Olavo de Carvalho
Quando se divulgou que a organização abortista “Católicas pelo Direito de Decidir” (CDD) tinha escritório num edifício de propriedade da Igreja Católica, ao lado das salas ocupadas pela CNBB, logo vieram os beatos de sempre, jurando que era tudo uma inocente coincidência imobiliária.
Quando a mesma CDD promoveu uma conferência sobre “A Bíblia e o Homossexualismo” em parceria com a Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, foi também mera coincidência.
Mera coincidência, ainda, o fato de que essa universidade católica aprovasse com louvor a tese de Yury Puello Orozco, militante daquela organização, que culpava a Igreja Católica pela disseminação da Aids.
Coincidência, pura coincidência, que a Casa de Retiro Sagrado Coração de Jesus, entidade católica de São Paulo, acolhesse em sua sede um seminário sobre “Masculinidade e Religião”, depois outro sobre “Gênero , Religião e Mídia”, por fim mais um sobre “Aids, Sexualidade e Religião”, os três promovidos pela CDD, e pelo menos o último deles anunciado no próprio jornal da Arquidiocese de São Paulo.
E que mente maliciosa veria algo mais que coincidência no fato de que a Escola Dominicana de Teologia, em São Paulo , promovesse uma comemoração dos cinqüenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos com apoio e patrocínio de quem? Das “Católicas pelo Direito de Decidir”.
Diante de tantas coincidências, é portando dever dos fiéis bradar, com devota confiança na idoneidade do bispado nacional: a CNBB não tem nada, absolutamente nada a ver com a essa organização abortista. Qualquer sugestão de que haja uma aliança cúmplice entre as duas entidades só pode ser obra de malvados como o signatário deste artigo.
Tanto mais que esse mesmo colunista, em dois artigos publicados em O Globo ( Escolha o adjetivo e Católicas, uma ova!), já demonstrou que a referida CDD não é de maneira alguma uma entidade católica, que só se denomina assim para ludibriar os fiéis, que é na verdade a filial nacional de uma organização satanista, criada com o propósito explícito de lutar pela destruição da Igreja. A presidente dessa organização esperneou um pouco diante do argumento, mas, com a desonestidade flagrante da sua resposta, acabou por lhe dar total confirmação.
A CNBB, é claro, jamais se associaria com uma entidade dedicada à destruição da Igreja.
Portanto, foi também por mera coincidência, e sem nenhuma culpa da CNBB, que uma entrevista com a Sra. Dulce Xavier, porta voz das “Católicas pelo Direito de Decidir”, foi parar no DVD oficial da “Campanha da Fraternidade” deste ano. Se o católico compra uma cópia do disco na expectativa de aí encontrar o discurso anti-abortista que a fé cristã e sucessivos decretos papais tornam obrigatório a todos os fiéis, e aí se depara, ao contrário, com a apologia do aborto, ele nem por um minuto deve suspeitar das elevadas intenções e da perfeita ortodoxia católica da CNBB. Obediente ao culto da hierarquia, mais que às palavra de Jesus Cristo e às tradições da Igreja, deve tratar de buscar logo alguma explicação tranqüilizante para o ocorrido. Se encontrar, me avise, porque eu não encontro nenhuma.