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Contradições do laicismo

Olavo de Carvalho


Diário do Comércio (editorial), 13 de junho de 2008

A moral laica do mundo burguês reconhece e até proclama com orgulho “científico” sua própria relatividade, em teoria. Mas nenhuma ordem social pode contentar-se com uma obediência relativa, que desembocaria fatalmente no conflito geral e no caos. Daí a distinção prática, tipicamente moderna e burguesa, entre moral privada e ordem pública. A primeira pode multiplicar-se em variações infinitas, desde que não perturbe a segunda. É a informalidade da escolha moral, limitada pela formalidade estrita da ordenação jurídica.

Esse arranjo de ocasião disseminou-se tão universalmente que adquiriu foros de sabedoria eterna e imagem por excelência da “normalidade”, ao ponto de que já ninguém percebe o que ele tem de instável e problemático; e, não o percebendo, tem de improvisar hipóteses rebuscadas para explicar por uma sucessão imaginária de acidentes as crises e percalços que um exame sério deveria ter revelado à primeira vista como desenvolvimentos lógicos e inevitáveis de contradições iniciais não conscientizadas em tempo.

De um lado, aquela distinção constitutiva do Estado laico foi estabelecida como ato de uma minoria revolucionária contra um consenso anterior fundado na homogeneidade moral da sociedade cristã. Uma vez vitorioso, o Estado laico passa a corroer necessariamente o que possa restar dessa homogeneidade, que para ele representa a origem mesma de toda obstinação “reacionária” erguida contra sua obra modernizante. Dissolvida pouco a pouco a unidade moral do povo, a única maneira de evitar a autodestruição da sociedade pelo caos é transferir para a esfera jurídica os mecanismos reguladores antes operados pelo simples automatismo das tradições arraigadas no senso comum. O que era obediência espontânea torna-se assim controle estatal forçado. Na proporção mesma do sucesso obtido pelo Estado leigo em seu esforço de “modernização”, o número, a complexidade e a abrangência dos controles jurídico-burocrático-policiais vão crescendo, avançando para dentro de todos os campos da existência social e invadindo por fim a vida privada e até a intimidade dos pensamentos, regulando a linguagem, a educação doméstica, etc. Tão logo deixa de ser uma promessa e se torna uma realidade, aquilo que surgiu sob o pretexto de resguardar a liberdade individual revela ser um mecanismo opressivo incomparavelmente mais exigente do que a velha autoridade religiosa jamais teria sonhado ser.

A essa primeira contradição soma-se outra pior. Não é possível controlar a sociedade sem regulamentar a economia. À medida que os controles morais embutidos na cultura do velho regime cedem sua autoridade ao aparato judicial, burocrático e policial, amplia-se na mesma medida a intervenção do Estado na economia. O estatismo econômico indefinidamente expansionista é inerente, portanto, à dialética do Estado leigo. Mas este não se impôs justamente mediante a promessa de resguardar a liberdade econômica? Sim. O que não se deve é confundir as intenções declaradas do discurso ideológico com a fórmula política substantiva cuja implantação elas legitimam. A contradição pode escapar até mesmo aos mais sinceros propugnadores da nova política, mas, que ela existe, existe. O moderno Estado leigo pode, com a maior sinceridade do mundo, prometer a liberdade econômica – o que ele não pode é realizá-la, a não ser de maneira capenga, permanentemente ameaçada pelo avanço da mentalidade socialista, que a expansão mesma do laicismo oficial fomenta.

Não é coincidência que o país que defendeu com mais eficácia a liberdade econômica tenha sido justamente aquele que só adotou o laicismo como mecanismo secundário de autocontrole do próprio Estado, sem a ambição de fazer dele um princípio regente de toda a vida social e política, antes conservando vivo e embutindo em suas instituições o máximo que podia das antigas tradições religiosas. Muito menos é coincidência que, hoje em dia, aqueles que desejam radicalizar o princípio laicista, expelindo a religião da vida pública, não sejam de maneira alguma amigos da liberdade econômica, mas todos, em mais ou em menos, adeptos do intervencionismo estatal – socialistas confessos ou enrustidos.

A fórmula da pobreza

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 25 de fevereiro de 2008

Em 2003, o Brasil ocupava o 58º lugar no Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation. Em 2008, está em 101º lugar. A relação direta entre liberdade econômica e prosperidade é a coisa mais evidente do mundo. Se alguém tem dúvidas, basta conferir os primeiros e os últimos dez colocados da lista da Heritage. De um lado, Hong Kong, Singapura, Irlanda, Austrália, EUA, Nova Zelândia, Canadá, Chile, Suíça e Reino Unido. Na outra ponta, Coréia do Norte, Cuba, Zimbábue, Líbia, Burma, Turcomenistão, Irã, Belarus, Bangladesh e Venezuela. E estamos muito mais perto destes do que daqueles, pois a escala vai de 1 a 157 e temos a honra temível de estar no último terço da lista. Acima de nós, ficam ainda o Japão, a Áustria, a Dinamarca, a Alemanha, a Holanda, Taiwan e a Espanha. Abaixo, a Bolívia, Angola, o Vietnã, a Nigéria e Ruanda. Só agora entendo a famosa “opção preferencial pela pobreza”, slogan do falecido Dom Helder Câmara que se tornou o emblema mundial da bondade esquerdista: ela não significa ajudar os pobres — significa, simplesmente, ficar pobre.

         O Índice da Heritage mostra com clareza máxima: a gestão Lula está estrangulando o capitalismo brasileiro, ao mesmo tempo que aposta nele para financiar seus programas sociais e garantir a boa imagem do governo entre os investidores internacionais.

         Enquanto isso, ainda há nos círculos liberais quem jure que a opção socialista do partido governante é só jogo de cena para acalmar os “radicais”, que no fundo Lula aderiu de coração à economia de mercado.

         É claro que nem Lula nem ninguém no PT é socialista ao ponto de acreditar na supressão completa da propriedade privada dos meios de produção. Há muito tempo a esquerda mundial já desistiu dessa idéia, uma das mais idiotas que já passaram por uma cabeça humana. O que a esquerda quer agora é o controle indireto da economia, através de impostos e regulações restritivas, e mesmo assim só o suficiente para garantir o principal: o domínio sobre a mentalidade pública, a ditadura da engenharia psicológica. Mas o governo brasileiro já ultrapassou esse mínimo. Em contrapartida, é notável a prudência, a circunspecção com que vai impondo lentamente, suavemente, quase imperceptivelmente, os controles culturais que lhe interessam.

Na verdade, ele nem precisa se expor muito nessa área: os partidos ditos “de oposição” passam adiante dele, impondo por sua própria iniciativa os regulamentos politicamente corretos que a moda esquerdista exige.

Exemplo deprimente: antes mesmo da ascensão do PT ao poder, quando na esfera federal as políticas “anti-homofóbicas” eram ainda uma vaga sugestão, o governador de São Paulo, sr. Geraldo Alckmin, apressou-se em assinar a lei estadual nº 10.948, de 2001, que pune “toda manifestação atentatória ou discriminatória praticada contra cidadão homossexual, bissexual ou transgênero”. Essa lei acaba de ser aplicada contra o cidadão Juliano da Silva, da cidade de Pontal, por ter chamado de “veado” um homossexual com quem discutia. A lei nada estatui contra chamar disso quem não seja homossexual, ficando claro portanto que o insulto só será punido se tiver pelo menos um fundo de veracidade. Antes de chamar alguém de “veado”, portanto, certifique-se de que ele não o é. Legislações politicamente corretas transformam a Justiça numa palhaçada só para atender à prepotência de grupos ativistas. Os partidos de esquerda que as propõem sabem perfeitamente que o único objetivo delas é desmantelar o sistema desde dentro, criar a atmosfera de caos e anarquia necessária para que a conquista integral do poder por uma das facções – com exclusão de todas as outras – passe despercebida, que é exatamente o que está acontecendo.

A oposição “liberal” cai no engodo e acaba servindo ela própria de canal para a implementação dessas políticas, seja porque é tola o bastante para levar a sério os pretextos morais que as adornam, seja porque acredita que o politicamente correto é rentável em termos de votos. No primeiro caso, é vítima de  ingenuidade moral, mas no segundo incorre numa estupidez política que dificilmente se poderia perdoar em indivíduos que têm alguma experiência em eleições.

No Brasil, gayzismo, abortismo e coisas do gênero não dão voto a ninguém. Podem garantir algum aplauso da mídia, mas quem disse que a mídia é tão influente quanto gosta de imaginar que é? Contra a tagarelice geral dos que se julgam donos da opinião pública, todas as pesquisas mostram as preferências acentuadamente conservadoras do povo brasileiro, que graças a um brutal erro de avaliação dos partidos “de direita”, fica excluído da representação política. Os votos da maioria silenciosa estão à espera do candidato que tenha a coragem de falar em nome dela. Os políticos que deveriam fazê-lo preferem no entanto fazer-se de bons meninos ante o beautiful people esquerdista, em troca de nada mais que garantias mínimas para o livre mercado (v. O futuro da direita). E é claro que, quanto mais eles cedem no terreno moral e cultural, mais mínimas essas garantias se tornam. O livre mercado jamais é “causa sui”: ele depende de condições culturais, morais e psicológicas que, uma vez anuladas em prol do politicamente correto, dão a um governo de esquerda todos os meio de colocar o capitalismo de joelhos sem que os próprios capitalistas ousem reclamar ou mesmo perceber o que está acontecendo. Hegemonia cultural é, no fim das contas, domínio sobre as consciências, especialmente as dos adversários. A presteza subserviente com que políticos soi disant liberais aderem ao programa cultural da esquerda ilustra o sucesso que vem tendo no Brasil a estratégia gramsciana da “revolução passiva”, definida como uma oposição dialética na qual “somente a tese desenvolve todas as suas possibilidades de luta, até capturar os supostos representantes da antítese” ( Cadernos do Cárcere , vol. 5, p. 318).

O desempenho furiosamente regulamentador do governo Lula na lista da Heritage mostra algo que todo mundo já deveria saber: Quando você abdica de tudo em troca do livre mercado, acaba perdendo até o livre mercado.

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         Michele Obama, esposa do pré-candidato democrata, disse que agora, pela primeira vez, se orgulha do seu país. Foi uma gafe de dimensões lulianas. O público agora acha que, no entender da candidata a primeira dama, os EUA não prestavam para nada até o advento de Barack Hussein Obama. A coisa fica pior ainda porque, se alguém não tem motivos para se queixar da sociedade americana, é a sra. Obama: ela subiu muito na vida como parte da elite privilegiada que teve acesso a Princeton e Harvard na onda das quotas, passando por cima de candidatos mais qualificados.

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         Uma bandeira de Cuba e um cartaz de Che Guevara fotografados por acaso na parede do escritório oficial da campanha de Barack Obama em Houston despertaram finalmente a curiosidade da mídia para o óbvio dos óbvios: as ligações – antigas e fortes — do candidato democrata com a esquerda radical. Até ontem, ninguém queria tocar no assunto.

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         O namoro da imprensa esquerdista chique com John McCain acabou. Serviu só para evitar que os republicanos escolhessem um candidato genuinamente conservador, que ganharia as eleições sem grande dificuldade. Afastado o perigo, os encantos do velho guerreiro se diluíram da noite para o dia. De repente, a tendência a repentinos ataques de fúria, a mais notória falha de caráter de McCain, esquecida durante meses, voltou à pauta. Não se fala de outra coisa.

         A boa notícia para McCain é que Michael Savage, o terceiro radialista mais ouvido do país, aderiu à campanha dele. Não dá para compensar a birra que o primeirão dos primeirões, Rush Limbaugh, tem com o candidato republicano — mas que ajuda, ajuda.

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         Segundo uma nota de Phil Brennan publicada no Newsmax e no Front Page Magazine ( So Much for Global Warming), a U.S. National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) informa que todo o gelo marítimo “perdido” do hemisfério norte voltou. Os níveis, que tinham baixado de 5 milhões de milhas quadradas para 1,5 milhão de janeiro de 2007 a outubro do mesmo ano, já são quase os mesmos de antes. E na Antártida a camada de gelo cresceu um terço acima do seu nível normal.

         Isso deve esfriar um bocado o entusiasmo aquecimentista da própria NOAA, senão também o do sr. Al Gore.

O ovinho da serpente

Olavo de Carvalho


Jornal da Tarde, 5 de fevereiro de 1998

Nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Suécia, há organizações nazistas assumidas – militantes, ativas, armadas. Nunca uma delas foi manchete nos principais jornais. David Duke, o líder nazista que quase foi candidato à Presidência norte-americana, nunca saiu em corpo 120 na primeira página do New York Times , do Washington Post ou do Washington Times.

No Brasil não existe qualquer militância nazista, exceto nos hospícios. Este é um país onde até mesmo clássicos da literatura acusados de simpatias nazistas estão expulsos do mercado livreiro há décadas sem que ninguém dê pela falta deles. É um país onde, em suma, o nazismo é apenas a evanescente recordação de um pesadelo distante, perdido nas brumas do passado. Pois bem: neste país, oito adolescentes que numa redação escolar expressam uma vaga apreciação pela figura histórica de Adolf Hitler não apenas se tornam manchete, mas suscitam uma onda nacional de advertências apocalípticas contra a ameaça nazista. Lida por um observador desinformado, a reação da imprensa brasileira ao caso da Escola Militar de Porto Alegre produz a inequívoca impressão de que hordas de camisas-pardas estariam em vias de marchar sobre o Palácio do Planalto.

Mas, quando reações de pavor histérico ante o imaginário coexistem numa mesma alma com a tranqüilidade olímpica ante um outro perigo, este real e iminente, então cabe perguntar: loucura ou método? A quase totalidade dos porta- vozes do alarmismo antinazista constitui-se de jornalistas e intelectuais de esquerda que vêem com calma simpatia a anunciada invasão de ministérios, bancos e edifícios privados pelos militantes armados do MST. A estratégia maliciosa é mais que evidente. A esquerda mundial sempre buscou impingir o socialismo como a única alternativa ao nazismo (como se este não fosse um socialismo!). A proposta indecente – “ou eles ou nós” – brota quase automaticamente nos lábios esquerdistas sempre que surge um perigo nazista no horizonte. A novidade que a esquerda brasileira acaba de introduzir nesse joguinho safado consiste em elevá- lo ao supra-sumo da calhordice: não havendo perigo nazista para servir de arma de chantagem, inventa-se um. Para tanto, infla-se até à demência, transformando-o em manchete nos grandes diários das capitais, um episódio que mal daria assunto para uma crônica de seminário do interior. Cria-se a notícia do nada, como Deus ao fazer o mundo.

O falecido Jean Mellé, virtuose do escândalo, fez o sucesso de Notícias Populares por esse método. Ao não obter da Rede Record uma informação precisa sobre o hotel onde se hospedara o ídolo máximo da “Jovem Guarda” em Nova York durante uma viagem de passeio, mandou estampar em oito colunas: “Roberto Carlos sumiu!” As fãs, em lágrimas, fizeram fila nas bancas de jornais. Outro tanto conseguia o velho Chagas Freitas em O Dia e A Notícia . Uma operária passara mal após comer um cachorro- quente? Manchete: “Cachorro fez mal à moça.” Trata-se de jogar com as palavras para mudar, seja o sentido, seja as proporções dos acontecimentos.

A classe jornalística, que tanto se gaba de sua capacidade de autofiscalização, não dá o menor sinal de perceber que, quando a grande imprensa adota os procedimentos de Jean Mellé, algo, de fato, apodreceu na consciência dos profissionais. Se todos se recusam a sentir-lhe o cheiro, é sob o pretexto edificante de que os altos objetivos políticos da operação transfiguraram miraculosamente a porcaria em sublime coisa. Todos dão por pressuposto que a luta pelo poder seja mais digna de estima do que a luta pelo dinheiro. Em nome da causa, torna-se lindo jogar pela janela os últimos escrúpulos de ética profissional.

E os protagonistas da farsa não são todos principiantes iludidos. Zuenir Ventura, numa dramática meia página do Jornal do Brasil , quer nos persuadir de que enxerga no episódio de Porto Alegre um “ovo de serpente”. Teria Zuenir se equivocado? Teria perdido, num transe de embriaguez ideológica, todo o senso das proporções? Não, uma velha raposa do jornalismo não toma tão ingenuamente por ovos de serpente ovos de codorna. Não há equívoco: ao denunciar os meninos de Porto Alegre como culpados de “delinqüência mental” – notem bem o termo -, Zuenir deixa à mostra seu intuito de fazer do jornalismo uma “Polícia do Pensamento”, diretamente copiada do 1984 de George Orwell. E se essa ofídica entidade, ainda extra-oficial, já reina soberana sobre boa parte da imprensa brasileira sem que ninguém tenha a ousadia de contestar suas pretensões (o presente artigo jamais seria aceito num jornal do Rio), que não fará ela no Brasil socialista de amanhã, quando seus serviços forem reconhecidos e premiados pelo Estado? A serpente de Porto Alegre, além de estar ainda em estado de ovo, é um ovo hipotético e fingido, um ovo de papelão fabricado por uma cerebração artificiosa. Mas esta outra de que estou falando já saiu da casca há muito tempo, está viva e passa bem. Nem sempre está visível, mas todo mundo pode ouvi-la – sendo esta, precisamente, a sua peculiaridade: toda as serpentes botam ovos, mas, quando uma delas começa a cacarejar, algo de muito estranho está acontecendo. E se, para explicar o seu insólito procedimento, ela ainda nos diz que o motivo de sua histeria galinácea está no pavor que lhe inspira a simples visão de um ovinho, então, meus filhos, é que alguma ela está tramando.

Portanto, entre a hipótese da loucura e a do método, opto pelas duas. A exploração metódica de uma loucura induzida com fins políticos é, em si mesma, loucura no mais alto grau. É a loucura fria, racional, dos revolucionários dispostos a justificar os meios pelos fins, como se o emprego de certos meios, uma vez tornado habitual, não passasse a determinar a natureza dos fins.

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