Abel Monteiro

17 de fevereiro de 2001

Fevereiro de 2001. Todos percebem. Quase todos vivenciam e são afetados. Muitos comentam, reagem, escrevem, rogam. A situação da Segurança é perigosíssima.

No Rio Grande do Sul a tropa estadual (BM, Brigada Militar) está sofrendo um arrepiante processo de castração e contenção, partido de sombrias elucubrações permitidas (?) pelo Piratini. Palacianas ou não, as umbrosas e sutis – mas ladinas – diretivas resultam de formulações elaboradas sem pressa, mas continuadamente, por cabeças cobertas por diversos tipos de chapéus, sombreros, gorros e barretes, alguns importados, e ornados com letras enigmáticas: IS, PT, MST, CUT, MCB, e outras quejandas, ativíssimas durante o recente FSM.

Aos poucos, passo a passo, avançam também algumas solertes ações exploratórias e adestradoras. Badernas incontidas no Gasômetro; desmoralização da BM no prédio da Receita Federal; paralisações descabidas nas estradas; invasões permitidas (e até apoiadas) de propriedades particulares; depredações orquestradas em Não-Me-Toque e Chapecó-SC; confusões e desgaste, plantados propositadamente, na administração da Polícia Civil e no CG/BM; …e tudo isso emoldurado por incríveis declarações do Secretário de Segurança.

Já viram esse filme ?

Além dos problemas locais no RS, estamos testemunhando também problemas gerais em outros estados – notadamente MG, SP e RJ – que poderão levar, em prazo curto, a uma grave situação. Se o Piratini e o Liberdade, por exemplo, não se dão conta da gravidade do problema, gostaríamos de lembrar que os verdadeiros responsáveis pela Segurança Nacional estão vendo ultrapassada a fase preventiva, se escoando debalde a fase repressiva, e despontando ameaçadoramente a fase operativa – durante a qual não mais serão conjugados os verbos persuadir nem dissuadir, mas o verbo eliminar.

Esse faseamento, para quem não sabe, faz parte da doutrina de atividades de Defesa Interna, da Escola Superior de Guerra, absolutamente vigente.

Por oportuno, não desejamos encerrar sem lembrar a todos os interessados que a Segurança Essencial é composta pelas funções de Segurança Nacional (desdobrada nas atividades de Defesa Externa e de Defesa Interna) e de Segurança Civil (desdobrada nas atividades de Ordem Pública e de Ordem Social). Isso é sistêmico, mas parece que, com o advento da “constituição cidadã”, os responsáveis pela Segurança, em alguns escalões, deixaram de ser informados sobre a progressividade do processo.

Gente amiga, distraída, desinteressada, sonolenta ou anestesiada, vamos despertar?

ABEL MONTEIRO é Coronel Reformado do Exército, Engenheiro de Sistemas e Professor.
amonteyro@bol.com.br

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