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Natal 2009/Christmas 2009

Olavo de Carvalho

23 de dezembro de 2009

Musicalmente, alguns preferem Tristão e Isolda, mas, em matéria de força dramática e riqueza de significado, a ária final de Wotan em As Valquírias, “Leb Wohl” (“Adeus”), é sem dúvida o cume da obra de Richard Wagner. Que é que isso tem a ver com o Natal? Espere um pouco e deixe-me relembrar a cena.

Pressionado por sua esposa Fricka, que lhe cobra seus deveres de mantenedor da ordem cósmica, Wotan, o equivalente germânico de Zeus, promete, a contragosto, punir com a morte seu neto Siegmund, culpado de adultério e incesto com sua irmã Sieglinda. Para isso, ele envia sua filha mais querida, Brunilda, ao local onde o marido de Sieglinda vai duelar com Siegmund, para assegurar que Siegmund, privado de todo auxílio divino, seja morto no duelo. No momento decisivo, Brunilda deixa-se tomar de compaixão por Siegmund e, descumprindo a ordem recebida, tenta protegê-lo. Wotan tem de intervir pessoalmente, fazendo em pedaços a espada mágica de Siegmund e deixando que ele seja morto pelo marido de Sieglinda, Hunding. Tão logo termina o duelo, Wotan, desgostoso consigo próprio e cheio de desprezo pelo vencedor, mata Hunding com um simples sopro. Agora o rei dos deuses tem de punir a filha, para não permitir que um ato de traição perturbe a ordem do Valhalla, o céu dos deuses germânicos. Atormentado pelo conflito insolúvel entre o dever de governante e o amor paterno, Wotan queixa-se de que, entre todos os seres, o mais miserável e sofredor é ele próprio. No instante em que ele se prepara para matar Brunilda, ela apela à compaixão do pai, pedindo que a sentença de morte seja substituída pela de expulsão. Wotan abraça ternamente a filha e a faz adormecer numa montanha protegida por um círculo de fogo, prometendo que nenhum homem indigno tocará nela e que, ao despertar como criatura humana, desprovida de poderes divinos, ela terá por marido um nobre guerreiro que a protegerá de todos os males. Wotan despede-se da filha e, enquanto ela adormece, sai cabisbaixo, derrotado pelo seu próprio poder.

Esse episódio marca o instante em que a ordem do mundo mitológico entra em contradição consigo própria e descobre o seu limite. No mundo dos deuses não há lugar para a compaixão. Só no mundo humano Brunilda poderá desfrutar os benefícios do perdão que o pai tão ardentemente lhe deseja conceder. Nesse momento, a lei dos deuses admite que há uma justiça superior à do próprio Wotan-Zeus. A ordem cósmica só pode ser restaurada mediante o sacrifício de Wotan, mas ele próprio entende isso como um sofrimento absurdo, uma incongruência, uma irregularidade. Quando Brunilda despertar, ela estará num novo mundo, onde o auto-sacrifício do deus não será mais uma irregularidade, e sim o princípio mesmo da lei que rege o universo. O Deus invisível e sem nome que impera muito acima de Wotan oferece o seu próprio Filho em sacrifício, porque sabe que nenhum sacrifício humano pode restaurar a ordem: só o sangue do próprio Deus tem esse poder. O adeus de Wotan é o mundo antigo que se despede, baixando a cabeça ante uma ordem superior a que o próprio Wotan obedece, mas que ele não pode compreender.

É o advento desse mundo novo, a tomada de consciência universal dessa nova ordem, onde o perdão não é a exceção mas a regra, que se celebra no Natal. O gesto incomum de Wotan será aí a lei geral e eterna, que restaura a ordem do mundo não uma vez, mas a cada instante, de novo e de novo, injetando no mundo finito novas e novas possibilidades que vêm do amor infinito. Ao adeus de Wotan, baixado o pano sobre a cena mitológica, segue-se o nascimento de Cristo, o advento da Nova Aliança onde Brunilda será perdoada não uma vez, mas vezes infinitas. O perdão não é um ato raro e excepcional, que quase às escondidas ludibria a ordem cósmica em nome do amor paterno. Ele é a lei fundamental do universo, a base mesma de toda existência.

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Musically, some prefer Tristan and Isolde, but in the matter of dramatic power and richness of meaning, Wotan’s final aria in The Valkyrie, “Leb Wohl” (Farewell), is doubtless the pinnacle of Richard Wagner’s work. What does that have to do with Christmas? Hold on a while, and let me recall the scene.

Pressured by his wife Fricka, who urges him to fulfill his duties as maintainer of the cosmic order, Wotan, the Germanic counterpart of Zeus, unwillingly promises to punish by death his grandson Siegmund—guilty of adultery and incest with his sister Sieglinde. To achieve this goal, Wotan sends his dearest daughter, Brünnhilde, to the place where Sieglinde’s husband will fight a duel with Siegmund, to ensure that Siegmund, deprived of all divine assistance, is killed in the duel. At the decisive moment, Brünnhilde allows herself to be overcome with compassion for Siegmund, and disobeying the order she received, attempts to protect him. Wotan has to intervene personally, breaking Siegmund’s magic sword into pieces and letting him be killed by Sieglinde’s husband, Hunding. As soon as the duel comes to an end, Wotan, displeased with himself and full of contempt for the winner, kills Hunding with a simple puff of breath. Now the king of the gods has to punish his daughter, in order not to permit that an act of treason disturbs the order of Valhalla, the heaven of the Germanic gods. Tormented by the insoluble conflict between the duties of rulership and paternal love, Wotan complains that he himself among all beings is the most suffering and miserable one. At the moment that he prepares to kill Brünnhilde, she appeals to her father’s compassion, requesting that her death sentence may be substituted for banishment. Wotan tenderly embraces his daughter and soothes her into sleep on a mountain peak protected by a ring of fire, promising that no unworthy man will ever touch her and that, when she awakes as a human creature, deprived of divine powers, she will have for a husband a noble warrior, who will protect her from all evil. Wotan bids his daughter farewell and, while she is falling asleep, departs downcast, defeated by his own power.

This episode marks the instant at which the order of the mythological world falls into contradiction with itself and discovers its limit. Compassion has no place in the world of gods. Only in the human world will Brünnhilde be allowed to enjoy the benefits of the forgiveness that her father so ardently wishes to grant her. At this moment, the law of the gods admits that there is a higher justice than that of Wotan-Zeus himself. The cosmic order can only be restored through Wotan’s sacrifice, but he himself understands this as absurd suffering, incongruity, irregularity. When Brünnhilde awakes, she will be in a new world, where the god’s self-sacrifice will no longer be an irregularity, but rather the very principle of the law governing the universe. The nameless and invisible God who reigns far above Wotan offers his own Son in sacrifice, because He knows that no human sacrifice can restore order: only the blood of God Himself has such power. Wotan’s farewell is the ancient world taking its leave, lowering his head before a higher order which Wotan himself obeys, but cannot comprehend.

It is the advent of this new world, the coming to the universal awareness of this new order, where forgiveness is not an exception but the rule, which is celebrated at Christmas. There, Wotan’s uncommon gesture will be the general and eternal law, which restores the order of the world not just once, but at every moment, over and over again, injecting ever new possibilities coming from the infinite love into the finite world. What follows Wotan’s farewell, after the curtain is drawn down upon the mythological scene, is the birth of Christ, the advent of the New Alliance where Brünnhilde will be forgiven not only once, but infinite times. Forgiveness is not a rare and exceptional act, which, in the name of paternal love, deceives the cosmic order almost in an underhanded way. Forgiveness is the fundamental law of the universe, the very basis of all existence.

(Translated by Alessandro Cota)

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A demolição das consciências

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 21 de dezembro de 2009

Quem tenha compreendido bem meu artigo “Armas da Liberdade”, deve ter percebido também a conclusão implícita a que ele conduz incontornavelmente: boa parte do esforço moralizante despendido pela “direita religiosa” para sanear uma sociedade corrupta é inútil, já que termina sendo facilmente absorvida pela máquina da “dissonância cognitiva” e usada como instrumento de perdição geral.

Notem bem: moralidade não é uma lista de condutas louváveis e condenáveis, pronta para que o cidadão a obedeça com o automatismo de um rato de Pavlov.

Moralidade é consciência, é discernimento pessoal, é busca de uma meta de perfeição que só aos poucos vai se esclarecendo e encontrando seus meios de realização entre as contradições e ambigüidades da vida.

Sto. Tomás de Aquino já ensinava que o problema maior da existência moral não é conhecer a regra geral abstrata, mas fazer a ponte entre a unidade da regra e a variedade inesgotável das situações concretas, onde freqüentemente somos espremidos entre deveres contraditórios ou nos vemos perdidos na distância entre intenções, meios e resultados.

Lutero — para não dizerem que puxo a brasa para a sardinha católica — insistia em que “esta vida não é a devoção, mas a luta pela conquista da devoção”.

E o santo Padre Pio de Pietrelcina: “É melhor afastar-se do mundo pouco a pouco, em vez de tudo de uma vez”.

A grande literatura — a começar pela Bíblia — está repleta de exemplos de conflitos morais angustiantes, mostrando que o caminho do bem só é uma linha reta desde o ponto de vista divino, que tudo abrange num olhar simultâneo. Para nós, que vivemos no tempo e na História, tudo é hesitação, lusco-fusco, tentativa e erro. Só aos poucos, orientada pela graça divina, a luz da experiência vai dissipando a névoa das aparências.

Consciência — especialmente consciência moral — não é um objeto, uma coisa que você possua. É um esforço permanente de integração, a busca da unidade para além e por cima do caos imediato. É unificação do diverso, é resolução de contradições.

Os códigos de conduta consagrados pela sociedade, transmitidos pela educação e pela cultura, não são jamais a solução do problema moral: são quadros de referência, muito amplos e genéricos, que dão apoio à consciência no seu esforço de unificação da conduta individual. Estão para a consciência de cada um como o desenho do edifício está para o trabalho do construtor: dizem por alto qual deve ser a forma final da obra, não como a construção deve ser empreendida em cada uma das suas etapas.

Quando os códigos são vários e contraditórios, é a própria forma final que se torna incongruente e irreconhecível, desgastando as almas em esforços vãos que as levarão a enroscar-se em problemas cada vez mais insolúveis e, em grande número de casos, a desistir de todo esforço moral sério. Muito do relativismo e da amoralidade reinantes não são propriamente crenças ou ideologias: são doenças da alma, adquiridas por esgotamento da inteligência moral.

Em tais circunstâncias, lutar por este ou aquele princípio moral em particular, sem ter em conta que, na mistura reinante, todos os princípios são bons como combustíveis para manter em funcionamento a engenharia da dissonância cognitiva, pode ser de uma ingenuidade catastrófica. O que é preciso denunciar não é este ou aquele pecado em particular, esta ou aquela forma de imoralidade específica: é o quadro inteiro de uma cultura montada para destruir, na base, a possibilidade mesma da consciência moral. O caso de Tiger Woods, que citei no artigo, é um entre milhares. Escândalos de adultério espoucam a toda hora na mesma mídia que advoga o abortismo, o sexo livre e o gayzismo. A contradição é tão óbvia e constante que nenhum aglomerado de curiosas coincidências poderia jamais explicá-la. Ela é uma opção política, a demolição planejada do discernimento moral. Muitas pessoas que se escandalizam com imoralidades específicas não percebem nem mesmo de longe a indústria do escândalo geral e permanente, em que as denúncias de imoralidade se integram utilmente como engrenagens na linha de produção. Ou a luta contra o mal começa pela luta contra a confusão, ou só acaba contribuindo para a confusão entre o bem e o mal.

Armas da liberdade

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 17 de dezembro de 2009

A coisa mais óbvia, na análise da História e da sociedade, é que, quando a situação muda muito, você já não pode descrevê-la com os mesmos conceitos de antes: tem de criar novos ou aperfeiçoar criticamente os velhos, para dar conta de fatos inéditos, não enquadráveis nos gêneros conhecidos.

É patético observar como, já em plena fase de implantação do governo mundial, os analistas políticos, na universidade ou na mídia, continuam oferecendo ao público análises baseadas nos velhos conceitos de ´”Estado nacional”, “poder nacional”, “relações internacionais”, “livre comércio”, “democracia”, “imperialismo”, “luta de classes”, “conflitos étnicos” etc., quando é claro que nada disso tem grande relação com os fatos do mundo atual.

Os acontecimentos mais básicos dos últimos cinqüenta anos são: primeiro, a ascensão de elites globalistas, desligadas de qualquer interesse nacional identificável e empenhadas na construção não somente de um Estado mundial mas de uma pseudocivilização planetária unificada, inteiramente artificial, concebida não como expressão da sociedade mas como instrumento de controle da sociedade pelo Estado; segundo, os progressos fabulosos das ciências humanas, que depositam nas mãos dessas elites meios de dominação social jamais sonhados pelos tiranos de outras épocas.

Várias décadas atrás, Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), o criador da Teoria Geral dos Sistemas, ciente de que sua contribuição à ciência estava sendo usada para fins indevidos, já advertia: “O maior perigo dos sistemas totalitários modernos é talvez o fato de que estão terrivelmente avançados não somente no plano da técnica física ou biológica, mas também no da técnica psicológica. Os métodos de sugestionamento em massa, de liberação dos instintos da besta humana, de condicionamento ou controle do pensamento desenvolveram-se até alcançar uma eficicácia formidável: o totalitarismo moderno é tão terrivelmente científico que, perto dele, o absolutismo dos períodos anteriores aparece como um mal menor, diletante e comparativamente inofensivo.”

Em L’Empire Écologique: La Subversion de l’Écologie par le Mondialisme (1998), Pascal Bernardin explicou em maiores detalhes como a Teoria Geral dos Sistemas vem servindo de base para a construção de um sistema totalitário mundial, que nos últimos dez anos, definitivamente, saiu do estado de projeto para o de uma realidade patente, que só não vê quem não quer. Mas von Bertalanffy não se referia somente à sua própria teoria. Ele fala de “métodos”, no plural, e o cidadão comum das democracias nem pode fazer uma idéia da pletora de recursos hoje postos à disposição dos novos senhores do mundo pela psicologia, pela sociologia etc. Se von Bertalanffy tivesse de citar nomes, não omitiria o de Kurt Levin, talvez o maior psicólogo social de todos os tempos, cujo Instituto Tavistock, em Londres, foi constituído pela própria elite global em 1947 com a finalidade única de criar meios de controle social capazes de conciliar a permanência da democracia jurídica formal com a dominação completa do Estado sobre a sociedade.

Só para vocês fazerem uma idéia de até onde a coisa chega, os programas educacionais de quase todas as nações do mundo, em vigor desde há pelo menos vinte anos, são determinados por normas homogêneas diretamente impostas pela ONU e calculadas não para desenvolver a inteligência ou a consciência moral das crianças, mas para fazer delas criaturas dóceis, facilmente amoldáveis, sem caráter, prontas a aderir entusiasticamente, sem discussão, a qualquer nova palavra-de-ordem que a elite global julgue útil aos seus objetivos. Os meios usados para isso são técnicas de controle “não aversivas”, concebidas para fazer com que a vítima, cedendo às imposições da autoridade, sinta fazê-lo por livre vontade e desenvolva uma reação imediata de defesa irracional à simples sugestão de examinar criticamente o assunto. Seria um eufemismo dizer que a aplicação em massa dessas técnicas “influencia” os programas de educação pública: elas são todo o conteúdo da educação escolar atual. Todas as disciplinas, incluindo matemática e ciências, foram remoldadas para servir a propósitos de manipulação psicológica. O próprio Pascal Bernardin descreveu meticulosamente o fenômeno em Machiavel Pédagogue (1995). Leia e descobrirá por que seu filho não consegue resolver uma equação de segundo grau ou completar uma frase sem três solecismos, mas volta da escola falando grosso como um comissário do povo, cobrando dos pais uma conduta “politicamente correta”.

A rapidez com que mutações repentinas de mentalidade, muitas delas arbitrárias, grotescas e até absurdas, se impõem universalmente sem encontrar a menor resistência, como se emanassem de uma lógica irrefutável e não de um maquiavelismo desprezível, poderia ser explicada pelo simples adestramento escolar que prepara as crianças para aceitar as novas modas como mandamentos divinos.

Mas evidentemente a escola não é a única agência empenhada em produzir esse resultado. A grande mídia, hoje maciçamente concentrada nas mãos de mega-empresas globalistas, tem um papel fundamental na estupidificação das massas. Para isso, uma das técnicas de emprego mais generalizado hoje em dia é a dissonância cognitiva, descoberta do psicólogo Leon Festinger (1919-1989). Vejam como a coisa funciona. Se vocês lerem os jornais americanos de hoje, saberão que Tiger Woods, o campeão de golfe, um dos cidadãos americanos mais queridos dos últimos tempos, está agora sob bombardeio cerrado dos jornais e noticiários de TV porque descobriram que o coitado tinha umas amantes. Escândalo! Horror! A indignação geral ameaça cortar metade dos patrocínios do adúltero e excluí-lo do rol das “pessoas maravilhosas” que aparecem em anúncios de tênis, chicletes e dietas miraculosas. Mas há um detalhe: ao lado dos protestos contra a imoralidade do esportista aparecem ataques ferozes aos “extremistas de direita” que não aceitam o abortismo, o casamento gay ou a indução de crianças à deleitação sexual prematura. Os dois códigos morais, mutuamente contraditórios, são oferecidos em simultaneidade, como igualmente obrigantes e sacrossantos. Excitado e impelido a todos os desmandos sexuais, mas ao mesmo tempo ameaçado de character assassination caso venha a praticá-los mesmo em dose modesta, o cidadão angustiado reage por uma espécie de colapso intelectual, tornando-se um boboca servil que já não sabe orientar-se a si mesmo e implora por uma voz de comando. O comando pode ser oco e sem sentido, como por exemplo “Change!”, mas, quando vem, soa sempre como um alívio.

Acusar os cientistas por esse estado de coisas é tão idiota quanto jogar nas armas a culpa dos homicídios. Homens como von Bertalanffy, Levin e Festinger criaram instrumentos que podem servir tanto para a construção da tirania quanto para a reconquista da liberdade. Nós é que temos a obrigação de tirar essas armas das mãos de seus detentores monopolísticos, e aprender a usá-las com signo invertido, libertando o nosso espírito em vez de permitir que o escravizem.

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