José Nivaldo Cordeiro
10 de novembro de 2001
Acompanhei, como sempre faço, a sua coluna na Folha de São Paulo ao longo desta semana. Admiro-lhe a coragem e a versatilidade com que tem abordado temas alheios à economia. E sobre o caso Galdino, desde o primeiro instante senti que você iria se chocar com as patrulhas do policamente correto, dos ignorantes que não conseguem distinguir barbárie de civilização, que permite a ampla defesa do acusado, supõe a inocência do réu até que a sentença seja exarada e determina que as provas sejam devidamente debatidas e analisadas pela defesa e pela acusação. Cabe ao juiz cumprir a Lei, procurando manter distância das paixões de momento das massas ensandecidas. É um dos requintes da nossa herança greco-romana-judaico-cristã.
Mas vivemos no Brasil tempos difícieis, em que qualquer militante integrante de algum grupelho esquerdista se arvora, ao mesmo tempo, em juiz, juri, advogado de acusação, polícia e carrasco. Especialmente aqueles que estão na imprensa, cuja função de carrasco é exercida antes mesmo de se inicar o processo de acusação. Exemplo disso é o que a própria Folha de São Paulo estampa na sua edição de hoje sobre o caso Eduardo Jorge, que depois de sórdido linchamento moral teve formalmente reconhecido pela Justiça que não há provas que o incriminem. Acusados que são metafórica e, às vezes, literalmente linchados em praça pública pela turba e pela imprensa irresponsável, são declarados inocentes, à luz das provas reunidas. Como reparar o horror de tamanha injustiça? Nada há que pague isso.
Quero cumprimentá-lo pela coragem e pela integridade moral. Essas qualidades estão cada vez mais raras em nossos tempos. Seu trabalho jornalístico tem engrandecido os seus leitores.
Cordialmente
José Nivaldo Cordeiro