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A alma americana debilitada – completo

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 14 de janeiro de 2008

O discurso dominante na grande mídia, no show business e nas universidades dos EUA é hoje tão francamente anti-americano que só em detalhes de estilo – se tanto – é possível distingui-lo das campanhas de difamação empreendidas pela URSS nos anos 50 e 60. A elite americana gaba-se de ter vencido a Guerra Fria, mas parece que foi psicologicamente dominada pelo inimigo perdedor e acabou acreditando em tudo o que ele dizia contra ela. A vingança póstuma dos soviéticos brilha nas páginas do New York Times , no horário nobre da CBS e nos filmes de Michael Moore e George Clooney com um esplendor que nem Willi Münzenberg, o gênio da desinformação comunista, jamais teria ousado sonhar.

            O que quer que se diga contra o governo americano, contra os militares americanos, contra a cultura americana parece hoje gozar de credibilidade automática, além de poder ser gritado desde o alto dos telhados sem o menor temor de uma resposta exasperada, ao passo que toda palavra pró-americana tem de vir cercada de precauções politicamente corretas, por medo de represálias infalíveis e ruidosas, se não de um processo judicial. Acompanhar o debate político americano é confirmar diariamente o sentido profético do verso de William Butler Yeats: ” The best lack all conviction, while the worst are full of passionate intensity .” Algo mudou radicalmente no coração da América na segunda metade do século XX, e mudou exatamente no sentido em que os mais odientos inimigos do país teriam desejado que mudasse.

            Como isso foi possível? Os agentes da mudança querem fazer-nos crer que foi tudo um processo espontâneo, natural e inevitável, dando ao curso da transformação a autoridade de uma lei histórica impessoal que só a tacanhice reacionária ousaria contestar. Mas há tempos já compreendi que leis históricas impessoais são quase sempre mera camuflagem de ações humanas que desejariam passar despercebidas para que seus efeitos se recubram de uma aura de mistério divino.

            A mudança que debilitou a alma americana foi precipitada por três grandes e bem sucedidas operações de desinformação que, por serem lançadas desde Washington e não desde Moscou, conseguiram enganar a nação inteira e forjar um novo “senso comum” (no sentido gramsciano do termo) a cuja influência nem os mais conservadores e patriotas escapam por inteiro. Nas três ocasiões as mentiras cuidadosamente elaboradas pelo próprio governo para lançar sobre os EUA a culpa pelas ações maliciosas de seus inimigos não só se tornaram verdade oficial, até hoje repetida uniformemente pela mídia e pelo sistema de ensino, mas se propagaram pelo mundo, criando a imagem monstruosamente deformada que hoje alimenta e legitima o ódio anti-americano por toda parte. Pode parecer absurdo que governantes escolham acumpliciar-se à difamação do seu próprio país para evitar problemas com a URSS ou para salvar sua própria imagem eleitoral, mas foi exatamente isso o que fizeram três presidentes americanos, dois dos quais, por ironia, são apresentados pela retórica esquerdista como personificações exemplares do anticomunismo e do “imperialismo ianque”.

            As três operações foram concebidas nas altas esferas do Partido Democrata, mas pelo menos uma delas com intensa colaboração republicana. Três livros recentemente publicados, um dos quais já comentei aqui e o outro mencionei de passagem (v. Lições da Guerra Fria e A autoridade religiosa do mal), revelam por fim o que se passou por trás do palco nessas ocasiões, as incríveis maquinações de políticos e jornalistas que por interesses imediatistas não hesitaram em favorecer o inimigo e legar às gerações seguintes um país cada vez mais enfraquecido moralmente.

            O primeiro desses episódios foi a operação montada pela administração Harry Truman – e prosseguida fielmente por Eisenhower – para negar ou dissimular a presença maciça de agentes soviéticos em altos postos do governo americano, especialmente no Departamento de Estado, bem como em funções técnicas e administrativas onde tinham acesso a informações secretas de natureza militar.

            A história é contada com detalhes e extensa documentação por M. Stanton Evans em Blacklisted by History. The Untold Story of Senator Joseph McCarthy and his Fight Against America ‘s Enemies , New York , Crown Forum 2007. Enquanto vocês não lêem o livro, podem ouvir um bom resumo feito pelo autor na Heritage Foundation, com comentário de Herbert Rommerstein, ele próprio responsável por importantes pesquisas sobre a infiltração soviética nos EUA (v. Blacklisted by History: The Untold Story of Senator Joe McCarthy).

            Para fazer uma idéia dos riscos estratégicos envolvidos na situação, basta saber que praticamente toda a orientação da política norte-americana na China durante a revolução comunista foi decidida com base em relatórios forjados por agentes soviéticos infiltrados no serviço diplomático americano em Beijing. Mediante falsificações prodigiosas, esses agentes conseguiram persuadir o governo de Washington a sonegar ajuda a seu aliado Chiang Kai-Chek e a apoiar as tropas comunistas de Mao Dzedong, que sem isso jamais teriam conseguido derrubar o governo chinês e instaurar a mais sangrenta das ditaduras genocidas que o mundo já conheceu. O embaixador americano Patrick Hurley percebeu a trama e avisou Washington em tempo, mas suas mensagens foram desprezadas. Sentindo-se insultado, Hurley pediu demissão, sendo substituído pelo general George Marshall, que acreditava naqueles relatórios como se fossem evangelhos revelados. Marshall não era pró-comunista, evidentemente, mas se o seu procedimento no caso não foi um exemplo claro daquilo que Eric Voegelin chamava de “estupidez criminosa”, não sei o que mais possa se enquadrar nessa classificação. Após o recorde genocida de 70 milhões de pessoas, o governo chinês, acumulando bombas atômicas com o dinheiro que lhe é facultado generosamente pelos investidores americanos, é hoje o maior risco de segurança para os EUA.

Alertado sobre esse e outros inumeráveis casos de infiltração soviética, o governo Truman optou por bater no carteiro, fazendo tudo para dar a impressão de que o único perigo sério para a América era o anticomunismo, especialmente o do Senador Joe McCarthy, cuja imagem demonizada ainda permanece viva na memória mundial. Para obter esse resultado, a tropa-de-choque de Harry Truman não hesitou em dar sumiço a documentos essenciais que, só agora revelados, mostram que em substância todas as acusações lançadas por McCarthy eram verdadeiras e até modestas, em comparação com as dimensões reais do problema. Além de sonegar provas e proteger-se por trás de testemunhos falsos, o governo Truman, em vez de afastar os suspeitos, preferiu apadrinhar suas carreiras, permitindo que subissem na hierarquia e continuassem prestando serviços à ditadura soviética com dinheiro dos contribuintes americanos.

Toda uma cultura de antimacartismo que se espalhou pelos livros didáticos, pelo cinema e pelo jornalismo teve origem nesse empreendimento de falsificação proposital. As conseqüências disso prolongam-se até hoje, fazendo com que os americanos, arrependidos de pecados que jamais cometeram contra os comunistas, sintam mais pavor ante a possibilidade de um “retorno à era McCarthy” do que ante a de um ataque conjugado de generais chineses e radicais islâmicos.

O segundo episódio da série veio quando Lee Harvey Oswald matou o presidente John F. Kennedy em 22 de novembro de 1963. Tanto na Casa Branca quanto na CIA ou no FBI, todo mundo sabia que Oswald era um comunista fanático e que seu intuito ao atirar em Kennedy fôra o de frustrar qualquer iniciativa americana contra a ditadura de Fidel Castro. Aterrorizado ante a perspectiva de que uma explosão nacional de revolta anticomunista respingasse sobre o Partido Democrata, reavivando suspeitas do tempo de Harry Truman, o presidente Lyndon Johnson fez o que podia para que a comissão Warren desviasse as atenções desse ponto sensível, explicando o crime de Oswald não como resultado de suas convicções ideológicas, mas de motivações genéricas como instabilidade emocional, problemas de família, etc. Por incrível que pareça, a comissão consentiu em analisar o mais famoso homicídio político do século XX sem falar em política. Vindo em socorro do presidente, a mídia chique e os intelectuais iluminados produziram então uma caudalosa literatura de pretensões pseudo-sociológicas, que lançava a culpa do delito sobre a “cultura americana de violência” e outras generalidades ocas que, no acerto final, eram debitadas na conta dos conservadores. O discurso anti-americanista da New Left, que então começava a ganhar algum destaque, recebeu assim um poderoso apoio vindo do próprio governo de Washington contra o qual ele voltava a sua histérica eloqüência. Esse discurso acabou por se incorporar no “senso comum”, ao ponto de que hoje é repetido rotineiramente pela grande mídia sem que ninguém note nisso nada de estranho. O livro que descreve essa imensa mutação psicológica que nasceu nas altas esferas de Washington e se propagou por toda a cultura americana é Camelot and the Cultural Revolution. How the Assassination of John F. Kennedy Shattered American Liberalism, de James Piereson (New York, Encounter Books, 2007).

O mais irônico em tudo isso é que, se Lee Oswald, convertido ao comunismo desde a adolescência, não podia de maneira alguma ser considerado representativo das correntes reacionárias supostamente responsáveis pela “violência americana” que o teria induzido ao homicídio, muito menos poderia sê-lo o fanático palestino Sirhan Bishara Sirhan, que em 1968 assassinou o irmão do ex-presidente, Robert Kennedy. Não por coincidência, hoje sabemos que a Autoridade Palestina da Yasser Arafat foi de cabo a rabo uma criação da KGB (v. http://www.weizmann.ac.il/home/comartin/israel/pacepa-wsj.html), mas, na época, a incansável fábrica de mitos da elite esquerdista conseguiu fazer que dois crimes praticados por agentes pró-comunistas contra dois políticos notoriamente anticomunistas parecessem obras da “direita reacionária”, e que essa versão rigorosamente invertida da realidade se incorporasse à psique americana tão profundamente que será preciso muitas décadas para desarraigá-la, se ainda for possível.

A terceira grande mentira, também definitivamente incorporada aos rituais do masoquismo pseudo-moralista da América contra si mesma, foi igualmente obra de Lyndon Johnson. Após ter dificultado por todos os meios possíveis a ação das tropas americanas no Vietnã, Johnson tirou a conclusão lógica da sua própria estratégia, transfigurando a vitória em derrota. Em 31 de janeiro de 1968, o exército norte-vietnamita de Ho Chi-Minh lançou uma grande ofensiva contra os americanos e sul-vietnamitas. A idéia era ocupar de uma vez todas as cidades do Vietnam do Sul, a começar pela capital, Saigon, preparando um levante geral com o auxílio dos guerrilheiros vietcongues. Militarmente, a ofensiva foi um fracasso monumental. Os comunistas perderam em poucos dias cinqüenta mil soldados e todos os objetivos que haviam conquistado. Mesmo o famoso ataque à embaixada americana em Saigon foi um fiasco: nem um único vietcongue conseguiu entrar no edifício – todos morreram na porta. Como, no entanto, o exército americano, procedendo segundo a norma de praxe nessas ocasiões, retirasse velozmente os funcionários civis por meio de helicópteros colocados no topo da embaixada, as imagens da retirada foram exibidas pela TV americana como provas de pânico geral e indício certo da derrota iminente do Vietnam do Sul. Quando o presidente Johnson viu essas cenas assim interpretadas pelo veterano comentarista de TV Walter Cronkite, ponderou: “Se perdi o Cronkite, perdi a nação.” O comandante norte-vietnamita, general Giap, deu-lhe toda a razão, ao admitir que sua principal arma contra o Vietnã do Sul tinha sido a mídia americana. Endossando a lenda da derrota americana, Johnson impôs a seu país uma humilhação que a mídia elegante e a intelectualidade tagarela não cessaram de celebrar desde então como um castigo justo imposto ao povo reacionário, fanático e violento que perseguira inocentes na era McCarthy e assassinara dois Kennedys…

Só agora, com o primeiro volume do livro consagrado pelo historiador Mark Moyar à guerra do Vietnã, a realidade da vitória artificialmente travestida em derrota começa a aparecer. Leiam Triumph Forsaken. The Vietnam War 1954-1964 (Cambridge University Press, 2006).

Nenhum outro país do mundo teve tantos traidores por milha quadrada quanto os EUA. Toda a mitologia anti-americana que circula no mundo originou-se em Washington e Nova York – com nada mais que leves empurrões iniciais da KGB. Como os EUA conseguiram sobreviver a tão graves mentiras lançadas contra o país por seus próprios governantes e por seus mais destacados líderes intelectuais, eis algo que só pode ser explicado pela obstinada permanência residual do apego popular às tradições americanas. É verdade que nós, brasileiros, não precisamos vir à América do Norte para conhecer um povo bom governado por trapaceiros. Mas a pergunta que não me sai da cabeça é se os trapaceiros de Brasília teriam subido tão alto sem a ajuda dos de Washington.

Monstruosa e abrangente estratégia

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio (editorial), 11 de janeiro de 2008

Um artigo da Tribuna da Imprensa, significativamente reproduzido no site do Ministério da Ciência e Tecnologia ( Países da Amazônia tentam se unir) informa que um acordo militar entre Brasil e Venezuela já vem sendo negociado sigilosamente desde há um ano e meio. Segundo o articulista, Carlos Newton, o acordo parece ter sido inspirado pelo desejo de “proteger a Amazônia” contra os riscos iminentes representados pela Declaração dos Povos Indígenas, assinada em setembro de 2006, bem como por um suposto plano do governo britânico, denunciado pelo Daily Telegraph um mês depois e ecoado com grande alarde pela Folha de São Paulo em 10 de outubro daquele ano, que visava à completa privatização da Amazônia para evitar o desmatamento e combater as emissões de gases-estufa. Comentando a matéria da Folha, o site esquerdista http://outraglobalizacao.blogspot.com alertava que a proposta inglesa podia ser “apenas a ponta de um iceberg “. Na verdade, ela encobriria um plano maligno para manter a hegemonia dos EUA mediante mudanças na matriz energética mundial.

As premissas implícitas das interpretações apresentadas nessas matérias são as seguintes:

1) O esquema globalista ecológico-indigenista é um instrumento a serviço dos EUA.

2) A esquerda latino-americana, personificada no caso pelos governos do Brasil e da Venezuela, é o baluarte da resistência patriótica ao esquema globalista.

Ambas essas premissas são comprovadamente falsas. De um lado, o conflito aberto entre o interesse nacional americano e as ambições globalistas são hoje o tema essencial de preocupação nos círculos conservadores americanos (A leitura do livro de Jerome Corsi, The Late Great U.S.A., WND Books, 2007, e consultas periódicas ao site http://www.sovereignty.net/ bastariam para tirar qualquer dúvida quanto a esse ponto). De outro lado, o governo petista e a esquerda nacional como um todo têm se notabilizado pela sua extrema subserviência às exigências do globalismo ecológico e indigenista (v. por exemplo Os amigos da onça ). O pacto militar Lula-Chávez – materialização final de um eixo cuja existência a esquerda nacional inteira negava como “invencionice imperialista” (v. Desculpe, Dr. Menges ) – não se destina às finalidades que alega, mas apenas a prestar serviço ao globalismo, usando as forças militares nacionais como instrumento para a política anti-americana que é o item principal do cardápio globalista. Complementando magistralmente o lance, o Sistema Nacional de Mobilização (Sinamob) acena às Forças Armadas com a possibilidade de aumentos substanciais do orçamento militar à custa de desapropriações maciças que ameaçam transformar o país, do dia para a noite, em uma república socialista.

Trata-se, evidentemente, de um plano integrado, abrangente e complexo, destinado a alcançar em breve tempo, e todos de uma vez, vários objetivos da revolução latino-americana:

1) Unificar militarmente Brasil e Venezuela.

2) Colocar as Forças Armadas nacionais a serviço da revolução continental.

3) Fortalecer o esquema globalista mediante a debilitação do seu principal adversário, o poder nacional americano.

4) Transformar legalmente a propriedade privada em concessão provisória do Estado, revogável ao menor sinal de ameaça à “segurança nacional”.

Ignorando tudo dessa monstruosa iniciativa estratégica, muitos dos nossos liberais e conservadores preferem continuar com seus ataques minimalistas a detalhes fiscais e administrativos do governo petista, e acham que são temíveis.

Meras coincidências

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio (editorial), 31 de dezembro de 2007

Quando se divulgou que a organização abortista “Católicas pelo Direito de Decidir” (CDD) tinha escritório num edifício de propriedade da Igreja Católica, ao lado das salas ocupadas pela CNBB, logo vieram os beatos de sempre, jurando que era tudo uma inocente coincidência imobiliária.

Quando a mesma CDD promoveu uma conferência sobre “A Bíblia e o Homossexualismo” em parceria com a Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi também mera coincidência.

Mera coincidência, ainda, o fato de que essa universidade católica aprovasse com louvor a tese de Yury Puello Orozco, militante daquela organização, que culpava a Igreja Católica pela disseminação da Aids.

Coincidência, pura coincidência, que a Casa de Retiro Sagrado Coração de Jesus, entidade católica de São Paulo, acolhesse em sua sede um seminário sobre “Masculinidade e Religião”, depois outro sobre “Gênero , Religião  e  Mídia”, por fim mais um sobre “Aids, Sexualidade e Religião”, os três promovidos pela CDD, e pelo menos o último deles anunciado no próprio jornal da Arquidiocese de São Paulo.

E que mente maliciosa veria algo mais que coincidência no fato de que a Escola Dominicana de Teologia, em São Paulo , promovesse uma comemoração dos cinqüenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos com apoio e patrocínio de quem? Das “Católicas pelo Direito de Decidir”.

Diante de tantas coincidências, é portando dever dos fiéis bradar, com devota confiança na idoneidade do bispado nacional: a CNBB não tem nada, absolutamente nada a ver com a essa organização abortista. Qualquer sugestão de que haja uma aliança cúmplice entre as duas entidades só pode ser obra de malvados como o signatário deste artigo.

Tanto mais que esse mesmo colunista, em dois artigos publicados em O Globo ( Escolha o adjetivo e Católicas, uma ova!), já demonstrou que a referida CDD não é de maneira alguma uma entidade católica, que só se denomina assim para ludibriar os fiéis, que é na verdade a filial nacional de uma organização satanista, criada com o propósito explícito de lutar pela destruição da Igreja. A presidente dessa organização esperneou um pouco diante do argumento, mas, com a desonestidade flagrante da sua resposta, acabou por lhe dar total confirmação.

A CNBB, é claro, jamais se associaria com uma entidade dedicada à destruição da Igreja.

Portanto, foi também por mera coincidência, e sem nenhuma culpa da CNBB, que uma entrevista com a Sra. Dulce Xavier, porta voz das “Católicas pelo Direito de Decidir”, foi parar no DVD oficial da “Campanha da Fraternidade” deste ano. Se o católico compra uma cópia do disco na expectativa de aí encontrar o discurso anti-abortista que a fé cristã e sucessivos decretos papais tornam obrigatório a todos os fiéis, e aí se depara, ao contrário, com a apologia do aborto, ele nem por um minuto deve suspeitar das elevadas intenções e da perfeita ortodoxia católica da CNBB. Obediente ao culto da hierarquia, mais que às palavra de Jesus Cristo e às tradições da Igreja, deve tratar de buscar logo alguma explicação tranqüilizante para o ocorrido. Se encontrar, me avise, porque eu não encontro nenhuma.

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