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Mais um homem de duas cabeças

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 13 de janeiro de 2012

O entusiasmo de tantos eleitores pela candidatura Ron Paul mostra uma vez mais a vulnerabilidade do sistema americano às manobras de seus inimigos, abrigados sob a proteção da mídia e de uma credulidade popular abismante.

Se uma vasta campanha de esclarecimento não detiver a ascensão do deputado libertarian, o pleito de 2012 arriscará tornar-se um erro ainda mais letal do que foi a eleição de 2008.

Discípulo do gangster misto de revolucionário Saul Alinsky e amparado numa aliança de radicais muçulmanos, comunistas e globalistas, Barack Hussein Obama chegou à presidência com documentos falsos e desde sua posse não fez outra coisa senão contrair mais dívidas do que todos os seus antecessores somados, promover o crescimento das forças inimigas por toda parte, incentivar a rebelião comunista do Occupy Wall Street, atiçar a fogueira da guerra cultural anti-americana e anti-religiosa por todos os meios ao seu alcance, debilitar o poder de ação dos militares no exterior e voltá-los para o front interno como polícia política, escorada numa lei iníqua que permite prender cidadãos americanos por tempo indefinido, sem direito a habeas corpus. A lei foi aprovada a pretexto de “combate ao terror”, mas contra quem ela será usada na prática é coisa que se pode julgar pelo seguinte detalhe: o governo hoje em dia considera “suspeito de terrorismo” quem quer que estoque comida para mais de uma semana (metade da nação americana faz isso), ao mesmo tempo que recusa obstinadamente tomar qualquer medida, mesmo verbal, contra a organização Amaat ul-Fuqra, também chamada “Muslims of America”, que comanda trinta e cinco campos de treinamento para terroristas em pleno território americano (v. http://www.jihadwatch.org/2012/01/35-jamaat-al-fuqra-terror-training-camps-still-operating-in-the-us.html).

Numa época de patriotismo declinante, resultado de cinco décadas de suicídio cultural, é inevitável que a população seja menos sensível aos perigos internacionais do que à pressão econômica do dia-a-dia. Neste ponto, a política estatista e perdulária de Barack Hussein Obama se revelou indefensável: durante sua gestão o preço da gasolina subiu de 1,20 para 3,90 dólares o galão, o desemprego duplicou (segundo as estatísticas oficiais) ou (segundo fontes mais razoáveis) quadruplicou, chegando hoje a 16,6 por cento – e, para onde quer que você olhe, as casas do povão, quando não foram tomadas pelos bancos, estão à venda sem que ninguém as compre.

A essa altura, nenhum estrategista de esquerda seria louco o bastante para defender, em campanha eleitoral, a política econômica do governo. Mesmo com toda a blindagem de mídia que o mantém a salvo de qualquer crítica mais séria e até de perguntas sobre sua identidade, o presidente está irremediavelmente queimado na praça, e o esquema globalista que o gerou só teima em apresentá-lo às eleições na condição de vítima sacrificial. Se ele não mostrar documentos válidos, se insistir na farsa da certidão de nascimento fabricada em photoshop, é até possível que sua candidatura seja impugnada em alguns Estados (v. http://obamareleaseyourrecords.blogspot.com/2012/01/nbcs-wxia-tv-georgia-judge-denied.html). E será tarde para improvisar outro candidato democrata.

Ora, o programa da aliança globalista-comunista-islâmica à qual Barack Obama deve sua existência política tem três fronts: (1) a destruição da economia americana; (2) a política externa calculada para fortalecer os inimigos e debilitar os EUA; (3) a guerra cultural voltada à dissolução sistemática dos valores morais e patrióticos da nação.

No primeiro, já não é possível enganar mais ninguém. A opinião pública divide-se entre os que acham a política econômica do governo um fracasso nacional e os que a julgam um sucesso do inimigo. O país inteiro, incluindo uma parcela enorme de obamistas arrependidos, quer corte de despesas, redução de impostos e o fim do festival de favorecimentos ilícitos que Obama instaurou sob o belo nome de “estímulos”. Quer, enfim, um retorno aos sãos princípios do capitalismo tradicional.

Essa bandeira não é negociável. Nenhum candidato que se oponha frontalmente a ela terá a menor chance.

É nessa hora que entra em cena o cálculo do custo respectivo dos anéis e dos dedos. Que tal ceder no campo econômico, para garantir a vitória nos fronts 2 e 3? O povo está tão oprimido e angustiado pela crise, que um alívio financeiro imediato bem pode desviar suas atenções dos perigos que o esperam, em futuro não muito longínquo, caso a América se desarme ante seus inimigos externos e internos e, assumindo as culpas de tudo o que se passa de mau no mundo, consinta em desmoralizar-se ainda mais. Tal é precisamente a proposta de Ron Paul. Esse estranho ser de duas cabeças, direitista em casa, esquerdista no mundo, que se apresenta como o pai do Tea Party mas tem entre seus votantes 57 por cento de anticonservadores, parece ter sido criado especialmente para confundir o eleitorado, tal como um certo personagem que bem conhecemos por aqui, aquele que na mesma semana foi homenageado por sua adesão ao capitalismo e por sua fidelidade ao comunismo.

Cada vez mais evanescente a esperança de reeleger Obama – ao menos por vias normais –, é compreensível que o deputado do Texas, cuja integridade pessoal ninguém aliás põe em dúvida, tenha surgido como o Plano B de George Soros e como o candidato predileto do governo russo (v., respectivamente, http://www.youtube.com/watch?v=K4q1vYx1V3g e http://www.aim.org/aim-column/why-is-russian-tv-backing-ron-paul/).

A técnica da opressão sedutora

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 19 de dezembro de 2011

Hoje em dia, nos EUA, um pai de família pode ser expulso de casa, proibido de ver os filhos e obrigado a pagar quase todo o seu salário em pensão de alimentos, sem que haja uma só prova de que ele fez ou pensou em fazer qualquer coisa de errado. Basta que sua mulher diga à polícia – sem uma testemunha sequer – que ele ameaçou surrá-la ou abusar das crianças. Quando o infeliz é avisado de que tem vinte e quatro horas para sair do pedaço e ver sua vida desfazer-se no ar como fumaça, ele vai ao delegado e reclama que não é justo ser condenado sem o mínimo direito de defesa. E a autoridade, com o ar mais tranqüilizante do universo, responde: “Meu amigo, não há necessidade de defesa, pois o senhor não está sendo acusado de nada. É apenas uma medida cautelar — que pode, é verdade, ser renovada indefinidamente e durar pelo resto da sua porca vida. O senhor só será preso se violar a ordem, tentando encontrar-se com seus filhos fora dos horários prescritos (se algum há), passando perto da sua antiga casa num raio de, digamos, dois quilômetros, ou se metendo a besta caso a sua digníssima, liberta da sua opressiva presença, vá para a cama com um, dois ou quinze homens. Passe bem.”

Cinqüenta por cento das crianças americanas vivem sem um dos pais – quase sempre o pai. Uma das conseqüências diretas é o aumento exponencial dos casos de pedofilia doméstica, onde as estatísticas mostram que o culpado é quase que invariavelmente o namorado da mãe. Nas universidades, os discípulos de Georg Lukács e Theodor Adorno esfregam as mãos, excitadíssimos, vendo cumprir-se sem maiores dificuldades, e com o comovido apoio do bom-mocismo protestante e católico, o projeto marxista de destruição da família, que seus mestres viam como condição indispensável ao triunfo do socialismo.

Tudo isso começou com os ares mais inofensivos que se pode imaginar, como campanha de proteção à mulher contra a “opressão machista”. Quem, em sã consciência, seria contra uma coisa dessas? Pouco a pouco, à medida que adquire força de lei, a providência humanitária vai ampliando seu raio de alcance até transformar-se num pesadelo, num instrumento de opressão mil vezes pior do que os males que lhe serviram de pretexto, porque agora é oficial e se sustenta no poder da polícia, dos tribunais, do sistema educacional e da propaganda maciça que demoniza os acusados ao ponto de ninguém ter mais a coragem de dizer uma palavra em favor deles. E os resultados sociais catastróficos? São explicados como efeitos de outras causas, que por sua vez dão motivo a novas medidas humanitárias, entregando cada vez mais a grupos ativistas cínicos o monopólio da autoridade moral e estendendo ilimitadamente o poder de intenvenção da burocracia estatal na vida privada. O problema é, por exemplo, a pedofilia? Acusa-se a educação católica (embora o número de pedófilos entre os padres seja menor do que em qualquer outro grupo de educadores) e, com um pouco de jeito, persuade-se até o Papa a se prosternar ante a mídia vociferante. Os meninos criados sem um pai são inseguros, tímidos, fracos? Ótimo. Com alguma lábia, são levados a crer que são transexuais latentes, inadaptados, coitadinhos, no meio social machista. São turbulentos, anti-sociais? Melhor ainda. Eis a prova de que a sociedade capitalista é intrinsecamente violenta, geradora de brutalidades. E assim por diante. Cada novo efeito maléfico da guerra cultural já traz preparada, de antemão, uma teoria engenhosa que lança as culpas sobre a família, a religião, a cultura, o capitalismo – sobre tudo e sobre todos, exceto os autores do efeito, os ativistas pagos com dinheiro dos contribuintes para planejar, nas universidades, a destruição meticulosa e sistemática da sociedade.

A técnica é sempre a mesma. Primeiro, descobre-se um grupo social descontente e designam-se os culpados, produzindo-se contra eles uma tempestade de livros, filmes, teses universitárias, programas de TV, artigos de jornal, conferências, debates, o diabo. Apontados em público, olhados com suspeita pela vizinhança, os membros do grupo acusado começam a achar prudente marcar distância dele, mudando de vocabulário, de atitudes, e por fim juntando sua voz ao coro dos acusadores, para maior verossimilhança da conversão. Ato contínuo, concebem-se leis e medidas administrativas para amarrar as mãos dos malvados e, depois, puni-los. Vitoriosa a batalha legislativa, começa a etapa decisiva: “ampliar a democracia”, estender a área de aplicação dos “direitos” conquistados até que, dialeticamente, se convertam em meios de opressão estatal contra os quais já nada se poderá dizer sem incorrer, ipso facto, em suspeita de reacionarismo nostálgico dos velhos males, já superados, “incompatíveis com o alto estágio de civilização em que nos encontramos”.

O circuito é tão repetitivo que suas vítimas só não o percebem com clareza porque, no decorrer do processo, foram consentindo em cortar suas próprias línguas e só falar na linguagem de seus acusadores, tornando-se, automaticamente, incapazes de se proteger. No Brasil, a CNBB, enfatizando seu horror a “toda discriminação” no instante mesmo em que move débil oposição à PL-122, é o exemplo mais claro no momento.

Pensem nisso quando se sentirem tentados a crer que as leis “anti-homofóbicas” têm algo a ver com os direitos humanos dos homossexuais ou de quem quer que seja. Têm a ver, isto sim, com a supressão da liberdade de consciência, inclusive a dos próprios homossexuais que desejarem permanecer cristãos e, amanhã ou depois, defender seu simples direito de pensar – como o pensaram Oscar Wilde, Julien Green, Octávio de Faria, Lúcio Cardoso, Cornélio Penna e tantos outros homossexuais ilustres — que aquilo que fazem na cama, embora lhes pareça irresistível e sumamente delicioso, é um pecado.

Uma lição tardia – I

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 31 de outubro de 2011

 

Lendo a bela resenha que Gertrud Himmelfarb consagrou na New Criterion de outubro ao livro recentíssimo de Adam Kirsch sobre Lionel Trilling (Why Trilling Matters, Yale Univ. Press, 2011), tento, em vão, medir a diferença entre um país onde se busca, com justiça, recuperar a memória perdida do grande crítico e outro país onde a influência dele jamais penetrou nem pode penetrar.

Se nos EUA o estudo sério da literatura nas universidades foi quase inteiramente soterrado sob toneladas de propaganda feminista, gayzista, islamista, comunista, africanista, o diabo, no Brasil a própria literatura desapareceu por completo – fato inédito na história de qualquer país do Ocidente –, mal subsistindo uma vaga lembrança do que essa atividade possa ter representado em épocas passadas. Até a Academia Brasileira que por algum motivo continua a chamar-se “de Letras” já não sabe direito do que se trata, imaginando ser coisa relacionada às pessoas dos srs. Lula, Ronaldinho Gaúcho, João Havelange, Diogo Nogueira e outros ali homenageados por sua absoluta falta de méritos literários visíveis ou invisíveis.

Mas não é só por isso que a mensagem de Lionel Trilling repercutirá nestas plagas como a campainha do recreio soando num cemitério. É também, e sobretudo, porque ela fornece o padrão de medida com que se pode avaliar a extensão da calamidade cultural brasileira, e esta última, aferida por semelhante critério, mostra já ter passado daquele ponto em que tomar consciência de um estado de coisas miserável é um princípio de esperança. O Brasil mal chegou a desempenhar um papel insignificante na história intelectual do mundo, e já abdicou até mesmo das condições mínimas que lhe permitiram fazê-lo durante algum tempo. A opção preferencial pela barbárie e pelo grotesco foi levada às suas últimas conseqüências, e não existe via de retorno. Brasileiros podem, é claro, continuar estudando, criando, descobrindo, escrevendo coisas boas. Mas serão contribuições individuais, isoladas, não integráveis em qualquer conjunto que valha o nome de “cultura nacional”. Pelo menos é essa a conclusão a que chego quando examino a história mental deste país nas últimas décadas com os olhos de um aprendiz devoto dos ensinamentos de Lionel Trilling, um autor que li muito desde a juventude, com satisfação imensa, e do qual não posso dizer que tenha jamais discordado em algum ponto essencial.

O principal desses ensinamentos é que uma sociedade, sua história e sua política só podem ser compreendidos à luz daquela “imaginação moral” que se adquire com a assídua freqüentação da grande literatura. A imaginação moral não é a absorção de um código moral, mas, ao contrário – nas palavras do próprio Trilling –, “a consciência das contradições, paradoxos e perigos de viver a vida moral”.

Himmelfarb observa que, ao longo das obras de Trilling, algumas das palavras mais freqüentes são “variedade”, “possibilidade”, “complexidade”, “dificuldade”, “sutileza”, “ambigüidade”, “contingência”, “paradoxo” e “ironia”. São os termos que traduzem a própria substância da vida moral, não como aparece no esquematismo abstrato dos códigos e regras, mas na realidade da existência concreta, que não é acessível à compreensão intelectual antes de ser elaborada em símbolos pela imaginação literária.

Os humanistas do quattrocento e do cinquecento, e antes deles os pedagogos das escolas monacais dos séculos XI e XII, já haviam compreendido isso com muita clareza. Era na leitura dos clássicos que eles adquiriam o senso da compreensão, da benevolência, da misericórdia e da delicadeza de sentimentos – as virtudes própriamente humanas que os preparavam para a piedade e a caridade cristãs.

Foi com base em considerações dessa ordem que Lionel Trilling escreveu seu célebre estudo da ideologia americana dominante, The Liberal Imagination (1950). A palavra “liberal”, nos EUA, não tem nada a ver com o liberalismo econômico clássico que ela evoca espontaneamente no Brasil. Designa, bem ao contrário, o progressismo esquerdista que favorece os programas sociais, os impostos altos e o intervencionismo estatal, não raro o comunismo puro e simples. O progressismo, observava Trilling, era de fato a única tradição intelectual dos EUA. Entre o povo havia sentimentos conservadores, mas não, entre os intelectuais, uma história contínua de idéias conservadoras em debate. Daí a importância de examinar o fundo de símbolos e emoções por baixo das idéias esquerdistas em evidência. E a primeira coisa que o crítico aí notava era a rigidez esquemática das reações morais, a falta daquela abertura para a variedade e ambigüidade das situações humanas, que tão nitidamente transparecia entre os conservadores como Samuel Johnson, Edmund Burke, Samuel Taylor Coleridge, Mathew Arnold – ou, acrescento eu, Balzac, Dostoievski, Leonid Andreiev, Manzoni, Papini, Henry James, Conrad, Mauriac, Bernanos, Soljenítsin, V. S. Naipaul, Eugenio Corti.

“Se o progressismo tem uma fraqueza desesperadora, é uma imaginação moral inadequada.” Inadequada porque simplista e irrealista. “O progressista pensa que o bom é bom e o mau é mau: ante a idéia de bom-e-mau, sua imaginação falha.”

A diferença aparece com ênfase máxima na maneira como os romancistas traçam os personagens de seus virtuais antagonistas políticos. Os romances escritos pelos conservadores pululam de revolucionários, comunistas, anarquistas, terroristas e assassinos políticos retratados com toda a complexidade moral da sua vida interior e das situações que atravessam. Nos romances “de esquerda”, o adversário político quase sempre aparece sob forma caricatural, desumanizada ou monstruosa, sem qualquer atenuante, sem qualquer ambigüidade, sem qualquer concessão relativista ou mera simpatia humana. Leiam Gorki, Barbusse, Brecht, Hemingway, John Steinbeck, Ilya Ehrenburg, Theodore Dreiser, Lillian Helman, Howard Fast, e entenderão do que estou falando. É quase impossível conceber, na obra desses e outros romancistas de idêntica filiação ideológica – pelo menos enquanto permanecem sob a influência direta do movimento esquerdista – um personagem conservador ou de direita que tenha alguma virtude humana, alguma qualidade moral, alguma razão aceitável para ser como é e pensar como pensa. Há exceções, é claro, mas, em linhas gerais, a “imaginação moral”, ou mesmo a simples compreensão humana, parece ser monopólio da literatura conservadora. Não deixa de ser significativo que o próprio Georg Lukacs, o príncipe dos críticos marxistas, procurando na literatura de ficção exemplos de realismo objetivo à altura dos mais altos cânones do marxismo, os encontrasse antes nas obras de Balzac e Dostoievski – ou do apolítico Thomas Mann – do que entre os escritos de qualquer autor comunista.

A explicação de fenômeno tão uniforme e constante não me parece difícil de encontrar. O esquerdismo é quase que invariavelmente uma tomada de posição militante, que, se não leva necessariamente o escritor a filiar-se a um partido, ao menos faz dele um “companheiro de viagem” cujo círculo de convivência é preferentemente escolhido (por ele ou pelo próprio círculo) entre correligionários ideológicos. O próprio Partido Comunista sempre se encarregou de fazer com que fosse assim: ao menor sinal de que um escritor ou artista tinha simpatias de esquerda, agentes comunistas tratavam de assediá-lo, infiltrando-se em todos os meios que o infeliz freqüentava e fazendo o que podiam para tirar o máximo proveito político de suas palavras e induzi-lo a atitudes cada vez mais militantes, tanto na vida quanto na obra (leiam Stephen Koch, Double Lives: Spies and Writers in the Secret Soviet War of Ideas Against the West, 1994).

Já o conservadorismo é na quase totalidade dos casos uma pura preferência pessoal, desacompanhada de qualquer empenho de combatividade militante e livre de envolvimento direto ou indireto em organizações políticas de qualquer espécie. É normal que, ao desenhar o perfil de seus possíveis antagonistas políticos, o romancista conservador se atenha antes às exigências do realismo psicológico e da “imaginação moral” que às de qualquer intuito pedagógico-partidário de “transformar o mundo”. (Continua.)

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