Ódio à realidade

Olavo de Carvalho

Jornal do Brasil, 17 de maio de 2007

O sexo anal pode dar câncer no reto; o oral, câncer na garganta. Excluída a masturbação, que não exige parceiros, eis aí esgotado, com riscos incomparavelmente mais altos que os do abominado tabaco, o rol dos contatos sexuais possíveis numa relação gay. Que haverá nisso de tão excelso para que toda crítica a essas atividades seja proibida por lei?

Decerto estou mais disposto a defender o direito de os senhores parlamentares se entregarem a esses perigosos afazeres do que eles a me deixar acender um único cigarro nas áreas cada vez mais vastas onde o proíbem.

O que não posso entender é que atos prejudiciais à saúde devam ser considerados mais dignos de proteção oficial do que a boa e velha relação conjugal da qual todos nascemos, ao ponto de a simples afirmação da superioridade desta última ser condenada como uma abominação e um crime. Afinal, não é possível fazer sexo oral ou anal sem ter nascido, nem muito menos nascer mediante uma dessas práticas, ao passo que o nascimento as antecede de muitos anos e independe delas por completo. Entre as diversas atividades sexuais, aquela da qual deriva a continuidade da espécie humana tem manifesta prioridade sobre as que se destinam somente a fins lúdicos ou deleitosos, por mais interessantes que estas pareçam a seus aficionados.

Não posso crer que meu pai teria agido melhor se em vez de depositar seu esperma no ventre da minha mãe ele o injetasse no conduto retal do vizinho, de onde o referido líquido iria para a privada na primeira oportunidade. Nem há como imaginar que essas duas hipóteses sejam tão nobres e respeitáveis uma quanto a outra. Por mais que à luz da doutrina gay isto soe até presunçoso, não posso admitir que eu e um cocô sejamos resultados igualmente desejáveis e valiosos de uma relação sexual. Nem suponho que os próprios senhores parlamentares mereçam esse radical nivelamento, ainda que muitos se esforcem para alcançá-lo.

Tudo isso é bastante evidente, e o deputado Clodovil Hernandes é a prova de que não é preciso ser heterossexual para admiti-lo. Se a afirmação do óbvio está em vias de se tornar crime, é porque o ódio do movimento gay não se volta contra injustiças e perseguições reais (infinitamente menores, em todo caso, do que aquelas sofridas pelos cristãos e judeus), mas contra a razão, a lógica, o bom-senso e a civilização. Culturalmente, a ideologia gay nasce de correntes de pensamento que professam destruir a “tirania do logos” e instaurar, em lugar da ordem racional, a pura vontade de poder de um ativismo prepotente e chantagista.

Cada vez que um de seus porta-vozes, como uma nova Rainha de Copas, ordena que todos se prosternem diante de exigências absurdas, ele sabe que não está combatendo “a homofobia”, mas a estrutura da realidade ou, em termos religiosos, o Verbo divino. Só a opção total pela irracionalidade explica que, sob a alegação de proteger uma comunidade contra a mera opinião alheia, se busque submeter a novas perseguições judiciais outras comunidades que não estão expostas ao simples risco de ouvir palavras desagradáveis, mas de morrer em campos de extermínio.

Para compreender a revolução mundial

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 14 de maio de 2007

Prometi explicar mais detalhadamente as “teses sobre o movimento revolucionário mundial” (conferência na Academia Militar de West Point) que publiquei aqui semanas atrás. Como essas explicações são longas, vou subdividi-las em vários artigos, voltando ao assunto sempre que haja oportunidade. Começo com o primeiro parágrafo: “O movimento revolucionário é um fenômeno único e contínuo ao longo do tempo, pelo menos desde o século XV. Cada geração de revolucionários tem consciência de ser herdeira e continuadora das anteriores. Isso está abundantemente documentado nos seus escritos. É um fato, não uma interpretação minha.”

Qualquer que seja o estado de coisas, não há atitude política consciente sem o conhecimento dos antecedentes históricos que o produziram; e não só dos antecedentes factuais imediatos, mas também e principalmente dos elementos duradouros, de longo prazo, que não exercem sobre a situação atual a influência de estímulos causais diretos mas moldam e determinam de longe o quadro geral onde tudo acontece.

Quando o discurso de um agente político repete o de personagens de dois, três ou quatro séculos atrás, os quais ele não conhece e não poderia citar de propósito, às vezes esse fato pode ser explicado pela simples persistência residual de antigos giros de linguagem, impregnados na cultura geral e assimilados passivamente pelo falante. Mas quando a essa coincidência vocabular se soma a identidade dos valores e objetivos que se expressam através do discurso, então é provável que a ação desse agente dê continuidade a uma seqüência iniciada muito antes dele, à qual ele serve com maior ou menor consciência de sua participação num esforço de muitos séculos. Se, ademais, rastreando as origens do seu linguajar podemos reconstruir uma cadeia de transmissão ininterrupta que de geração em geração veio vindo desde os pioneiros da idéia até seu último repetidor passivo, então é claro que estamos diante de um “movimento histórico” identificável, contínuo e autoconsciente.

Um movimento histórico pode abranger e conter muitos movimentos políticos, culturais e religiosos, que constituem suas versões parciais, locais e temporárias e que podem ser bastante diferentes e até contrastantes entre si sem deixar de contribuir, por isso, para a unidade do conjunto que os arrasta, inexoravelmente, à consecução de um sentido geral já formulado, em essência, desde o início.

Um movimento histórico não age por si, não é uma força mágica nem, como diria Hegel, uma “astúcia da razão” que opere e realize seus objetivos mediante uma lógica invisível, passando por cima das intenções conscientes de indivíduos e gerações. É, ao contrário, a continuidade temporal de um conjunto de símbolos, valores e objetivos que a cada geração são introjetados e subscritos conscientemente pelos indivíduos que se colocam a seu serviço. Apenas, em cada um desses indivíduos, o conhecimento dos valores a que serve não implica uma consciência integral da totalidade do movimento abrangente. Em alguns deles, sim. A cada geração há pelo menos um núcleo de “intelectuais”, que sabe de onde veio e para onde vai o conjunto do movimento a que serve. Mas a maioria dos envolvidos pode ter consciência somente das subcorrentes parciais imediatas. Isto é mais do que suficiente para garantir a inserção perfeita das suas ações no sentido total do movimento histórico.

Ao observador leigo a unidade do movimento pode escapar de todo, principalmente porque ele não sabe distingui-la de três outros tipos de unidade que podem aparecer por trás da multiplicidade dos atos humanos:

(1) A unidade espontânea do desenvolvimento histórico. O crescimento da economia capitalista, por exemplo, não resulta de nenhum plano e não é um processo dirigido por ninguém. Ele resulta, como dizia Ludwig von Mises, da somatória de uma quantidade inumerável de atos individuais, cada um deles racional em si mesmo, mas inconexos no conjunto, praticados pelos agentes econômicos em vista de seus objetivos pessoais e grupais.

(2) A unidade concreta e deliberada de um movimento político, social, religioso ou cultural explícito, dotado de um comando identificável e de uma massa de militantes, fiéis ou adeptos conscientes dessa unidade. O catolicismo ou o comunismo são exemplos característicos. Para distingui-los do movimento histórico em geral, vou chamá-los de “movimentos especiais”.

(3) A unidade invisível do “poder secreto” ou “conspiração”. Neste caso, a unidade existe só para os líderes, os condutores do processo, e seus colaboradores imediatos. A massa dos ajudantes anônimos, aglomerada em unidades menores sem contato umas com as outras, não têm uma idéia clara – e às vezes não têm idéia nenhuma — da articulação maior nem do propósito de conjunto a que servem.

Embora a unidade de um movimento histórico possa ter elementos colhidos desses três modelos, nenhum deles a explica. Um movimento histórico não é um puro desenvolvimento espontâneo, mas é um esforço consciente e prolongado para levar as coisas numa certa direção. Mas ele distingue-se também dos movimentos especiais no sentido de que não precisa ter uma estrutura hierárquica de comando, ao menos permanente. Distingue-se também da unidade conspiratória porque essa estrutura hierárquica, quando existe, não tem necessariamente de permanecer secreta.

A unidade de um movimento histórico repousa inteiramente no apelo de certos símbolos que condensam e dão corpo a desejos, ideais e objetivos duradouros. Uma vez adotados como bandeira de luta por algum movimento especial, esses símbolos se disseminam e se arraigam tão profundamente na cultura que sua força aglutinadora pode ser renovada a qualquer instante por algum outro movimento especial que se inspire direta ou indiretamente no anterior. Uma sucessão de movimentos especiais inspirados num mesmo núcleo de símbolos e valores, atravessando as épocas sem conexão organizacional uns com os outros, forma por si um movimento histórico, mesmo que a consciência da continuidade se torne bastante tênue ou seja compartilhada somente por uma elite intelectual sem voz de comando direta sobre o conjunto. Se este continua na mesma direção, não se pode dizer que parou nem que foi extinto. Um movimento histórico pode, alternadamente, cristalizar-se como movimento especial em torno de um comando hierárquico conhecido de todos os participantes ou, ao contrário, subdividir-se em tantos núcleos independentes que pareça ter-se dissolvido, não só em tempos adversos, mas até nas épocas em que os ventos lhe são mais favoráveis e ele pode contar com um crescimento vegetativo apoiado no puro desenvolvimento espontâneo dos fatos sociais. Às vezes, aparece uma liderança genial capaz de manter por algum tempo o controle consciente do movimento, às vezes é preciso esperar até que a espontaneidade do acontecer crie as condições para isso, mas em ambas essas duas épocas o movimento revolucionário prossegue, inabalável,

Ninguém compreenderá jamais o movimento revolucionário mundial enquanto continuar a encará-lo apenas pelo prisma dos movimentos especiais que o integram. Como explicar, por exemplo, a ascensão brutal do esquerdismo no mundo depois da queda da URSS que, segundo a expectativa geral, deveria prenunciar o seu fim? A suspresa diante do fenômeno é tão grande que muitos preferem até negá-lo, refugiando-se numa ilusão psicótica. Mas a explicação dele é simples se você entende que o movimento comunista organizado desde os centros de comando em Moscou e Pequim era apenas uma encarnação parcial e temporária do movimento revolucionário, que este continuava se desenvolvendo em outros contextos sob outras formas, latentes e discretas, prontas a subir ao primeiro plano tão logo a versão soviético-chinesa falhasse, como de fato aconteceu. É deprimente, por exemplo, notar como os EUA, nos anos 50, ao mesmo tempo que combatiam de frente o expansionismo comunista e a espionagem soviética, recebiam de braços abertos os filósofos da Escola de Frankfurt, que já traziam consigo o germe da New Left destinada a florescer na década seguinte com uma força, uma virulência e uma amplitude jamais sonhadas pelos partidos comunistas. Combater um movimento especial sem ter em vista suas ligações com o conjunto do movimento revolucionário é arriscar-se a fortalecer este último no instante mesmo em que se imagina derrotá-lo. Na verdade, a própria elite soviética tinha muito mais flexibilidade e um horizonte estratégico incomparavelmente mais vasto do que os profissionais de inteligência e os analistas estratégicos nos EUA podiam imaginar então. Estes, além de enfocar o movimento comunista isoladamente, fora da tradição revolucionária, ainda consideravam esse movimento apenas um pseudópodo do poder soviético, quando na verdade o poder soviético era apenas uma encarnação local e temporária de uma corrente histórica que vinha desde muito antes dele e que sobreviveu perfeitamente bem à dissolução da URSS.

A unidade do movimento histórico tem de ser buscada, antes de tudo o mais, na linguagem. É a recorrência dos motivos condutores (no sentido que esta expressão tem em literatura e em música) que assinala a continuidade do movimento. E, no instante em que essa continuidade não é só a de uma vaga “influência cultural”, mas a de organizações revolucionárias que geram suas sucessoras e nelas se reencarnam após o seu desaparecimento aparente, então a caracterização do movimento histórico é nítida e insofismável, e já não há mais desculpa para não enxergar a sua unidade por baixo da variação aparente, por mais desnorteante que seja.

Para quem conhece a história do movimento revolucionário como conjunto, essa unidade, que o leigo tem tanta dificuldade de enxergar, transparece até em detalhes aparentemente irrisórios. Quando, por exemplo, o sr. Lula se declara católico e no instante seguinte, com a cara mais bisonha do mundo, afirma que está habilitado a comungar sem confessar por ser homem “sem pecados”, quem atribui isso à tolice pessoal do sr. presidente é infinitamente mais tolo do que ele. A frase ecoa um Leitmotiv do movimento revolucionário, circulante pelo menos desde o século XV: a impecância essencial do revolucionário, limpo e santo a priori e incondicionalmente. Ah, é apenas uma coincidência verbal!, dirão os sapientíssimos observadores. Não é não. Toda a mentalidade do sr. Lula foi formada pelo ensinamento direto e persistente do sr. Frei Betto, que é a encarnação mesma da heresia revolucionária, em nada diferente daquela dos cátaros e albigenses. O sr. Lula, no caso, talvez não tenha a menor consciência de que é um boneco de ventríloquo sentado no colo de uma tradição de cinco séculos. Mas o sr. Frei Betto, que pensa com o devido recuo histórico, sabe perfeitamente para que fins treinou o seu discípulo.

Prosseguirei estas explicações na semana que vem.

Absurdo sensato

As escolas infantis inglesas eliminaram do currículo de História a menção ao Holocausto, porque ofendia as delicadas sensibilidades dos alunos muçulmanos, persuadidos de que não aconteceu Holocausto nenhum, de que os judeus inventaram tudo só para tomar dinheiro da ingênua espécie humana.

Parece loucura, mas não é. É cálculo. E vem mais por aí. Quando o herdeiro do trono está sob a influência direta de mestres espirituais muçulmanos, inteligentes o bastante para fazer dele um discípulo dócil e obediente, é natural que a Inglaterra se prepare para ceder seus últimos resíduos de orgulho nacional ante a chantagem moral islâmica. A “Abolition of Britain” que Peter Hitchens anunciou num livro indispensável (San Francisco, Encounter Books, 2000) e a total islamização da Europa segundo o diagnóstico assustador de Bat Ye’or em “Eurabia: The Euro-Arab Axis” (Cranbury, NJ, Associated University Presses, 2005) estão mais perto do que a opinião pública imagina. O príncipe Charles aparece de vez em quando como um simples mecenas, protetor da arte e da cultura islâmicas no seu país, mas, acreditem, isso é só uma fachada. Ele está pessoalmente ligado a uma organização esotérica fundada por Frithjof Schuon, o místico muçulmano, suíço de nascimento, que ao voltar de uma viagem iniciática à Argélia nos anos 50 prometeu islamizar a Europa no prazo de uma geração. Schuon morreu, mas seu trabalho, extremamente bem sucedido, continua através de dedicados sucessores. A influência incalculavelmente vasta e ao mesmo tempo discretíssima que ele logrou obter sobre a elite intelectual e política européia é invisível ao grande público, mas sem ela o mero afluxo de imigrantes não teria o dom de transformar o Islam na única autoridade religiosa que tem o poder de vergar a espinha do governo britânico, e de fazê-lo até mesmo em nome de uma exigência absurda, ofensiva em último grau.

Schuon sempre soube que as grandes transformações históricas vêm de cima, que os movimentos de massa não são senão o efeito remoto da influência espiritual exercida sobre os corações e mentes dos homens mais cultos e capacitados. A abertura da Europa ao Islam não começou com a importação de trabalhadores. Começou com discretos rituais místicos em Oxford e Cambridge, aos quais o prestígio de intelectuais de primeiro plano acabou atraindo membros do Parlamento e até o príncipe herdeiro. Nenhum país pode resistir a uma cultura estrangeira quando a classe pensante local já se rendeu a seus encantos hipnóticos. Pouco importando o que pensemos de seus méritos e deméritos, Schuon não abriu uma fresta na cultura européia: abriu um rombo.

Esse capítulo decisivo da história recente é totalmente desconhecido dos politólogos, dos analistas estratégicos, dos comentaristas de mídia e dos demais “formadores de opinião”.

Denúncia

A propósito do recente indiciamento dos dois pilotos americanos no caso do acidente com a aeronave da Gol, recebi a seguinte mensagem de um ouvinte do meu programa True Outspeak, George Rocha, e acredito dever repassá-la aos leitores desta coluna:

“ Sou piloto de linha aérea e instrutor de vôo (jatos) há 27 anos. Digo-lhes, sem dúvidas, que os pilotos norte-americanos não cometeram qualquer erro durante o fatídico vôo. Provo minha afirmação inclusive diante de qualquer juiz. Desculpem-me por estar endereçando coletivamente esta minha mensagem sobre a realidade do acidente Legacy X GOL 1907. Eu li todos 79 comentários de O Globo online e sinto-me no dever moral, por possuir as informações técnicas corretas, de informar os demais brasileiros, leigos ou não, sobre fatos transitados acerca deste acidente aéreo.

 No meu blog “ No Ar” ( http://www.globoonliners.com/icox.php?mdl=pagina&op=listar&usuario=363 ) todos vocês poderão ler o que aconteceu para o desfecho do acidente e ainda as preocupações da Aeronáutica, governo, Infraero, Cindacta, etc. Estejam certos de que a investigação tem sido manipulada politicamente.”

Estrangulamento

O golpe que, segundo comentei no artigo anterior, está sendo armado pela esquerda parlamentar americana para quebrar a resistência conservadora abrigada nas estações de rádio, é só parte de um projeto mais vasto destinado a instaurar de vez a hegemonia esquerdista e calar por completo a voz dos conservadores. Depois do rádio, a arma mais poderosa do conservadorismo americano é a rede de organizações populares (“grassroots”), sustentadas pelas contribuições de milhões de eleitores e criadas para pressionar a Câmara dos Representantes e o Senado por meio de cartas, telegramas, e-mails e telefonemas nos dias que antecedem alguma votação importante. Há tempos o Partido Democrata vem tramando um meio de tomar essa arma dos republicanos. Agora os adeptos de Nancy Pelosi encontraram a fórmula: regulamentar aquelas organizações de modo a que todos os seus membros contribuintes, mesmo os mais pobres e humildes, tenham de ser fichados perante o governo federal. Será, pela primeira vez na história americana, um monstruoso cadastro ideológico, que deixará milhões de eleitores expostos à espionagem oficial e à pressão direta do parlamento esquerdista.

A idéia é tão cínica, tão ostensivamente ditatorial, que não é possível deixar de contrastá-la com as afetações de escândalo com que os democratas, pouco tempo atrás, denunciaram como violação de privacidade a escuta telefônica praticada pelo governo Bush em cima de duzentos e poucos suspeitos de terrorismo, quase todos eles estrangeiros. Não é uma maravilha? Nada no mundo tem a força de auto-superação da hipocrisia esquerdista. Quando imaginamos que ela atingiu seu último limite, ela alça vôo ainda mais ambicioso, sempre com aquele ar de pureza excelsa de quem se considera imune ao pecado.

Crimes do abortismo

Quem quiser mais informações sobre os crimes do movimento abortista, que aqui denunciei em editorial publicado no dia 11 de maio, pode encontrá-las nas seguintes fontes:

Para maiores informações, as fontes são as seguintes.

Livros — Patrick J. Buchanan, “The Death of the West: How Dying Populations and Immigrant Invasions Imperil Our Country and Civilization” (St. Martin’s Press, 2002) e “State of Emergency : The Third World Invasion and Conquest of America” (id., 2006); Ramesh Ponnuru, “The Party of Death: The Democrats, the Media, the Courts and the Disregard for Human Life” (Regnery, 2006).

Vídeos — http://www.youtube.com/watch?v=UgH7bkV0Dm4 , http://www.youtube.com/watch?v=pR5g49NNKHU&mode=related&search =, http://www.youtube.com/watch?v=rIzXNJNR2uQ&mode=related&search = e http://www.youtube.com/watch?v=Q-UmKGR9NFU&mode=related&search =. Para os membros da comunidade Orkut, coloquei esses vídeos na minha página pessoal.

Artigos meus — http://www.olavodecarvalho.org/semana/051208jb.htm , http://www.olavodecarvalho.org/semana/050822dc.htm , http://www.olavodecarvalho.org/semana/050409globo.htm , http://www.olavodecarvalho.org/semana/050430globo.htm e http://www.olavodecarvalho.org/semana/980122jt.htm .

Debatendo com o crime

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio (editorial) , 10 de maio de 2007

As alegações em favor da liberação do aborto são tão escandalosamente mentirosas que o simples fato de aceitar debatê-las já é conceder-lhes uma honra indevida. Não é a mesma coisa discutir com a pessoa honesta que tem uma idéia errada na cabeça e com vigaristas dispostos a impor suas decisões por meio de quantas fraudes e engodos lhes pareçam necessários para isso. Os abortistas, sob esse aspecto, já superaram a quota de mendacidade rotineira de qualquer movimento social ou político, tornando-se um perigo público que deve ser denunciado como tal. Mesmo porque a impunidade de que vêm desfrutando só os encoraja a usar a própria justiça como instrumento da fraude, perseguindo e acossando os discordantes por meio de trapaças jurídicas como aquela, já aqui denunciada, de tentar criminalizar o uso da palavra abortistas para designá-los, como se existisse termo melhor.

À desonestidade permanente e sistemática da sua propaganda acrescenta-se ainda a brutalidade incomum de uma retórica baseada na intimidação e na chantagem psicológica, que inventa males sociais puramente imaginários para em seguida imputar sua culpa aos adversários do aborto, fazendo da fé religiosa um crime e assim legitimando implicitamente a matança de cristãos e as legislações repressoras que configuram de maneira cada vez mais nítida um deliberado e crescente genocídio cultural.

Só a título de amostra, vejam alguns dos feitos notáveis do movimento abortista, e digam, com toda a franqueza, se essa gente merece um debate educado ou uma resposta judicial à altura.

1. As Católicas pelo Direito de Decidir são uma organização pró-abortista fraudulenta que se finge de católica para ludibriar a população religiosa mas na verdade é explicitamente satanista. Se isso não é propaganda enganosa e estelionato, a lei mudou sem que eu fosse avisado. Já acusei a organização em público por esses crimes, e a presidente da entidade, após uns rosnados de puro blefe, se recolheu a um silêncio altamente significativo.

2. O processo judicial Roe versus Wade , que produziu a legalização do aborto nos EUA, foi uma fraude completa. A própria autora da petição inicial, que solicitava permissão para abortar sob a alegação de estupro, já confessou que não sofreu estupro nenhum, que foi tudo uma invencionice tramada entre ela e os líderes do movimento abortista.

3. As estatísticas que procuravam impressionar o público americano com a alegação de milhões de abortos clandestinos realizados anualmente foram forjadas pelo líder abortista Bernard Natanson, que já confessou tudo. Natanson foi proprietário da maior clínica de abortos dos EUA, mas se arrependeu dos seus crimes, voltou à fé judaica da sua infância e hoje é um dos mais corajosos denunciadores do genocídio abortista. Ainda hoje essas estatísticas monstruosamente aumentadas são brandidas pela grande mídia nacional como argumentos sérios.

4. O financiamento bilionário da campanha abortista vem dos mesmos grupos multinacionais que há meio século tentam impor ao mundo o controle populacional por todos os meios lícitos e ilícitos. A desculpa da campanha era eliminar a miséria no Terceiro Mundo. Hoje está provado que o seu único resultado foi, ao contrário, diminuir a natalidade nos países ricos, desencadeando a onda de imigração ilegal que hoje ameaça destruir a sociedade européia e americana.

Em vez de admitir o erro, os iluminados autores da idéia decidiram redobrar a aposta, adquirindo a peso de ouro o apoio dos partidos de esquerda por toda parte e investindo no controle indireto por meio do incentivo ao aborto e ao homossexualismo. Resultado: aqueles partidos, que na década de 60 denunciavam a campanha de controle populacional como intervenção imperialista, se tornaram os maiores defensores e apóstolos daquilo que condenavam. Se isso não é comércio de consciências, não sei o que é.

5. O comércio de fetos para a indústria de cosméticos é o beneficiário mais direto e óbvio da legalização do aborto, mas nem uma palavra sobre isso se admite nos “debates” montados pela grande mídia, toda ela comprometida com a causa abortista.