Pessoas subcultas que nada mais fazem do que emitir opiniões soltas no espaço, sem nenhum compromisso com uma ciência em particular ou com o contexto de um debate intelectual organizado, imaginam que tudo no mundo são opiniões soltas, e nunca imaginam que um autor está se dirigindo, eminentemente, aos seus pares, interferindo num debate organizado. O palpiteiro amador é a força mais poderosa da deseducação.
O que eu disse do Islam significa uma coisa para o estudioso de religiões comparadas, outra coisa para a véia dos gatos que acaba de desembarcar do planeta Lourinel.
Em geral ninguém precisa ler todos os escritos de um filósofo para apreender a unidade do pensamento dele, porque outros leitores, eruditos especializados, já fizeram isso e escreveram excelentes resumos e introduções. No meu caso, eu recomendaria ler os resumos feitos pelo Ronald Robson, pelo Bruno Garschagen e pelo Filipe G. Martins, mas sabendo que são apenas resumos parciais. O tempo dos estudos de conjunto ainda não chegou.
NUNCA recomendei a ninguém que seguisse uns pedacinhos do meu curso, nem muito menos que tentasse aprender o “pensamento do Olavo de Carvalho” por vídeos do youtube ou posts do Facebook. Ao contrário: sempre advereti que essas são vias excelentes para chegar à completa loucura. Aliás, não deveria ser preciso explicar isso. Todo estudante de filosofia tem a obrigação de saber que a essência de uma filosofia é o seu nexo interno articulador do conjunto e que nem mesmo um gênio pode apreendê-lo por leituras soltas.