Pessoas como a véia dos gatos, o Lourinel B. Rocha e similares prestam um relevante serviço ao progresso da inteligência: assumem com bravura a defesa de absurdidades das quais, na dúvida, os demais ignorantes do assunto, temerosos de pagar mico, se mantêm a uma prudente e silenciosa distância. Colocam assim ao alcance da análise crítica os erros mais catastróficos que ameaçam crescer e prosperar na sombra.
Um desses erros é o absolutismo infantil — uma das espécies mais sutis de analfabetismo funcional — que, tomando as palavras como coisas, imagina que objetos designados por termos que pareçam opostos têm de ser necessariamente incompatíveis entre si. A véia, por exemplo, acha cem por cento contraditório que eu afirme serem os EUA a naçao mais cristã do mundo e, depois de alguns anos, veja a sociedade americana precipitando-se rapidamente no inferno. Uai — pergunto eu — e os moradores do Inferno de Dante não eram quase todos cristãos, incluindo alguns papas? Foi abolida a distância entre os chamados e os escolhidos?
Um terceiro motivo para eu não discutir com a véia dos gatos é que ela não fala por si, é apenas um boneco de ventríloquo do Caraio Rossi. Não podendo aparecer muito, por medo de ser alcançado pela mão vingadora do Islam, ele fica escondidinho e se serve de idiotas úteis como a véia e a sra. Martim Arribas, mais ou menos no estilo Alex Catarrinho: “Vão lá, batam no Olavo. Eu não posso.”
Qualquer que seja o caso, discutir com a véia dos gatos é sempre consentir em tormar-se personagem de uma comédia, de uma palhaçada. Por exemplo, ela posa de defensora da honra de Nossa Senhora contra os malvados muçulmanos, mas os muçulmanos jamais blasfemaram contra a Mãe do Salvador ao ponto de redudi-la a tripulante de um disco voador, como o fazem a véia e seu guru Lourinel B. Rocha.