Olavo de Carvalho

Rio de Janeiro, 21 de junho de 1999

O Globo
Cartas dos Leitores
Fax 021 534 5535

Senhor redator,

Defendendo a proibição da venda de armas, o sr. Jorge Werthein, maliciosamente, atribui a interesses comerciais e corporativos toda oposição ao projeto. A questão fica assim reduzida ao estereótipo: “a minoria sedenta de lucros contra a maioria desejosa de paz e não-violência”. Uma causa que tem de ser defendida mediante esse tipo de argumentação — característica mistura de lisonja, intriga e fingimento —, já denuncia no ato sua própria desonestidade. É sempre o lobo que acusa o cordeiro, fingindo elevado moralismo. O sr. Werthein, porta-voz local da Unesco, pertence a uma classe — a burocracia globalista — que tem tudo a ganhar com o desarmamento da população mundial e sua redução à condição de rebanho inofensivo. Seus interesses são os das grandes corporações que mandam no mundo. Não espanta que tente ocultá-los jogando a opinião pública contra os pequenos lojistas e os cidadãos donos de armas, como se estes fossem uma poderosa e voraz classe dominante. O sr. Werthein acha que assim passarão despercebidos, por trás de um discurso meloso e insinuante, os gigantescos interesses antinacionais que defende.

Mas nenhum brasileiro consciente há de crer numa só palavra do que ele diz. Quem fala em nome da Unesco fala em nome da mais vasta ambição de poder que já se viu na história humana.

Atenciosamente,

Olavo de Carvalho, Rio de Janeiro

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