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A mãe de todas as fraudes

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 3 de dezembro de 2009

Mal acabava eu de escrever aqui que “o uso maciço da fraude científica, em proporções jamais antes imaginadas, vem-se tornando o principal meio de imposição de novas políticas”, e no dia seguinte veio a público a fraude das fraudes: dois hackers invadiram o servidor da Universidade de East Anglia e copiaram e-mails nos quais eminentes cientistas revelavam ter apelado às trapaças mais abjetas para impingir ao mundo a balela do “aquecimento global” e as legislações draconianas alegadamente destinadas a “salvar o planeta” desse mal fantasmagórico (v. www.aim.org/aim-column/media-ignore-climate-science-scandal/). Entre outros expedientes, constavam:

1. Suprimir dos relatórios da ONU quaisquer dados que pusessem em dúvida o aquecimento global ou suas alegadas causas humanas.

2. Complementarmente, inventar e enxertar na bibliografia técnica dados que comprovassem as hipóteses desejadas.

3. Boicotar sistematicamente as revistas científicas que publicassem estudos adversos à causa aquecimentista.

4. Orquestrar ataques a todos os cientistas adversários, questionando suas credenciais acadêmicas.

Se algum dia houve algo como um “crime intelectual hediondo”, foi esse. Por uma ironia providencial, a documentação colhida pelos hackers veio à tona na mesma semana em que um outro grupo de acadêmicos aquecimentistas, mais honesto, admitia francamente que, para desgraça da sua causa sacrossanta, a temperatura do planeta tinha permanecido estável nos últimos dez anos (v. www.spiegel.de/international/world/0,1518,662092,00.html).

Recordem que a campanha alarmista do aquecimento global teve seu momento mais significativo com o lançamento do livro de Al Gore, Uma Verdade Inconveniente, e verão até que ponto chega o cinismo dessas criaturas: põem em circulação uma farsa pseudocientífica construída de dados falsos, compram para ela o apoio da grande mídia, do show business, das universidades, de macro-empresas e dos maiores organismos internacionais e, ao mesmo tempo que já a alardeiam como verdade pioneira universalmente silenciada pelo establishment (como se não fossem eles próprios o establishment e não fizessem um barulho dos diabos), vão tratando de organizar preventivamente o boicote aos eventuais recalcitrantes e contestadores — tudo para produzir em benefício próprio a mais formidável concentração de poder que já se viu ao longo de toda a História humana.

Se isso não é golpe, conspiração, formação de quadrilha, então estas três expressões já não têm significado nenhum.

A isso reduz-se, hoje em dia, a autoridade da classe científica no mundo.

Mas é claro que, tão logo revelada a fraude, a grande mídia americana inteira já se pôs em marcha para proteger os criminosos, omitindo-se de mencionar a descoberta do embuste, noticiando-a com a maior discrição possível ou negando abertamente sua importância, contra toda a evidência dos fatos e contra todo senso das proporções.

Servida por esses bons préstimos, a Conferência da ONU sobre o Clima, a realizar-se em dezembro próximo em Copenhagen, poderá ignorar solenemente a denúncia, e, como se a idoneidade científica do aquecimentismo permanecesse intacta, seguir adiante, impávido colosso, no seu propósito de impor a uma cândida humanidade os controles globais destinados a salvá-la de um perigo inexistente.

Segundo o novo presidente da União Européia e office-boy do CFR, Hermann van Rompuy, que o anuncia com indisfarçado entusiasmo, esses controles já equivalem à plena instauração de um governo mundial, rebaixada a noção de soberanias nacionais ao estatuto de ficção jurídica condenada a dissolver-se suavemente em névoas, sem traumas nem prantos, num prazo de poucos anos. Adiantando-se à profecia, o governo Obama envia emissários a Haia para estudar os meios de estender aos EUA a jurisdição do Tribunal Penal Internacional: sim, com a mesma paixão com que busca livrar os terroristas estrangeiros da autoridade dos tribunais militares americanos, o homenzinho está ansioso para submeter os cidadãos de seu país às decisões de juízes estrangeiros.

As mais sombrias advertências de Lorde Christopher Monckton estão se materializando diante dos nossos olhos (v. www.midiasemmascara.org/artigos/internacional/estados-unidos/9640-obama-pronto-a-ceder-a-soberania-dos-eua-afirma-lorde-britanico.html), e no Brasil — não só entre o povão, mas na quase totalidade da elite — ainda há quem ria da idéia de “governo mundial”, acreditando piamente que é uma lenda criada por “teóricos da conspiração”. Hipnotizado pela lisonja interesseira dos banqueiros internacionais, como o corvo pelas belas palavras da raposa na fábula de La Fontaine, o Brasil cada vez mais se imagina o umbigo do mundo, quando na verdade só participa da história mundial como vítima periférica e sonsa de forças que não compreende e aliás nem mesmo enxerga.

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