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Os motivos do general

Olavo de Carvalho


Jornal do Brasil, 3 de agosto de 2006

Se alguém ainda tem dúvida quanto aos motivos que levaram o general Barros Moreira a transformar a Escola Superior de Guerra em agência de publicidade do MST, por favor informe-se sobre a palestra que ele deu na Faculdade Boa Viagem, no Recife, em novembro de 2005. O homem é obviamente um chavista devoto, um servidor do Foro de São Paulo.

Oficiais militares presentes à palestra ficaram chocados de ver até que ponto a infiltração comunista havia colocado a ESG a serviço da revolução continental, lutando contra a qual tombaram tantos soldados brasileiros cuja memória, para os Moreiras, parece não significar nada. Recebi pela internet o depoimento de um daqueles oficiais. Se o general vier com desconversa, publico o documento na íntegra.

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O novo míssil russo Topol RS 12 tem velocidade bastante para atingir Washington ou Nova York antes de ser notado pela defesa espacial americana. Na mais branda das hipóteses, já estamos em plena Guerra Fria II. A Rússia e a China nunca saíram da corrida armamentista, enquanto os EUA desativavam parcelas cada vez maiores do seu arsenal atômico. Mas o Topol RS 12 é algo mais: é arma construída especialmente para um ataque à América.

A esta altura, é impossível negar a existência de uma articulação bélica mundial contra os EUA (leiam Steven W. Mosher, Hegemon. China’s Plan to Dominate Asia and the World; Jerome R. Corsi, Atomic Iran; Stanislav Lunev, Through the Eyes of the Enemy). É claro que o recurso a um ataque maciço pode ser substituído indefinidamente pela “guerra assimétrica”, onde a arma principal, no fim das contas, é a mídia. Mas, qualquer que seja a via adotada, o objetivo é claro: a destruição dos EUA enquanto potência e a instauração de “outro mundo possível”, um paraíso de paz e liberdade sob o governo — adivinhem! — dos generais chineses, dos aiatolás iranianos, da máfia russa (que é o próprio governo russo) e de seus colaboradores menores, os Mugabes, Castros e Chávez. É patética a esperança rósea que tanta gente deposita em algo que, examinado realisticamente, é o horror em estado puro. A diferença entre as sociedades nascidas da tradição judaico-cristã e as suas inimigas é tão patente, o contraste entre a liberdade relativa e a tirania absoluta é tão impossível de esconder, que só a abdicação voluntária das responsabilidades da razão pode levar alguém a tomar partido daquilo que existe de mais perverso e repulsivo.

A promessa do esquerdismo à humanidade foi bem resumida num cartaz ostentado por uma militante palestina enragée numa recente passeata anti-ocidental em Londres: “Aguardem o verdadeiro Holocausto”. Mas todos os que lutam para chegar a isso já estão preparados para, uma vez atingido o objetivo, choramingar que seus ideais foram traídos. O sentimento de inocência incondicional é inerente à psicologia das almas criminosas.

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Quem quiser saber como funciona a indústria da autovitimização palestina, que arranca lágrimas de milhões de idiotas, assista ao documentário “Pallywood”, em http://www.youtube.com/watch?v=c1oq7oGO_N8.

Proposta indecente

Olavo de Carvalho


Diário do Comércio (editorial), 27 de julho de 2006

Se há um assunto sobre o qual não faltam informações, é o MST. Há os livros e discursos do sr. João Pedro Stedile. Há uma infinidade de panfletos, sites da internet, notícias, artigos e entrevistas de jornal, bem como documentários da TV nacional e internacional. Há os relatórios da polícia e do Ministério da Reforma Agrária. Há, para quem deseje saber algo contra, os livros de Xico Graziano (O Carma da Terra no Brasil) e Nelson Ramos Barreto (Reforma Agrária — O Mito e a Realidade), sem contar os relatos de observação direta do advogado paulista Cândido Prunes.

  Mesmo supondo-se, para raciocinar por absurdo, que nenhum dos militares que freqüentam a Escola Superior de Guerra tivesse jamais acesso a dados colhidos pelos órgãos de inteligência, ainda assim o material existente sobre os sem-terra é abundante, e o tempo que todos os interessados tiveram para estudá-lo foi bem longo. O general Barros Moreira, comandante da ESG, está e sempre esteve ciente de que uma simples palestra, pronunciada por uma criatura que não prima pela erudição nem pela criatividade da inteligência, não poderia acrescentar algo de substancial e novo ao que ele próprio e os demais membros da Escola já sabiam de cor e salteado. Não poderia e não acrescentou: o sr. João Pedro Stedile nada disse ali que já não tivesse dito pelo menos uma dúzia de vezes. Em compensação, acrescentou um novo brilho ao seu próprio curriculum: de chefe de uma organização ilegal e criminosa, foi elevado à condição de porta-voz de uma corrente de opinião legítima, merecedora não só de discussão respeitosa nos altos círculos intelectuais da nação como também dos aplausos entusiásticos que a platéia esguiana não lhe regateou. O general sabe hoje, como sabia ao formular o convite, que esse seria o único efeito previsível da recepção dada ao chefe do MST numa instituição que, afinal, já foi bastante respeitável no passado.

Ao alegar que “a ESG tem de ouvir os dois lados” e que se Stedile é criminoso “isso é problema da Justiça e não da ESG”, o general só forneceu a prova cabal de que, na sua opinião, entre o lado da Justiça e lado do crime a instituição que ele preside deve ser imparcial e soberanamente indiferente. Ele apenas se esqueceu de esclarecer que esse nivelamento é a essência mesma do crime, o qual não seria crime se respeitasse o primado da lei em vez de ombrear-se com ela.

Apagar a diferença entre a legalidade e a ilegalidade é aliás a estratégia deliberada e constante do próprio MST, conforme expliquei em artigo recém-publicado (http://www.olavodecarvalho.org/semana/060720jb.html):

O MST poderia, sem dificuldade, ter-se registrado como ONG e solicitado legalmente a ajuda financeira do Estado. Se não o fez, não foi tanto para escapar à responsabilidade civil e penal, mas por um cálculo estratégico muito preciso: mais importante até do que instituir a violência e o terror como meios válidos de acesso à propriedade da terra era subjugar e usar o próprio Estado como instrumento legitimador do processo… Essa inversão radical do critério de legitimidade é muito mais decisiva do que a subseqüente tomada do poder, que não faz senão dar expressão visível ao fato consumado .”

Que um governo que coloca suas alianças revolucionárias acima das leis e da Constituição ajude o MST a implementar essa transição não é, em si, nada de estranho. A novidade é que um alto oficial das Forças Armadas, personificando uma instituição reconhecida como expressão do pensamento militar, se disponha tão bisonhamente a colaborar nessa empreitada sinistra, fundada num dos mais pérfidos cálculos estratégicos da elite gramsciana que conduz o processo da revolução continental.

Segundo o Art. 142 da Constituição, incumbe às Forças Armadas garantir os poderes constitucionais, e não ajudar a corroê-los por meio de ardis maliciosos como esse no qual o sr. Stedile se tornou o supremo expert.

Mas o general Barros Moreira não se limitou a passar por cima da Constituição. Tomando uma decisão que ele não podia deixar de saber que iria chocar a sensibilidade de quase todos os seus companheiros de farda, ele infringiu ostensiva e conscientemente o Regulamento Disciplinar do Exército, que, no seu Anexo 1, proíbe “concorrer para a discórdia ou a desarmonia ou cultivar inimizade entre militares”.

Se ele o fez com cara de inocência, das duas uma: ou foi por ser idiota o bastante para acreditar que não havia nisso nada de mais, ou foi por saber que a camuflagem anestésica é indispensável à transição indolor pretendida pelo MST. Nos dois casos a indignação que tantos oficiais militares vêm mostrando contra ele é mais do que justa: é moralmente obrigatória. O que esse homem lhes pediu foi que se curvassem alegremente à desonra consentida, depois de tantas humilhações já impostas às Forças Armadas. Foi a proposta mais indecente que um oficial brasileiro já fez à corporação militar.

A nova mídia mundial

Olavo de Carvalho

Jornal do Brasil, 27 de julho de 2006

Israel não atacou o Hezbollah em reação abrupta e exagerada ao seqüestro e morte de uns quantos soldados. Israel deu uma resposta moderada e tardia a mais de quinhentos mísseis lançados contra o seu território nos últimos meses. Nenhuma nação do mundo tem a obrigação de suportar esse tipo de ataque nem por um dia, muito menos a de refrear-se polidamente no trato com um inimigo que jurou extirpá-la do planeta e que não parou de tentar cumprir essa decisão por todos os meios possíveis.

Se essa obviedade se tornou tão difícil de enxergar, foi graças à densidade plúmbea das sucessivas cortinas de fumaça erguidas entre os fatos e o público pelo lobby pró-terrorista da ONU e pela militância jornalística internacional, orgulhosa de seu poder de “transformar o mundo” por meio da mentira organizada, sincrônica, onipresente e avassaladora.

Seria ridículo, diante disso, falar de um “viés” anti-israelense. Viés é linha transversal sobre um fundo reto, é detalhe torto num quadro direito. O que está torto agora é o fundo mesmo, é a estrutura inteira do quadro. Já não se trata de abusos soltos, notáveis apenas pelo número e pela freqüência. Estamos diante de uma mutação radical da própria função da mídia, autopromovida a instrumento consciente da “guerra assimétrica” e tendo nela um papel ainda mais decisivo que o das bombas e tiros. Já expliquei isso em outro lugar (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/060724dc.html) e não tenho por que repeti-lo. Acrescento apenas que, se a guerra assimétrica foi inventada precisamente para transformar cada vitória militar em derrota política por meio da pressão da mídia, Israel estará em maus lençóis se atacar apenas aqueles seus inimigos que estão no Líbano, deixando a salvo os que estão por toda parte. 

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O sr. Luís Inácio da Silva, presidente do Foro de São Paulo, licenciado para exercer as funções de chefe da bagunça nacional, anuncia que, após inumeráveis ensaios gerais que todos já imaginavam erroneamente ser o espetáculo, só agora vai começar a construir – enfim! – o Brasil dos seus sonhos.

Que raio de coisa será isso?

Dois indícios já surgem no horizonte. O primeiro é a Lei Amarildo, aprovada pelo Senado, que restaura por vias indiretas e camufladas a velha ambição presidencial de controlar a imprensa hostil por meio de alguma focinheira burocrática. Não deixem de ler, a respeito, o artigo de Ipojuca Pontes, “A lei da mordaça” (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5083).

O segundo indício é o asilo político concedido pelo Comitê Nacional para Refugiados ao terrorista, narcotraficante, assassino e seqüestrador Francisco Antônio Collazos, aquele mesmo que, segundo o governo, não trouxe, não, não trouxe nunca, não trouxe jamais cinco milhões de dólares das Farc para a campanha presidencial do PT. A concessão é ilegal, uma vez que o próprio estatuto do Comitê proíbe dar asilo a quem tenha “participado de atos terroristas ou tráfico de drogas” (sic). Mas, no Brasil dos sonhos do sr. presidente, esse opressivo detalhe jurídico já é coisa do passado.

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