Por José Nivaldo Cordeiro
12 de Junho de 2002
Nos últimos dias as más notícias na área de crédito internacional do Brasil foram o grande mote da imprensa, tendo culminado com a entrevista de George Soros à Folha de São Paulo, no último domingo. Quanto mais se aproximar a data das eleições presidenciais e mais o candidato da oposição mostrar força política, mais o crédito do Brasil deverá minguar. A fala de Soros foi uma grande infelicidade e um grande equívoco. A fato de ser banqueiro nem aumenta a inteligência e nem a sabedoria, como se vê.
É claro que quem elege os nossos governantes somos nós mesmos – brasileiros – de maneira que somos os únicos responsáveis pelas besteiras realizadas pelos nossos governantes, em última análise. Quer Wall Street goste, ou não, Lula pode chegar lá e, na minha modesta avaliação, ainda no primeiro turno. Paciência! Será a vontade da maioria e é assim no regime democrático.
Mas o mercado não reage de acordo com a vontade dos eventualmente eleitos. Lula lá significará fuga de capitais, desinvestimento, encurtamento do horizonte decisório das empresas, provável moratória técnica, desemprego e hiperinflação. Não precisa ser profeta para saber que isso vai acontecer. Será a crise econômica em grandes proporções. Pior ainda porque deverá mudar o eixo das relações internacionais, afastando o País ainda mais dos EUA e aproximando-o da Venezuela de Chávez, de Cuba e da guerrilha das FARC, o verdadeiro Eixo do Mal da América Latina. É redundante afirmar que isso isolará o Brasil política e economicamente.
Na mesma linha, a dificuldade que tem tido o Banco Central para a rolagem da dívida interna reflete os mesmos sintomas. Os teóricos esquerdistas, ainda uma vez, poderão aprender a lição de que nada se impõe ao mercado, exceto em regime de exceção, abolindo-se o Estado de Direito, o que significa a abolição do próprio mercado. Estamos vendo o prazo dos títulos públicos encurtar e a taxa de juros subir, contra a vontade dos burocratas e políticos que controlam o Estado. Se o governo não concordar, que pague o que deve. O mercado tem força e não pode ser ignorado.
A elevação da taxa de câmbio que se tem verificado nos últimos dias é apenas o termômetro da desconfiança instalada no mercado, que se generaliza dia após dia. Essa elevação do câmbio é apenas o preâmbulo de uma fuga maior dos investidores para fazer hedge, seja em ativos cambiais, seja adquirindo bens reais, menos sujeitos à corrosão inflacionária e ao arbítrio confiscatório do governo. É já um movimento que antecede a explosão inflacionária e a insolvência internacional do País.
Em tudo e por tudo, o Brasil está repetindo os passos da Argentina. Bem sabemos o que significa isso. Lula lá poderá ser o desastre em grandes proporções e seus eleitores, alegremente, não se dão conta do perigo. Caminhemos todos, pois, para o abismo, que ele está a nossa espera. E Deus nos ajude a todos.