait le système militaro-économique par quelque chose d’autre?

Sur bien des aspects, c’est un rapport délirant. Mais il a tout de même fait l’objet, en son temps, d’un très vif débat aux Etats Unis, auquel ont participé les plus grands intellectuels du pays. Il a notamment bénéficié d’une couverture médiatique maximale.

Parmi les solutions proposées comme substitution au système militaro-industriel figurait la création d’une menace écologique fictive qui permettrait de remplir une “mission”. Quelle mission? Dans l’esprit des auteurs, il s’agissait de trouver le moyen de conserver à l’Etat un minimum de contrôle effectif sur l’appareil économique. Autrement dit, d’utiliser la réglementation écologique pour maintenir dans les mains de l’Etat une capacité d’action économique (mais aussi psychologique) qui se substituerait à celle dont il disposait dans le passé du fait des dépenses d’armement.

Ce texte remonte aux années 1965-1967. Mais nous subissons sa postérité. Dans L’Empire Ecologique, je montre comment tout un courant, représenté aujourd’hui par le vice-président américain Al Gore, s’inspire de cette problématique.

La conséquence de tout ceci, aujourd’hui, ce sont les protocoles adoptés lors de la conférence de Kyoto: quotas de gaz carbonique, vente et revente de ces quotas… Il en résultera que la production baissera dans les pays développés et augmentera dans les pays sous-développés. On aura des délocalisations massives d’industries, de capitaux, de technologie, voire même de main d’œuvre et de compétences. Autrement dit, le point d’arrivée de toute cette manipulation scientifique, médiatique, et politique, correspond très directement à ce qu’étaient les objectifs de départ formulés dans les années 1970 par les tenants du “Nouvel ordre mondial”.

Mais tout cela se fait aujourd’hui sous le couvert d’un langage soit disant libéral, au nom du libéralisme. La caractéristique de cette nouvelle idéologie au pouvoir est de nous affirmer que, depuis la disparition du communisme, nous sommes libres de faire ce que nous voulons; mais, attention, seulement à l’intérieur de certaines limites, déterminées par le niveau de rejets de gaz carboniques acceptable! Ainsi se trouvent conciliés une certaine apparence de libéralisme, avec un constructivisme et un dirigisme tout à fait réels, puisque ce que l’on y retrouve est une approche “systémique” caractérisée où les acteurs économiques de niveau inférieur sont libres de faire ce qu’ils veulent, mais dans un cadre pré-déterminé par les institutions internationales, en particulier celles qui ont en charge les questions de l’effet de serre.

L’écologie, levier d’un détournement de l’Etat de droit

Quels sont les éléments de libéralisme que ce système conserve? Le premier, psychologiquement le plus important, est l’illusion de la liberté individuelle. C’est l’héritage de tous les travaux de psychologie sociale qui ont établi de manière certaine que l’on ne peut gouverner un pays ou faire fonctionner une économie, ni en fonctionnant comme les soviétiques, ni en autorisant une trop grande autonomie des acteurs. Le système actuel intègre cette critique, puisque vous y trouvez une liberté individuelle qui est tout à fait considérable, avec une apparence de pluralisme, mais qui intègre un point qu’il n’est pas permis de remettre en cause: la question de l’effet de serre.

Vous avez donc un système complexe, auto-organisé, sans contrôle apparent, avec un ordre social spontané. Vous avez également un Etat de droit, autre élément fondamental. Donc, apparemment et du point de vue des médias, nous sommes dans un Etat de droit. Nous sommes gouvernés par des lois, et non par des hommes ou des dictateurs. Mais ces lois, règles abstraites, s’inscrivent au sein d’un cadre qui est prédéterminé par les institutions internationales, en particulier celles qui ont en charge l’effet de serre, et sont donc en mesure d’exercer une influence décisive sur toutes les activités économiques.

Nous sommes donc gouvernée par des lois. La contrainte est réduite au minimum. Nous nous sommes affranchis de tout système totalitaire pour rentrer dans quelque chose qui a les apparences d’une société de droit. Mais ce ne sont que les apparences d’une société ouverte, parce que cette société, encore une fois, s’inscrit dans un cadre qui a été pré-fixé. Il y a en quelque sorte instrumentalisation, détournement des idées libérales par le biais du caractère central donné à la gestion collective de certains “biens communs” tels l’atmosphère. La gestion de ces “biens communs” est l’alibi, le levier qui permet aujourd’hui d’aller jusqu’à réécrire complètement les règles de la justice et de la morale, tout en prétendant rester dans le droit chemin de la critique libérale. Cela permet de manipuler les valeurs ou les attitudes, de manipuler les normes sociales et la sensibilité.

A l’instar de la conception marxiste évoquée au début de mon intervention, nous avons affaire à la modification de la superstructure par la modification des règles qui s’appliquent à la société.

Cette synthèse “systémique” offre, au niveau inférieur, un semblant de société ouverte, mais avec un échelon supérieur qui s’emploie à générer des règles finalisées d’où découle une société qui n’a plus que les apparences de l’ouverture. Nous ne sommes plus dans une société ouverte. Nous n’en avons que l’ apparence. C’est une société fermée qui s’inscrit dans la logique d’une telle approche

L’objectif, j’y reviens, est rien moins que de créer une nouvelle civilisation. De manière globale, on a quelque chose qui ressemble fort à une manipulation de la conception de Dieu. (3)

Là encore, les textes des institutions internationales sont explicites. Ils nous montrent que l’écologie se résume souvent à une volonté de ramener les individus vers une conception païenne de la nature, où c’est la nature qui est la divinité. Ce qui est ainsi clairement recherché est une modification explicite de la conception de l’homme, de Dieu, de la nature, du monde … donc une modification des conceptions culturelles de fond de notre civilisation.

Notre civilisation est fondée sur une conception judéo-chrétienne de l’homme, que l’on soit chrétien, juif ou musulman. Ce paradigme – l’homme, un être voulu et conçu par Dieu -, est la base de notre droit.

Dès lors que l’on comprend que la conception de l’homme dans l’Univers est fondamentalement mise en cause – “l’homme, cet être néfaste et polluant” -, on a également compris que l’écologie vise finalement rien moins qu’au renversement de cette conception pour lui substituer la collectivité. L’homme ne vient plus qu’en second. On passe de l’homme en tant qu’individu, à l’homme comme membre de la collectivité. Le totalitarisme n’est pas mort.

Notas de Olavo de Carvalho

(1) No mesmíssimo sentido, e talvez mais fundo ainda, vai o esboço de “código penal cultural” da Unesco, que comentei em O Futuro do Pensamento Brasileiro (2a. ed., Rio, Faculdade da Cidade Editora, 1998). — O. de C.

(2) Uma análise extensiva desse documento encontra-se em The Grening. Plot for Environmental Control, de Larry H. Abraham, cujo texto integral será em breve reproduzido neste site. — O. de C.

(1) Não há de ser coincidência que um dos principais instrumentos teóricos concebidos para essa manipulação – o “princípio de precaução” – tenha sido criado logo por um cérebro como o do prof. Hans Jonas, o mais famoso historiador da gnose. Isto não só vem confirmar a tece célebre de Eric Voegelin sobre a origem gnóstica dos totalitarismos modernos, mas enfatizar a necessidade urgente de uma compreensão mais clara do fenômeno gnóstico, compreensão à qual nada contribui o alarmismo delirante de certos católicos ultraconservadores que, numa verdadeira “lógica dos gatos pardos”, como diria Ortega y Gasset, distribuem o rótulo de gnose (no sentido estrito de Hans Jonas) a tudo quanto lhes pareça estranho, temível ou heterodoxo, incluindo as manifestações mais ortodoxas da mística islâmica e judaica. Voltarei a este assunto. — O. de C.

A face oculta do mundialismo verde

Pascal Bernardin

http://www.euro92.org/edi/biblio/bernardin2.htm

Tradução de Joel Nunes dos Santos e Roberto Mallet

Os visitantes deste site já conhecem o nome de Pascal Bernardin, tanto pela alusão que a ele fiz no meu artigo “Ideário do absurdo” quando pelos comentários de Charles Lagrave no link O império ecológico e o totalitarismo planetário. Agora encontrei esta conferência dele na página do Instituto Euro 92 (onde há dezenas de outras leituras importantíssimas), e não pude deixar de transcrevê-la aqui com algumas notas minhas, malgrado minha falta de tempo para traduzi-la. Se algum visitante puder fazer a tradução e enviá-la a olavo@olavodecarvalho.org, terá prestado um esplêndido serviço a todos. – O. de C.

Nota do Instituto Euro 92

Desde o fim do comunismo, o socialismo bate em retirada ao conceder mais espaço aos mecanismos que deixam uma maior margem de liberdade aos comportamentos individuais. Contudo, a ameaça não desapareceu. Embora não se trate de grandes leis históricas que fariam do Proletariado o instrumento e o veículo do Progresso, trata-se da Ecologia – mais precisamente, das elites científicas e ecológicas que se autodenominaram os messias dos novos tempos – que pretendem impor seus objetivos como elementos reguladores da liberdade dos indivíduos. No texto a seguir, Pascal Bernardin, autor de “O Império ecológico” mostra como o problema da gestão dos “bens comuns” é hoje em dia utilizado como álibi para recriar completamente as regras da justiça e da moral, sempre pretendendo manter-se no estrito limite de uma crítica liberal. Este texto é a transcrição de uma conferência pronunciada ao Instituto Euro 92 no dia 14 de abril de 1999.

Permitam-me, de início, apresentar-me. Sou politécnico e doutor em informática. Ensino informática fundamental, quer dizer, matemática da informática na Universidade de Aix-Marseille III.

Esclareço-o porque irei tratar de questões científicas muitas vezes debatidas, em particular a questão do efeito estufa.

Vim falar de minha obra intitulada O Império Ecológico, lançada em dezembro de 98, a qual trata da ecologia em suas principais dimensões, com a notória exceção dos aspectos jurídicos e educativos.

No curso desta conferência, vou mostrar como e em que medida a política e os temas ecológicos se articulam com os dois fenômenos políticos maiores do último decênio e do fim do século, a saber, a perestroika e a emergência da Nova Ordem Mundial.

As questões ecológicas são as questões fundamentais que envolvem todos os domínios: domínio econômico, político, constitucional, financeiro, e às vezes o ético e o religioso. Trata-se, portanto, para mim, de uma questão verdadeiramente central, que retoma certas idéias liberais mas que vai muito além delas.

De início, na primeira parte desta intervenção, quero falar dos objetivos mantidos pelas elites pós-comunistas que permaneceram de pé, malgrado o desaparecimento do comunismo e da queda do muro de Berlim, as quais, hoje em dia, estão integradas no conjunto das elites ditas mundialistas, alojadas no coração das instituições internacionais. Vocês notarão a diferença entre mundialismo e mundialização. Conservo o termo mundialismo para descrever a emergência das forças políticas em nível mundial; reservo o termo mundialização para a emergência de um mercado global e de instituições econômicas e financeiras globais.

A situação política do último quarto de século tem sido marcada pela queda do muro de Berlim, e simultaneamente pela instauração de uma “Nova Ordem Mundial” proposta pelo presidente George Bush. Considero que a análise desses dois fenômenos permanece ainda muito incompleta. Com efeito, nenhuma explicação real do fenômeno da perestroika foi dada. Além do mais, os objetivos precisos da mundialização e do mundialismo permaneceram muito vagos. Dito de outro modo, estamos, atualmente, num vazio conceptual absoluto; vazio que toca os dois elementos principais da vida política mundial deste fim de século. Tais são os elementos que vou pôr em evidência, adotando a ecologia como fio condutor.

No que se refere ao mundialismo, vou basear-me exclusivamente nos textos oficiais das instituições internacionais – e eles são extremamente numerosos –, como Our Global Neighbourhood (1995 – Oxford University Press), um relatório da Comissão sobre o Governo Global (Comission on Global Governance). É uma comissão estabelecida sob a égide da ONU, que inclui membros eminentes e de elevadíssimo nível, em particular Jacques Delors, atualmente Presidente da Comissão européia.

De um outro ponto de vista, vou referir-me a Ethics and Spirituals Values, relatório redigido pelo Banco Mundial, centrado nos valores éticos e espirituais para um desenvolvimento durável; quer dizer, para um desenvolvimento ecologicamente são, ou pelo menos pretendido tal.

Enfim, e não o menor deles, a um documento oriundo da conferência de Copenhague, organizado pelas Nações Unidas (Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social, de 6 a 12 de março de 1995), com o título de As Dimensões Éticas e Espirituais do Desenvolvimento Social.

Para as referências à perestroika, apoio-me igualmente em documentos públicos, que não têm a mesma autoridade porque não possuem a chancela das Nações Unidas, contudo escritos por Gorbatchev e Chevernadze entre outros.

Da Perestroika à ecologia

Para começo de conversa, que é a perestroika? Contrariamente ao que a mídia quer nos impingir, é algo diferente da queda do muro de Berlim sob um incontido impulso democrático. A perestroika é, na realidade, um movimento que foi planejado desde o fim da década de 1950. Sua descrição chegou-nos de um certo Goligsyne, oficial superior da KGB, que mudou para o Ocidente no fim dos anos 1960. Encontramos seus escritos num relatório que estava destinado aos Serviços Secretos, mas também numa obra pública que apareceu antes de 1985 e da chegada ao poder de Gorbatchev. Que diz ele? Que a perestroika é um processo socialista revolucionário, inspirado na Nova Política Econômica de Lênin: que ela está destinada a reestruturar (perestroika significa reestruturação) o socialismo na URSS e não a erradicá-lo. Sobretudo, trata-se de reestruturar a imagem que os ocidentais podem ter do socialismo em geral.

Descartando completamente a tese de um complô mundial, minha convicção é que é a reunião dos temas revolucionários, que permanece de pé atualmente, contidos na perestroika, que se encontra no coração da política ecológica. Não existe acaso. É possível lembrar que Gorbatchev, em seus escritos, diz explicitamente que a ecologia é um veículo revolucionário. Hoje em dia, Gorbatchev é o Presidente da Cruz Verde internacional.

Falemos agora dos objetivos do poder mundialista. Este poder pretende, evidentemente, tirar proveito, ao mesmo tempo, tanto da experiência democrática como da liberal – as referências aos elementos liberais são numerosas, não obstante considerando-as num quadro que não tem, na realidade, muita coisa a ver com o liberalismo – a fim de, delas, fazer uma síntese orientada por um objetivo na verdade coletivista. Este poder parte do princípio – liberal! – de que toda coerção está voltada ao fracasso, que os métodos não coercitivos, que deixam nos governados a ilusão de liberdade, são os que devem ser utilizados para chegar ao objetivo pretendido.

A idéia de recusar a coerção e fazer apelo apenas ao sentimento de liberdade é uma idéia fundamental utilizada por um grande número de pensadores. Penso, por exemplo, em Antônio Gramsci, o revolucionário do início do século, que sempre achou que a política stalinista era um erro, que ela não poderia senão conduzir ao fracasso da Revolução, muito simplesmente porque era preciso, antes, proceder a uma revolução cultural – uma revolução da superestrutura ideológica – para, em seguida, ser bem sucedido na condução desta revolução na infraestrutura. Isto é o exemplo típico de uma idéia não coercitiva, que denominarei também não aversiva (para retomar uma certa terminologia de psicologia social), cujo objetivo visa, primeiramente, à cultura, antes de tentar modificar o estrato econômico.

Outras correntes de idéias desenvolvem a mesma relação: como por exemplo B. Skinner, o fundador de uma escola de psicologia – o Behaviorismo – que, em substância, diz que o homem é uma máquina à qual basta dar estímulos positivos para obterem-se boas respostas. Skinner diz também, de maneira ainda mais explícita, que a repressão é inútil: que, ao contrário, os reforços não-aversivos – quer dizer, as recompensas – são sempre extremamente úteis para modificar o comportamento dos indivíduos. Os reforços aversivos, eles, provocam a oposição e a crispação dos indivíduos e da sociedade, e estão, em conseqüência, fadados ao fracasso.

Uma aplicação das teorias do controle

Outros trabalhos de psicologia social dedicam-se a desenvolver esta relação. Penso na psicologia do engajamento, uma teoria psicológica segundo a qual modifica-se eficazmente os comportamentos, e, em conseqüência, os valores, ao levar as pessoas a se engajar (no sentido de dirigismo), e, portanto, proibindo-se, por isso, toda prática aversiva.

Vemos assim surgir uma diferença fundamental entre poder e controle. O exercício do poder é a técnica tradicionalmente adotada por todos os Estados do planeta. Ela tem como principal defeito chocar-se contra a revolta latente dos indivíduos que lhes estão submissos. O exercício do controle é uma técnica toda diferente, que consiste em colocar as pessoas num quadro tal que elas desfrutarão de um sentimento de liberdade, às vezes de grande liberdade, ao tempo em que esta liberdade será, na realidade, estreitamente canalizada num quadro fixado pelos governantes. Esta oposição entre controle e poder permite assegurar a síntese de numerosos trabalhos, e de compreender o que está a caminho de ocorrer tanto no Ocidente quanto no antigo bloco comunista.

As idéias que presidem tanto à perestroika quanto à instauração da Nova Ordem Mundial são uma aplicação das teorias do controle. Elas pretendem modificar os quadros que organizam nossas ações em todos os domínios. Os quadros (âmbitos) são numerosos: religiosos – os principais âmbitos mentais são fornecidos pela religião –, éticos – citados nos documentos abaixo mencionados –, ideológicos. Mais freqüentemente, trata-se de reorganizar a cultura e os objetivos de nossa sociedade com relação a um “objetivo supra-ordenado” – quer dizer, um objetivo final da socidade em torno do qual todos os demais objetivos se ordenam.

Eis-nos portanto confrontados, devido a nossos problemas ecológicos, com um inimigo, que não é mais comunista, mas coletivista. O inimigo, sempre socialista, está sempre vivo, e, embora esteja imerso na cultura liberal, persegue sempre a velha idéia de realizar a síntese do “socialismo de mercado”, porém por outros meios.

Uma descrição mais científica da lógica deste movimento revolucionário articula-se em torno da teoria dos sistemas e da teoria do caos. Para os que não estão familiarizados com estes conceitos, vou descrever a teoria do caos a partir de um exemplo muito simples. Se alguém coloca um cigarro no meio desta sala, a fumaça a encherá muito rapidamente. Porém, a fumaça vem quase que de um único ponto, da ponta do cigarro, e cinco minutos mais tarde, as parcículas de fumaça preencherão toda a sala. Este exemplo significa que as partículas de fumaça, que estão inicialmente em posições muito próximas, podem, ao cabo de um tempo relativamente curto, encontrar-se nas posições extremamente afastadas, às vezes totalmente opostas. A característica de um sistema que se encontra numa situação de caos é que ele pode evoluir em diereções radicalmente opostas.

De um ponto de vista construtivista – quer dizer, do ponto de vista de indivíduos que querem agir sobre a sociedade para conduzí-la a uma certa condição – esta experiência significa que, se é possível escolher uma partícula de fumaça, e se se conhece precisamente a evolução das partículas de fumaça, pode-se escolher aquela que se encontra em tal lugar, lá onde se deseja que ela chegue. Se uma partícula não se encontra lá onde se deseja conduzí-la, basta deslocá-la muito levemente desde o início – desde as condições inciais, como dizem os cientistas – para que ela acabe lá onde se deseja que ela esteja. A característica de uma situação de caos seria tal que permitira modificar radicalmente a evolução futura, sempre introduzindo apenas leves modificações na situação inicial. Para usar uma linguagem mais abstrata, dir-se-ia que uma situação caótica se controla com as forças muito fracas, como o deslocamento quase que infinitesimal das partículas de fumaça da ruim à boa posição inicial.

Se se transporta esta relação ao domínio social, ao domínio econômico e ao domínio político, as conseqüências são, evidentemente, imensas.

Segundo a teoria dos sistemas, caso se queira modificar a trajetória da partícula de fumaça, aquele que estiver fora deste sistema, deverá fazer parte de um sistema de ordem superior. Devemos então imaginar que o subsistema inferior, a fumaça, está submissa a um sistema de ordem superior – por exemplo, ao experimentador, este podendo estar também submisso a um outro sistema, digamos, por exemplo, a um sistema jurídico, ele também condicionado por sua dependência a respeito de um quarto sistema de uma ordem ainda superior, como o sistema legislativo, e assim por diante. Temos, portanto, uma hierarquia de sistemas onde cada um dentre eles pode intervir sobre o sistema de nível imediatamente inferior graças a forças muito fracas. Portanto, o sistema (a fumaça) pode ver suas trajetórias modificadas graças às forças infinitesimais, aplicadas por um operador do qual se poderá, caso ele se encontre numa situação caótica, modificar o comportamento por meio de forças igualmente muito fracas, o processo repetindo-se indefinidamente de um nível a outro. Assim, se admitimos uma hierarquia sistêmica de universos caóticos, podemos manipulá-los com forças muito fracas em cada nível.

Conciliar um liberalismo aparente com um construtivismo sempre real.

Não descrevi, no caso presente, nada mais que as instituições de poder internacional que estão na iminência de se estabelecerem, com uma hierarquia de níveis, em princípio mundial, depois continental, regional, nacional, departamental, municipal, etc.

A particularidade desta teoria dos sistemas, quando aplicada às ciências sociais, é permitir, em teoria, conciliar liberalismo – um liberalismo “aparente” – e coletivismo – mas um coletivismo bem “real”; o que, do ponto de vista midiático e político, não é, bem entendido, nêutro.

Temos assim um subsistema que está em baixo, o dos atores econômicos, numa situação aparentemente liberal; depois, acima, as instituições internacionais, que não canalizam necessariamente a ação desses atores econômicos, mas modificam suas antecipações manipulando a moeda, o orçamento, as legislações ou as regras do comércio internacional. Temos, então, um dirigismo real no alto e, para as necessidades intermediárias, uma suficiente aparência de liberalismo em baixo. Temos exatamente a mesma coisa no domínio político, com uma democracia aparente e um dirigismo, às vezes um totalitarismo, totalmente reais. Em baixo vota-se, mas o quadro dentro do qual se efetua o voto é predeterminado desde cima.

Lembro a vocês que o mundialismo é o movimento que se identifica com a emergência de forças políticas mundiais, no primeiro nível das quais está a ONU. Esta representa uma verdadeira força política mundial. Ela responde a uma lógica que, de um lado, lhe é interna; de outro lado, o mundialismo dá-se por objetivo a criação de uma nova civilização, como se verá na seqüência de minha explicação. Não nos iludamos: temos necessidade de instituições internacionais em certos domínios; tais domínios, porém, são, de fato, pouco numerosos.

Depois de ter mostrado os métodos, vou agora falar dos objetivos.

O primeiro, tal como está claramente expresso em todos os documentos citados, é diminuir, ou pelo menos estabilizar, a população humana, com números variáveis segundo as fontes. Há textos que falam de quinhentos milhões de pessoas! É o caso, por exemplo, de Jacques-Yves Cousteau, para quem a população humana não deveria ultrapassar meio bilhão! de pessoas.

Um segundo objetivo é o de impor, graças à influência da mídia, mas também por meio da lei, valores ecológicos que implicam numa profunda modificação de nossos valores. É assim que alguns chegam mesmo até a pretender criar uma nova religião, que se apoia numa nova espiritualidade, como abertamente o dizem certas obras às quais já me referi.

Terceiro objetivo: a equalização mundial dos salários. Os textos são superabundantes e totalmente explícitos. Eles revelam uma obsessão igualitarista que tende à equalização dos salários em todo o planeta. O que resulta, bem evidentemente, num controle da economia, das riquezas e da finança.

Uma vez que se tenha esses objetivos na cabeça, não é difícil compreender que a ecologia constitui uma formidável alavanca para assegurar sua realização.

O falso processo da camada de ozônio

Referir-me-ei, em princípio, ao buraco na camada de ozônio, depois ao efeito estufa. E para isto, começarei pela questão dos “objetivos supra-ordenados” dos quais já falei.

Trata-se de um conceito de psicologia social, desenvolvido, por exemplo, nos trabalhos de Mustapha Shérif. Em substância, diz-nos, dois grupos antagonistas – ou pelo menos aparentemente antagonistas – não podem chegar a cooperar ou a se aproximar a menos que exista um objetivo suscetível de focalizar o conjunto de suas energias. Este objetivo, qualificado de “supra-ordenado”, deve amalgamar todos os outros objetivos, em particular aqueles dos atores individuais, mas também congregar os Estados, os ministérios, ou toda outra organização dirigente. Isto significa reinventar o totalitarismo, caso se lembre que, no passado, os “objetivos supra-ordenados” foram os da raça, da classe ou de uma casta.

Enquanto que o buraco na camada de ozônio nada mais é que um balão de ensaio, o efeito estufa, ele, é verdadeiramente concebido e apresentado como um “objetivo supra-ordenado” maior. Penso, por exemplo, em Al Gore, quando ele diz que é preciso criar uma nova civilização, cuja proteção do meio-ambiente será o pivô.

Interroguemo-nos sobre a realidade desses fenômenos. O buraco na camada de ozônio , como, sem dúvida, você se lembra, foi o símbolo de uma época quando a abertura do jornal televisado das 20 horas se fazia freqüentemente com uma imagem em cores falsas representando a Antartica e o buraco, este enorme buraco que, diziam-nos, crescia inexoravelmente e ameaçava cobrir todo o planeta, absorver-nos, queimar-nos, com, em conseqüência, um aumento considerável e inelutável do número de cânceres de pele, mutações genéticas incontroláveis, ou ainda a destruição inevitável da bio-diversidade (porque algumas espécies são mais sensíveis a ele que outras).

Desde então, o gás acabou. E, desde há muito, não se escutou mais falar do buraco na camada de ozônio.

O que é preciso reter? Um pequeno artigo de cinco centímetros e meio por quatro e meio, do prêmio Nobel de química Paul Crutzen, na página vinte quatro de um número do jornal Le Monde: “quando as previsões apocalípticas foram noticiadas”, lia-se, “não se conhecia exatamente a amplitude da deterioração da camada de ozônio. Agora, sabe-se que os danos serão mínimos. A demonstração tem sido feita, de que a camada de ozônio deteriora-se num rítmo muito lento.” Este é o ponto-de-vista de numerosos outros cientistas.

Tem-se dito que o buraco seria causado pelos CFC (Cloro-Fluor-Carbono), um produto químico que se encontra principalmente nas geladeiras. Esses CFC foram fabricados industrialmente após a segunda guerra mundial, e sua produção em massa marcou os anos 1960, época do grande boom econômico.

Ora, a comunidade científica conhecia o buraco na camada de ozônio – a literatura científica disso dá fé – desde 1929; quer dizer, pelo menos trinta anos antes da produção intensiva dos CFC ter começado. Eles não podem, portanto, ser a causa do fenômeno.

Mas sua existência serviu maravilhosamente aos desejos de certas organizações internacionais – notadamente a Organização Meteorológica Mundial, sempre em busca de maiores orçamentos para financiar suas pesquisas. É ela que iniciou a grande campanha de sensibilização das opiniões públicas. Por isto, os cientistas que lhe deram apoio – como Paul Crutzen, antes de ele mudar, parece, de ponto-de-vista – desenvolveram os modelos matemáticos complexos que demonstravam – diziam-nos – que os CFC rejeitados pelo homem destruiriam inexoravelmente a camada de ozônio. Mas esses modelos eram, na realidade, baseados em bases experimentais extremamente frágeis e incompletas.

Hoje em dia está quase que admitido e provado que esses modelos eram incapazes de simular a realidade, portanto, que eles eram falsos.

Como já disse, a literatura científica mostra claramente que, desde 1929, portanto, muito antes da produção em massa dos CFC, o buraco na camada de ozônio era já uma realidade. Ele resulta de um fenômeno natural que existe desde sempre e que se observa em lugares extremamente afastados, principalmente o Polo Sul. O que está em causa é principalmente a atividade vulcânica natural do globo. Os vulcões lançam infinitamente mais Cloro na atmosfera que os CFC. Por exemplo, citarei o Monte Érebo, um vulcão da Antártida em constante erupção, que lança permanentemente milhares de toneladas de gases, notadamente os compostos clorados, justamente no lugar onde se situa o famoso buraco na camada de ozônio.

Dispomos hoje em dia de numerosos elementos que vão em sentidos totalmente incompatíveis com a tese das mídias que acusam o homem de autor deste crime ecológico.

Dito isto, as conseqüências econômicas e políticas, elas, são verdadeiramente reais.

Haverá, em princípio, a criação de órgãos internacionais encarregados de controlar a evolução do buraco, e de incitar os Estados a impedir este processo destruidor. Elas, porém, têm-se mantido relativamente discretas, com relação ao que se passa num outro front, o do efeito estufa.

Há em seguida o efeito midiático e psicológico que se traduziu pela introdução na consciência coletiva de um sentimento novo: o de uma autêntica responsabilidade mundial que envolveria tanto os russos, os chineses, os americanos, quanto os europeus (porque, na atmosfera, todos os dejetos terminam por se misturar). Assim apareceu, e se impôs, a idéia de que se estava verdadeiramente em face de um real problema comum, que era preciso necessariamente gerir em conjunto.

Assim, criou-se um sentimento de interdependência, o qual conduz as opiniões públicas a considerar que sua sorte está doravante ligada aos dejetos de CFC que poluem o outro lado do planeta. Recuar admití-lo designa quem o faça, automaticamente, como cúmplice de um empreendimento de destruição do planeta. Difunde-se assim um sentimento de fidelidade, não mais a uma comunidade local, nacional, talvez européia, mas a uma comunidade mundial. Este fator psicológico representa um fato político de primeira grandeza.

A impostura do efeito estufa

Agora, falemos do efeito estufa. Ele resulta, dizem-nos, do aquecimento do gás carbônico lançado na atmosfera pela combustão da madeira, do gás natural ou do petróleo. Esta ameaça é terrificante, porque dela deveria resultar uma elevação da temperatura terrestre média, compreendida entre dois e cinco graus. O nível dos mares poderia elevar-se algumas dezenas de centímetros. As doenças tropicais elevar-se-iam em nós e o ciclo da água potável em seu conjunto seria totalmente perturbado.

Tratar-se-ia, portanto, de um problema verdadeiramente global, que envolveria todo o planeta, porque toda atividade humana implica numa produção de energia, portanto de emissão de gás carbônico. É um problema econômico global que envolve toda a sociedade, na menor de suas atividades, como dirigir ou se deslocar. Todo o domínio social, político e institucional estará fatalmente envolvido. Mesmo o domínio ético, porque, na avaliação do perigo infinito que esta ameça faz pesar sobre o planeta, é preciso, dizem-nos, modificar todo nosso sistema de valores, inclusive os valores espirituais.

É preciso igualmente adaptar o direito internacional, modificar também todo o sistema educativo.

Está-se então em presença de um fenômeno “sistêmico”, quase que em seu estado puro, e que envolve todos os domínios da liberdade e da organização dos seres humanos.

A Comissão Trilateral, cujos membros representam, exclusivamente eles, quase que sessenta por cento das forças econômicas do planeta, evoca claramente o objetivo de uma redução do consumo de energia nos países desenvolvidos compreendido entre 20 e 60%. Deixo que vocês imaginem o que isto significa em termos econômicos.

Do ponto-de-vista científico, o que se pode pensar disso? Duas escolas digladiam. A primeira, a escola dos liberais, mantida pelos sábios americanos de renome, fala explicitamente de impostura. A segunda escola é a dos revolucionários que, desde o fim dos anos sessenta, não param de anunciar uma catástrofe iminente. Para eles, é incontestável que a temperatura já começou a aumentar, e inclusive que o nível dos mares já sofreu um sensível fenômeno de elevação. Na realidade, os que falam assim baseiam-se, uma vez mais, em modelos muito incompletos, aproximativos, e portanto completamente falsos, segundo o ponto-de-vista mesmo dos sábios, os mais rigorosos e os mais objetivos.

Todas as previsões deduzidas destes modelos até aqui sempre se revelaram inexatas, muito afastadas da realidade. A mais bela prova de seu erro repousa em sua incapacidade de dar uma simulação aceitável das evoluções climáticas do passado. As equações que utilizam são muito simplificadas. Notadamente, elas não integram os fenômenos de ondas planetárias, que desempenham, neste domínio, um papel importante.

Os trabalhos mais rigorosos, e que não se apoiam unicamente sobre modelos de simulação matemática, sugerem que há, efetivamente, um certo aumento da temperatura devido ao gás carbônico. Eles não negam que as emissões humanas possam exercer uma influência sobre a evolução dos climas. Contudo, eles mostram que esta influência é extremamente fraca – da ordem de 0,5 grau apenas –, que ela está no limite do imperceptível, e que ela não representa, de fato, grande coisa com relação às flutuações climáticas naturais que se registram ao longo dos séculos.

Não devemos esquecer que o clima é um elemento que varia permanentemente. Por outro lado, meio grau de aquecimento seria antes uma boa coisa, porque o aumento da concentração de gás carbônico, que o provocasse, beneficiaria mais que prejudicaria o crescimento das plantas, portanto à agricultura, às florestas, e mais geralmente à vida – porque esta se baseia, em princípio, no fenômeno da fotossíntese.

Talvez seja possível identificar alguns efeitos secundários negativos bem insignificantes; contudo, fundamentalmente, os ecologistas convencem apenas a eles mesmos, e os que desejam ser convencidos.

De fato, o efeito estufa é principalmente imputável às modificações da atividade solar, o sol sendo o principal vetor de influência do clima. Os cientistas observam esta influência desde há uns cinqüenta anos. Mesmo que não compreendamos ainda todos os seus mecanismos, é um fenômeno que se torna cada vez melhor conhecido. Destarte, é bem conhecido, igualmente, que os elementos contingentes, como a modulação da irradiação galática, exercem uma influência sobre a evolução da cobertura das nuvens e assim modificam a maneira pela qual uma parte dos raios solares é reenviada em direção ao espaço.

Portanto, que dizer disso, senão que isto com o que tratamos nada mais é que uma grande “escroqueria”? A maioria dos sábios se esforça em resistir a esta dupla impostura midiática e política (porque os políticos, caso realmente quisessem, teriam todos os elementos à sua disposição para saber do que verdadeiramente se trata).

O princípio de precaução, retorno ao pensamento mágico

As conseqüências desta impostura são gigantescas, porque elas envolvem todos os domínios, quer sejam econômicos, éticos ou espirituais. É preciso então bem compreender o que está envolvido. Principalmente tudo o que deriva da ativação do famoso “princípio de precaução” ao qual todo mundo se refere hoje em dia cada vez mais abertamente.

Substancialmente, este princípio diz toda ação deve ser proibida, uma vez que não esteja provado de maneira indiscutível que ela não introduzirá efeitos negativos.

Fato essencial, este princípio de precaução se encontra desde já, de fato, integrado no direito, tanto no direito internacional quanto no direito francês. Não se trata apenas de uma fantasia de intelectuais. Porém, de um instrumento extremamente poderoso que nos imerge diretamente no universo do pensamento mágico. Com efeito, caso se o siga ao pé da letra, resulta que desde que alguém vislumbre um perigo, ainda que imaginário, cria-se uma regra de direito que nos proibe tudo que poderia concretizar este perigo (imaginário) e nos ordena expressamente fazer o que poderia minimizá-lo. Deste modo, se um ecologista afirma, de maneira convincente (mas puramente retórica) que queimar petróleo aumenta a temperatura da atmosfera, mesmo que ninguém de fato nada saiba a respeito, e se não existe nenhuma prova científica, resulta do princípio de precaução que esta afirmativa se torna ipso facto verdadeira do ponto-de-vista do direito, e desencadeia efeitos jurídicos(1).

A culminação de uma tal conclusão é, logicamente, conduzir à suspensão de toda atividade econômica, e de toda atividade tout court! Concretamente, trata-se somente de limitar a atividade econômica dos países desenvolvidos, de maneira, dizem-nos, que favoreça a recuperação dos países subdesenvolvidos. Eu sou, bem entendido, favorável ao desenvolvimento dos países subdesenvolvimentos, mas por que frenar o desenvolvimento dos outros?

Para terminar, quero voltar aos objetivos do movimento mundialista e invocar, momentaneamente, um texto extraordinário. Trata-se do Report From The Iron Mountain (1967, trad. francesa de 1984 sob o título La Paix Indésirable? [A Paz Indesejável?] – relatório sobre a utlidade das guerras)(2). Seu tema: a utilidade econômica das guerras. Mais exatamente, na perspectiva da convergência entre o sistema soviético e o sistema americano – portanto da desaparição das guerras – como substituir, com alguma outra coisa, o papel econômico que o sistema militar-econômico supria?

Sob inúmeros aspectos, é um relatório delirante. Mas existe de fato um tema, daquela época, e um debate muito vivo, nos Estados Unidos, do qual os maiores intelectuais do país têm participado. Ele tem-se beneficiado de uma cobertura máxima da mídia.

Entre as soluções propostas como substitução ao sistema militar-industrial, apareceu a da criação de uma ameaça ecológica fictícia que permitiria cumprir uma “missão”. Qual missão? No espírito dos autores, trata-se de encontrar o meio de conservar ao Estado um mínimo de controle efetivo sobre o aparelho econômico. Dito de outro modo, de utilizar a regulamentação ecológica para manter nas mãos do Estado uma capacidade de ação econômica (mas também psicológica), que substituirá aquela da qual ele dispunha no passado, em virtude das despesas armamentistas.

Este texto remonta aos anos 1965-1967. Mas nós sofremos sua posteridade. No O Império Ecológico, mostro como toda uma corrente, representada hoje em dia pelo vice-presidente americano Al Gore, inspira-se nesta problemática.

A conseqüência de tudo isto, hoje em dia, são os protocolos adotados quando da conferência de Kyoto: cotas de gás carbônico, venda e revenda dessas cotas…Disso resultará que a produção baixará nos países desenvolvidos e aumentará nos países subdesenvolvidos. Haverá deslocamentos massivos de indústrias, de capitais, de tecnologia, talvez mesmo de mão de obra e de competências. Dito de outro modo, o ponto de chegada de toda esta manipulação científica, midiática, e política, corresponde, muito diretamente,  ao que eram os objetivos de partida formulados nos anos 1970 pelos mantenedores da “Nova Ordem Mundial”.

Mas tudo isso se faz, hoje em dia, sob a cobertura de uma linguagem assim dita liberal, em nome do liberalismo. A característica desta nova ideologia do poder é a de nos afirmar que, desde a desaparição do comunismo, estamos livres para fazer o que quisermos; mas, atenção, somente dentro de certos limites, determinados pelo nível de emissão de gás carbônico aceitável! Assim, encontram-se conciliados uma certa aparência de liberalismo, com um construtivismo e um dirigismo totalmente reais, porque isto que aí se encontra é um encontro “sistêmico” caracterizado, onde os atores econômicos de nível inferior estão livres para fazer o que querem, mas num quadro pré-determinado pelas instituições internacionais, em particular as que estão encarregadas das questões do efeito estufa.

Ecologia, a alavanca de um desvio do estado de direito

Quais são os elementos do liberalismo que este sistema conserva? O primeiro, psicologicamente o mais importante, é a ilusão da liberdade individual. É a herança de todos os trabalhos de psicologia social que estabeleceu de maneira firme que não se pode governar um país ou fazer funcionar uma economia, nem funcionando como os soviéticos, nem autorizando-lhe uma autonomia muito grande dos atores. O sistema atual integra esta crítica, porque nele você encontra uma liberdade individual que é muito considerável, com uma aparência de pluralismo, mas que integra um ponto que não é permitido submeter a discussão: a questão do efeito estufa.

Tem-se então um sistema complexo, auto-organizado, sem controle aparente, com uma ordem social espontânea. Tem-se igualmente um estado de direito, outro elemento fundamental. Portanto, aparentemente e do ponto de vista da mídia, estamos num estado de direito. Somos governados por leis, e não por homens ou ditadores. Mas essas leis, regras abstratas, inscrevem-se no seio de um quadro que é predeterminado pelas instituições internacionais, em particular aquelas encarregadas do efeito estufa, que estão em condições de exercer uma influência decisiva sobre todas as atividades econômicas.

Somos portanto governados pelas leis. A repressão está reduzida ao mínimo. Estamos libertos de todo sistema totalitário, para entrar em alguma coisa que tem as aparências de uma sociedade de direito. Mas não se trata senão de aparências de uma sociedade aberta, porque esta sociedade, uma vez mais, inscreve-se num quadro que já foi pré-fixado. Há, de alguma maneira, instrumentalização, desvio das idéias liberais, pela base, do caráter central dado à gestão coletiva de certos “bens comuns” tais como a atmosfera. A gestão desses “bens comuns” é o álibi, a alavanca que permite, hoje em dia, chegar a ponto de recriar completamente as regras da justiça e da moral, sempre pretendendo permanecer no reto caminho da crítica liberal. Isto permite manipular os valores ou as atitudes, manipular as normas sociais e a sensibilidade.

A propósito da concepção marxista evocada no início de minha intervenção, vou tratar da modificação da superestrutura pela modificação das regras que se aplicam à sociedade.

Esta síntese “sistêmica” oferece, no nível inferior, uma aparência de sociedade aberta, mas com um escalão superior que se dedica a gerar as regras finalizadas, de onde resulta uma sociedade que só possui as aparências da abertura. Não estamos mais numa sociedade aberta. Dela, só possuímos sua aparência. É uma sociedade fechada, que se inscreve na lógica de um tal arranjo.

O objetivo, ao qual retornarei, é nada menos que criar uma nova civilização. De maneira global, tem-se alguma coisa que lembra, muito, uma manipulação da concepção de Deus(3).

A este respeito, os textos das instituições internacionais são explícitos. Eles nos mostram que a ecologia resume-se geralmente a uma vontade de conduzir os indivíduos a uma concepção pagã da natureza, onde é a natureza que é a divindade. O que é assim claramente buscado é uma modificação explícita da concepção do homem, de Deus, da natureza, do mundo…portanto, uma modificação das concepções culturais de fundo de nossa civilização.

Nossa civilização está fundada sobre uma concepção judeu-cristã do homem, quer se trate de cristão, judeu ou mussulmano. Este paradigma – o homem, um ser desejado e criado por Deus –, está na base do nosso Direito.

Desde quando se compreende que a concepção do homem no Universo está fundamentalmente sendo questionada – “o homem, este ser nefasto e poluidor” –, tem-se igualmente compreendido que a ecologia pretende finalmente nada menos que uma inversão desta concepção, para pôr, em seu lugar, a coletividade. O homem entra, aí, em segundo lugar. Passa-se do homem, enquanto indivíduo, ao homem como membro da coletividade. O totalitarismo não está morto.

Notas de Olavo de Carvalho

(1) No mesmíssimo sentido, e talvez mais fundo ainda, vai o esboço de “código penal cultural” da Unesco, que comentei em O Futuro do Pensamento Brasileiro (2a. ed., Rio, Faculdade da Cidade Editora, 1998). — O. de C.

(2) Uma análise extensiva desse documento encontra-se em The Grening. Plot for Environmental Control, de Larry H. Abraham, cujo texto integral será em breve reproduzido neste site. — O. de C.

(1) Não há de ser coincidência que um dos principais instrumentos teóricos concebidos para essa manipulação – o “princípio de precaução” – tenha sido criado logo por um cérebro como o do prof. Hans Jonas, o mais famoso historiador da gnose. Isto não só vem confirmar a tece célebre de Eric Voegelin sobre a origem gnóstica dos totalitarismos modernos, mas enfatizar a necessidade urgente de uma compreensão mais clara do fenômeno gnóstico, compreensão à qual nada contribui o alarmismo delirante de certos católicos ultraconservadores que, numa verdadeira “lógica dos gatos pardos”, como diria Ortega y Gasset, distribuem o rótulo de gnose (no sentido estrito de Hans Jonas) a tudo quanto lhes pareça estranho, temível ou heterodoxo, incluindo as manifestações mais ortodoxas da mística islâmica e judaica. Voltarei a este assunto. — O. de C.