O Manifesto Comunista do PT

Depois de engolir e absorver o Estado, fazendo dele um órgão e extensão de si próprio, o PT dá agora um tremendo “salto qualitativo” – como o chamaria Mao Dzedong – na marcha acelerada do Brasil rumo ao comunismo.

Extinguir o capitalismo, instaurar em lugar dele uma “democracia popular” socialista – eis o programa do Partido-Estado, finalmente assumido, às escâncaras, nos anúncios do seu 3º. Congresso. Não, não acreditem em mim. Cliquem o link http://www.youtube.com/watch?v=VNPjm0qfByc e depois perguntem a seus olhos e ouvidos o que eles viram e ouviram.

A campanha é lançada simultaneamente com uma onda de esforços gerais para assegurar ao atual presidente da República um terceiro mandato – provavelmente também um quarto, um quinto e um enésimo.

Um detalhe interessante do vídeo é que nele, pela primeira vez, o PT assume diante do público maior as glórias de fundador do “espaço de articulação estratégica continental” ( sic ), o Foro de São Paulo, aquela entidade que, segundo os eruditíssimos senhores Luiz Felipe de Alencastro e Kenneth Maxwell, jamais existiu. Ao fazê-lo, o partido não só admite oficialmente a parceria política com gangues de narcotraficantes e seqüestradores que atuam no território brasileiro (as Farc e o Mir, por exemplo), mas torna visível o seu papel de criador – junto com Fidel Castro — dos fenômenos Chávez, Morales etc., aos quais, por isso mesmo, jamais poderia servir de “alternativa democrática”.

É natural que tão formidável upgrade das ambições partidárias venha acompanhado de um equivalente decréscimo da tolerância petista para com qualquer forma de oposição externa (a interna faz parte do “centralismo democrático” leninista, e não há indícios de que venha a ser extinta antes do Quarto Congresso; talvez dure mesmo até o Quinto).

As empresas de mídia que ajudaram a camuflar as atividades do Foro de São Paulo e a embelezar a imagem eleitoral do PT como um partido curado de ilusões marxistas já são, hoje em dia, abertamente condenadas como “de extrema direita”, anunciando para mais breve do que imaginam o prêmio da sua subserviência, o assalto chavista aos seus meios de expressão.

Na maré montante de furor revolucionário, a intelligentzia esquerdista, antes ciosa da sua aparência de bem educadinha e moderadíssima, já não hesita em mostrar seus dentes de ogro. Tenho um caso pessoal a relatar sobre isso. Os senhores já ouviram decerto falar de João Quartim de Moraes, um dos mandantes do assassinato do capitão do Exército americano, Charles Chandler (acusado na época de pertencer à CIA, coisa que qualquer garoto de escola americano sabe ser uma impossibilidade administrativa absoluta). Quartim foi condenado por homicídio em 1977. A sentença já transitou em julgado. Muito bem: ao chamar esse assassino de assassino, coisa banal que todos os dias se faz no jornalismo, devo ter acidentalmente tocado em algum ponto secreto e dolorido do esquema revolucionário brasileiro, pois suscitei uma reação estranha, desproporcionalmente histérica: um manifesto furibundo apoiado oficialmente pelo PT, assinado por Marco Aurélio Garcia, Ricardo Berzoini e mais de seiscentos professores universitários que me rotulam de “názio-fascista”, “irracível” “entiético” e termos similares, não só exemplificando a crescente impaciência comunista ante qualquer contrariedade, mas provando a coexistência pacífica entre o analfabetismo e a condição de intelectual de esquerda.

O PT tira a máscara

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio (editorial), 24 de agosto de 2007

O vídeo preparatório ao 3º Congresso do PT é a prova cabal de tudo aquilo que venho dizendo desse partido há mais de uma década: é um partido revolucionário, empenhado em implantar no Brasil um regime comunista.

Assistam e tirem suas dúvidas. Entre outras coisas, a propaganda deixa claro que o PT foi o fundador e organizador do Foro de São Paulo e, como tal, o responsável direto pelo advento dos Chávez, Morales e tutti quanti , aos quais até os luminares do Departamento de Estado americano imaginaram que ele pudesse servir de alternativa democrática.

Extinguir o capitalismo com a ajuda sonsa dos próprios capitalistas, chegar ao socialismo usando “a democracia como estratégia” ( sic ), é o mínimo que o novo programa petista promete e, não encontrando resistência praticamente nenhuma, vai realizar sem a menor dificuldade, entre sorrisos de suas vítimas subservientes.

Por ter dito a verdade óbvia a respeito do processo revolucionário comunista, que agora o próprio PT assume da maneira mais descarada, fui xingado, escarnecido e ridicularizado, sofri mais difamação do que qualquer outro brasileiro vivo, perdi três empregos na mídia e recebi tantas ameaças de morte que passei a me considerar oficialmente falecido e não me preocupei mais com isso.

Não, não estou me queixando. O fenômeno me toca menos como incomodidade pessoal do que como sintoma da ignorância presunçosa das nossas elites políticas, empresariais e militares, que com perseverança asinina insistiram em rejeitar as minhas advertências e em cultivar uma imagem lisonjeira do petismo, seja em busca de vantagens imediatas – suicidas a longo prazo –, seja simplesmente de proteção poliânica contra uma realidade que se anunciava temível demais para as suas alminhas frágeis e trêmulas.

Também não quero humilhar os derrotados, quero apenas adverti-los novamente, desta vez com a certeza absoluta de que o tempo restante para uma reação eficaz está se esgotando rapidamente, muito rapidamente.

Uma reação eficaz subentende conhecimento exato do estado de coisas e da sua longa preparação histórica, assim como disposição para jogar ao lixo todas as ilusões de que o comunismo acabou, de que o Brasil, por especial proteção divina, é imune à tentação revolucionária, ou de que o governo americano está interessado em defender o nosso país contra a onda castrochavista.

Os americanos só se interessarão por isso se lutarmos para despertar seu interesse. Por enquanto, o único brasileiro que vem tentando fazer alguma coisa nesse sentido sou eu – sem apoio institucional, sem dinheiro, sem um único ajudante e contando apenas com a força de uma cara-de-pau que a mim mesmo me surpreende. Não tenho acesso direto ao governo, mas tenho falado o quanto posso, em think tanks , instituições universitárias e até na Academia de West Point.

Noventa por cento dos que me ouvem me dão razão, mas não posso competir com a ação petista espalhada em Washington e Nova York, protegida até mesmo pelas frações do empresariado brasileiro aí presentes.

Fraqueza suicida

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 20 de agosto de 2007

“A fraqueza atrai a agressão”, dizia Donald Rumsfeld, cujo malogro político não deve fazer esquecer que foi o arquiteto da mais espetacular vitória militar dos tempos recentes, a ocupação em quinze dias de um país inimigo poderoso e bem armado, cujo sucesso contra as tropas invasoras era anunciado como líquido e certo por toda a mídia esquerdista do mundo.

A sentença do ex-secretário da Defesa norte-americano deveria servir de alerta aos antipetistas brasileiros, dos quais muitos se empenham menos em combater o adversário do que em esquivar-se pudicamente da rotulação de conservadores e direitistas, que se fossem homens de coragem ostentariam com orgulho.

Quarenta anos de hegemonia cultural gramsciana fixaram tão bem na mente popular o dogma do monopólio esquerdista das virtudes, que preservá-lo contra a mera suspeita de que possa haver algo de bom na direita se tornou prioridade máxima para os próprios direitistas. Tão longe levam eles a obediência a esse mandamento que, mesmo quando querem denunciar os crimes mais escabrosos da esquerda, se apressam em advertir que o fazem sem o menor intuito político, o que equivale a reconhecer que só a esquerda tem o direito de fazer política.

Do mesmo modo, quando vêem os prodígios de manipulação esquerdista do noticiário, não ousam cobrar da mídia um espaço justo e digno para as vozes conservadoras, muito menos a publicação de tais ou quais notícias omitidas – o permanente genocídio anticristão no mundo ou as relações amigáveis PT-Farc, por exemplo –, preferindo antes solicitar genérica e abstratamente que ela seja “imparcial”, o que além de ser uma impossibilidade prática resulta em elevar a classe jornalística à condição de juiz em vez de mera divulgadora de dados e opiniões dos quais o único juiz abalizado é o público em geral.

Quando se sentem chocados ante a pregação comunista nas escolas, gemem implorando uma utópica educação “apolítica” em vez de exigir virilmente o confronto aberto entre as idéias da esquerda e da direita, mesmo sabendo que aí estas levariam vantagem arrasadora sobre as suas concorrentes.

Similarmente, quando querem protestar contra a ocupação comunista dos púlpitos, dizem que a Igreja deveria ficar fora da política, em vez de exigir, como deveriam, que ela cumpra a missão política que lhe cabe, que sempre lhe coube e que ao longo dos séculos ela sempre cumpriu, que é a de educar e mobilizar os fiéis para a defesa permanente e incondicional dos princípios e valores que justificam a sua própria existência como instituição, princípios e valores esses que são o que há de mais oposto e hostil a toda mentalidade revolucionária, seja ela socialista, nazista, fascista, anarquista, o diabo. Como depositária da mais imutável e supra-histórica das mensagens, a Igreja não pode jamais ser apolítica, no mínimo porque foi ela mesma que, inspirada nessa mensagem, criou as bases de todas as noções essenciais da política no Ocidente, a começar pelas de liberdade civil e direitos humanos. Principalmente não poderia sê-lo numa época em que a tendência dominante se inspira na ambição revolucionária de historicizar o Evangelho, trazendo o Juízo Final para dentro do acontecer temporal e usurpando para um partido político o papel de juiz da humanidade, que incumbe exclusivamente a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Aqueles que forçam a Igreja a escolher entre ser de esquerda e abster-se de fazer política a obrigam, na prática, a optar pela primeira alternativa, que tem ao menos o mérito de ser possível.

Todas essas precauções, toda essa pusilanimidade, todas essas concessões ao adversário não impedem, antes estimulam que este os carimbe não só como direitistas mas como extremistas de direita e golpistas e mobilize contra eles todas as armas do ridículo e da intimidação. A sucessão de humilhações que assim atraem sobre si mesmos culmina na decisão do arcebispo Odilo Scherer de proibir a missa do movimento “Cansei” na Catedral da Sé, espaço reservado, como se sabe, aos dignos e cristianíssimos membros do PCC, do MST, da CUT, etc, etc. Que essa decisão seja tomada sob a desculpa cínica de ser a Igreja uma instituição apolítica deveria advertir aos prejudicados que eles fizeram muito mal em fornecer a pessoas indignas de confiança o pretexto retórico que agora estas voltam contra eles.

Só falta agora a direita nacional, numa apoteose de bom-mocismo, continuar se dirigindo a esses manipuladores astutos como se fossem porta-vozes autorizados do próprio Jesus Cristo sobre a Terra. Recusar-se a enxergar que a Igreja Católica no Brasil é revolucionária e cismática é o cúmulo da covardia intelectual. Pela sua colaboração pertinaz e maliciosa com a revolução comunista no continente, muitos dos nossos bispos e arcebispos já estão, segundo a letra e o espírito do Código do Direito Canônico, excomungados há muito tempo. O “Decretum Contra Communismum” assinado por Pio XII e confirmado por João XXIII não deixa a menor margem de dúvida quanto a isso. Não há nada a solicitar a esses prelados traidores. O que há a fazer, o que os conservadores brasileiros fariam se tivessem um pouquinho de fibra, é juntar as provas e solicitar ao Vaticano que a excomunhão já vigente de facto seja subscrita oficialmente. Dirigir-se àqueles servos do comunismo com a filial solicitude devida a autênticos Príncipes da Igreja é uma baixeza inominável. Não contem comigo para isso.