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Botão de descarga

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 31 de julho de 2013

          

Poucos jornalistas brasileiros têm denunciado a fraude geral do governo petista com a constância, o brilho e a bravura de Diogo Mainardi, mas isso não quer dizer que ele compreenda claramente o que está acontecendo neste País, nem que se abstenha de sugerir remédios capazes de até  agravar consideravelmente a situação.
Numa recente mensagem postada no seu Facebook, ele exclama: “Falta uma mudança total, de tudo. Falta uma greve geral que tenha a força de liquidar essa quadrilha do PT, incrustada no poder. Falta o impeachment da Dilma… O impeachment, na minha visão, funciona como o botão que se aperta para dar descarga na privada.”
Isso não seria grave se Mainardi fosse o único a pensar dessa forma, mas a sua visão do cenário político é a mesma de uma  grande parte da sociedade brasileira.
O primeiro erro dessa perspectiva é ignorar que às vezes o centro vivo do poder, portanto a fonte geradora do mal, nem sempre reside no ocupante do mais alto posto da hierarquia constitucional; e, quando está em curso um processo revolucionário comunista sob camuflagem democrática, não reside quase nunca.
É da natureza mesma do movimento comunista, sobretudo nas épocas de incerteza, não queimar jamais os seus quadros melhores expondo-os aos riscos de um cargo público demasiado visível.
O comando do processo está hoje nas mãos do Foro de São Paulo, e quando digo isso não me refiro nem mesmo às suas assembleias gerais, porém mais aos círculos de conversações discretas, ou até secretas, em que se fazem e desfazem governos e se decidem os destinos de nações inteiras sem que as respectivas populações tenham disso a menor notícia, ou, como confessou o sr. Lula, “sem que pareça”. O discurso que esse ex-presidente fez no 15º aniversário do Foro, em 2005 – documento que ninguém na grande mídia publicou ou leu –, contém informações essenciais onde se pode obter uma ideia do poder avassalador da organização que por quase duas décadas se fingiu de inexistente ou inofensiva com a ajuda do silêncio obsequioso da classe jornalística em peso (ver link). Igualmente significativas, sob esse aspecto, foram as declarações do sr. José Dirceu em entrevista ao sr. Antonio Abujamra à qual ninguém prestou alguma atenção inteligente (ver link).
Há anos o Foro decidiu que o fim do mandato de Lula assinalaria o fim da “etapa de transição” e o começo da conquista abrangente e definitiva do poder, ou, em outras palavras, o upgrade decisivo, a passagem do socialismo meia-bomba ao socialismo-bomba (ver link).
A recente onda de protestos, planejada e incitada por agentes do Foro, inclusive com treinamento de guerrilheiros urbanos para dar à coisa um aspecto devidamente atemorizante (ver link) e justificar medidas mais drásticas contra o bode expiatório de sempre, a “direita fascista” (ver link), mostra claramente que o comando revolucionário não hesitou em espremer a sra. Dilma Rousseff contra a parede, para que esta se definisse, isto é, assumisse a liderança do processo ou fosse passada para trás pelas facções mais ousadas da esquerda nacional.
Os resultados do teste, porém, apareceram embaralhados pela intromissão de um fator inesperado: espontaneamente, numa desorganização majestosa, massas de liberais, conservadores e cidadãos sem cor política revoltados contra a esbórnia federal saíram também às ruas em quantidades oceânicas e, em certos pontos, acabaram ocupando o espaço e os megafones destinados inicialmente à agitação esquerdista.
Embora atônita e desorientada – prova inequívoca de não ter passado no exame –, a presidenta foi salva pela decisão do comando revolucionário, ele próprio a essa altura atônito e desorientado, de dar marcha a ré na sucessão de badernas e fechar-se em copas para autocrítica e remanejamento estratégico. Não fossem esses imprevistos, o fracasso da presidenta em dirigir os acontecimentos teria marcado o fim da sua carreira política e a ascensão de novas estrelas de esquerda, longamente preparadas para isso na escolinha maternal do próprio Foro de São Paulo (ver link).
Dito de outro modo: se só Dilma Rousseff tivesse se mostrado perplexa e o próprio Foro não tivesse perdido o controle da situação, a cabeça da presidenta já teria rolado, e o sonho do sr. Diogo Mainardi teria se realizado, mas não em proveito do povo brasileiro e sim da parte mais furiosa da esquerda nacional, com a subsequente instauração de um regime francamente revolucionário. E este, com a  centralização abrupta e descarada do poder, não hesitaria em apelar, sob o pretexto de saneamento e até sob os aplausos da massa ingênua, não só à violência repressiva tipicamente comunista como também a formas de corrupção de tipo soviético, ainda mais requintadas e perversas do que aquelas a que nos habituou a mixórdia petista.
No rumo que as coisas tomaram, ficou tudo em suspenso até melhores análises estratégicas, mas, qualquer que seja o caso, o que está provado e bem provado é que livrar-nos de Dilma não é a mesma coisa que livrar-nos do mal. Se o fosse, o próprio Foro não teria chegado tão perto de apertar o botão de descarga. Mais sobre isso no próximo artigo.
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Duas perguntas

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 9 de abril de 2013

          

A revista acadêmica Intelligencer, do Patrick Henry College, de Purcellville, Virginia, enviou-me esta semana algumas perguntas sobre a situação política na América Latina. As respostas que ofereci a pelo menos duas delas não me parecem desprovidas de interesse para o leitor brasileiro.
Pergunta:  Quais foram as causas da mudança da América Latina para o socialismo/comunismo depois de a região ter alcançado algum sucesso no capitalismo?
Resposta: A história da América Latina no último meio século pode se dividir em três etapas. Primeiro vieram as ditaduras militares e a derrota da esquerda armada. Depois, a volta da democracia e uma fase de entusiasmo epidérmico pelo capitalismo liberal, coincidindo com a queda do comunismo no leste europeu. Por fim, a ascensão geral das esquerdas.
É evidente que a terceira etapa foi preparada durante a segunda, quando a opinião pública parecia imaginar que o comunismo estava morto e enterrado para sempre, mas na verdade apenas se fazia de morto para assaltar o coveiro. O que aconteceu foi que, na época, a direita não entendeu de maneira alguma o processo de transformação interna do movimento comunista.
Os militares haviam se concentrado no combate à esquerda armada, sem fazer praticamente nada contra o comunismo no campo ideológico e cultural, que, precisamente na época da maior repressão, ia sendo discretamente dominado pelos esquerdistas. Na quase totalidade dos países da América Latina, estes dominavam o aparato cultural e jornalístico,  justamente no instante em que a queda da União Soviética lançava entre eles um estado de confusão ideológica muito propício a uma revisão estratégica profunda, que veio a acontecer com rapidez extraordinária – sem que a direita, então embriagada de ilusão triunfalista, nem sequer o percebesse.
Essa revisão foi composta pelos seguintes itens: (1) a reforma organizacional dos partidos comunistas, que abandonaram a antiga linha vertical de comando para adotar uma organização mais flexível em “redes” e propiciar a articulação estratégica entre todas as facções de esquerda, passando por cima de antigas dissensões ideológicas; (2) uma mudança radical no discurso ideológico, que, em vez da transformação estrutural da economia, passou a enfatizar toda sorte de interesses grupais antagônicos ao sistema, ao qual já não se declarava guerra abertamente, mas se combatia desde mil lados ao mesmo tempo, lançando na sociedade uma confusão dos diabos.
Essas transformações refletem aquilo que Augusto del Noce chamou, um tanto ironicamente, de “suicídio da revolução”: dissolvida toda visão clara de um futuro socialista, a luta revolucionária esfarelou-se em mil e uma linhas de combate aparentemente inconexas que, segundo o mesmo del Noce, não faziam avançar a causa socialista ostensivamente, mas iam corroendo todos os valores morais e culturais da sociedade capitalista, que, assim, assumia  feições cada vez mais malignas e odiosas.
As novas gerações de adeptos do capitalismo, já educadas fora dos valores morais e culturais que sustentavam o regime, colaboraram nesse processo, entregando-se a um pragmatismo amoral que transformava o capitalismo precisamente no monstro que os esquerdistas desejariam que ele fosse. Os esquerdistas, por sua vez, aproveitavam-se disso para fomentar a corrupção e ao mesmo tempo denunciá-la, lançando as culpas no capitalismo.
O conjunto tornou-se tão confuso que ninguém, na direita, compreendia o que estava acontecendo. Atônitos e paralisados, os políticos conservadores e liberais (no sentido latino-americano do termo) foram cedendo a um avanço ideológico cujo perfil comunista de conjunto lhes escapava por completo, Foi assim que a facção que no começo dos anos 90 parecia quase extinta veio a se tornar a dominadora quase absoluta do continente.
Pergunta: O presidente Hugo Chávez  teve  ampla responsabilidade nessa mudança?
 Resposta: Não, de maneira alguma. Chávez foi apenas o espantalho usado pela esquerda para distrair os observadores norte-americanos, que concentravam nele as suas atenções enquanto empreendimentos de muito maior envergadura, dirigidos desde o Brasil, isto é, desde o foro de São Paulo, iam consolidando a posição das esquerdas no continente.
O governo e a mídia dos Estados Unidos entraram num tal estado de alienação que chegaram a acreditar que havia na América Latina duas esquerdas, uma totalitária e ameaçadora, representada por Hugo Chávez, e outra democrática e até pró-americana, personificada por Lula – mas Lula foi o fundador e, por doze anos, o dirigente máximo do Foro de São Paulo.
Mais realista foi a visão das FARC (Forças Armadas Revolucionárias) da Colômbia, que logo enxergaram na fundação dessa entidade a salvação e o futuro do movimento comunista. Chávez só se tornou membro do Foro quando este já  tinha cinco anos de existência e seus planos estratégicos para o domínio continental estavam em plena execução.
Nunca houve entre Chávez e o Foro, ou entre Chávez e Lula, a  mínima divergência. O próprio Lula, em dois discursos, que chegaram a ser reproduzidos no site oficial da Presidência da República brasileira, reconheceu que o Foro tinha elevado e mantido Hugo  Chávez no poder. Este foi  um instrumento dócil da entidade, encarregado de condensar em si os temores internacionais, acobertando as operações de conjunto do Foro no restante do continente.

Fugindo da humilhação

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 4 de fevereiro de 2013

          

Platão, no Eutífron, já advertia contra aqueles que estão do lado do bem só por tradição e hábito, sem revigorar suas crenças pela busca ativa da verdade, e se tornam assim colaboradores inconscientes do mal. Passado dois milênios e meio, parece que ninguém aprendeu a lição, ao menos nos EUA. O que mais facilmente pode destruir um país é a confiança cega que os cidadãos depositam no funcionamento automático do sistema, sem fazer nada para garantir que ele sobreviva aos desafios novos e imprevistos.
Conversando com uma amiga – que deixou de ser minha amiga por isso –, informei a ela que a vida de Barack Hussein Obama permanecia um mistério, já que ninguém nos altos círculos desejava investigá-la e muitos tinham mesmo interesse em mantê-la secreta. A mulher reagiu como se eu fosse um egresso do Pinel. “Impossível!”, gritava ela no telefone. “Imagine se vão aceitar um candidato presidencial sem investigá-lo! Você pensa que está no Zimbábue? Aqui é a América, a democracia, o reino da transparência!”
Bem, o problema é exatamente esse. Uma janela é transparente porque você enxerga através dela, não porque apenas imagina que os outros enxergam.
Se cada cidadão transfere aos de cima o dever de tentar enxergar, logo a coisa vira uma nação de cegos governados por meia dúzia de videntes espertos.
O velho adágio esotérico de que “o segredo se protege a si mesmo” não é bem exato: o que o segredo faz é alimentar na massa de cretinos o anseio compulsivo de exorcizar antecipadamente o fantasma de uma desilusão que se anuncia tão inevitável quanto insuportável.
Uma pesquisa já antiga da IBM mostra que é possível levar qualquer pessoa a um estado de quase paranóia mediante o simples controle do fluxo de informações que ela recebe: basta mantê-la em constante alerta contra o perigo de uma humilhação iminente.
Estudos como esse já saíram do campo da pura investigação científica e se integraram, faz tempo, no arsenal das técnicas de manipulação comportamental. As gozações cruéis que o governo e a grande mídia fazem contra os birthers não visam a atingir a eles propriamente, mas a ricochetear sobre a massa dos crentes obamistas, submetendo-os à angústia intolerável de ter de escolher entre o risco de ser alvos de humilhação semelhante
ou o de submeter-se mais tarde à humilhação pior ainda de descobrir que caíram no maior blefe político de todos os tempos.
É assim que as próprias vítimas do engodo se tornam a guarda pretoriana do trapaceiro, repelindo com fúria a mera suspeita de que ele as possa ter enganado. Apelos desesperados à fé irracional, como o da minha ex-amiga, já denotam aquela reação de autodefesa exagerada que marca o primeiro estágio das neuroses, a falsificação histérica do quadro percebido.
O psiquiatra polonês Andrew Lobachewski ensina que, quando um grupo de psicopatas cínicos e descarados assume o poder na sociedade, a histeria, em proporções epidêmicas, se espalha pela população.
O fato é que, em décadas de jornalismo, nunca vi nada mais abundantemente provado do que a falsidade dos documentos de Barack Hussein Obama. Quem quer que a negue é porque não examinou as provas, não quer examiná-las ou, tendo-as examinado, não quer que ninguém mais as examine: morre de medo disso.
Digo-o com a experiência de quem viu a midia nacional inteira fingir, por dezesseis anos, que o Foro de São Paulo não existia. Onde estão hoje aqueles galináceos de borla e capelo que, do alto de seus poleiros, cacarejavam acusando-me de açoitar cavalo morto ou de ser um “teórico da conspiração”? Em que buraco se esconderam depois que o próprio Lula passou a alardear em público o poder e a glória daquela instituição comunista?
Estão todos se fingindo de mortos, esperando que o tempo apague o vexame mais deprimente da história do jornalismo nacional.
Se nenhum perdeu o emprego, é pelo mesmo motivo que os mensaleiros continuam longe da cadeia: o Brasil tornou-se um imenso hímen complacente, sobrevive a estupros repetidos e sai sorrindo como se nada tivesse acontecido.
Nessas condições, já vim para os EUA, em 2005, preparado e vacinado para não me espantar de que a mídia americana copiasse na primeira oportunidade o exemplo da nacional, num esforço conjugado de tapar o sol com uma peneira estropiada.
O eleitor americano é que ainda não se adaptou à brasilianização do seu país. Ainda entra em crise toda vez que se vê obrigado a escolher entre acreditar na mídia ou no que vê com os olhos da cara.
Muitos ainda se apegam à esperança louca de que tudo seja um equívoco.
Obama viajou para o Paquistão numa época em que a entrada de americanos naquele país era proibida, usando um passaporte estrangeiro e provando que tem dupla nacionalidade? Deve haver uma explicação.
Obama usa 27 números diferentes de Social Security, registrados em nome de pessoas mortas, de parentes longínquos da sua esposa e até da mãe de um alto funcionário do próprio Social Security? Deve haver uma explicação.
Obama assinou com data de 1980 um certificado de alistamento militar emitido em 2008? Deve haver uma explicação. A borrachinha do carimbo foi visivelmente  cortada e invertida para transformar 08 em 80? Deve haver uma explicação.
A certidão de nascimento de Obama publicada pela Casa Branca mostra letras com espaços diferenciados, como só veio a se tornar possível com máquinas de escrever elétricas que não existiam quando o documento foi emitido?
Deve haver uma explicação. Esses fatos não aparecem na grande mídia, mas todo mundo os conhece e ninguém os contesta. Só o que fazem é odiá-los e  bater em quem insista em mencioná-los.

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