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Filipe G. Martins

Da página do Filipe G. Martins :

Em seu esforço de criar um novo homem, tudo o que a modernidade conseguiu foi inventar jovens sem heroísmo e sem coragem; velhos sem sabedoria e sem maturidade; mulheres sem caridade, sem beleza e sem graciosidade; e homens sem virilidade, sem honra e sem senso de dever.
Os modernos criaram uma vida sem vitalidade e sem propósito, produzindo uma sociedade adoentada e incapaz de transcender o animalismo sensorial mais rasteiro.
Se nascemos nesta época de degeneração e decadência, no entanto, não nos cabe lamentar ou nos refugiar em algum tipo de saudosismo lamurioso, mas sim agir e viver como quem compreende que a grandeza da civilização tem muito menos a ver com as riquezas que ela legou aos nossos antepassados do que com os esforços que nossos antepassados fizeram para enriquecê-la — se algum dia nossa decadência for revertida, certamente não será pela ação de políticos ou de instituições, mas pela virtude das personalidades e pela revigoração das famílias, por meio da grandeza do coração materno, da força da honra paterna, da exuberância do espanto juvenil e da indispensável ajuda divina.

Misticismo

W. R. Inge, no clássico “Christian Mysticism”(New York, 1956), afirma:
“O misticismo é a tentativa de realizar, no pensamento e no sentimento, a imanência do temporal no eterno, e do eterno no temporal… Mas, uma vez que a nossa consciência do além é ela própria desprovida de forma, ela não pode ser trazida diretamente a uma relação com as formas do nosso pensamento. Em decorrência disso, ela tem de se expressar por símbolos.”
Tudo isso está certo, mas deixa de fora o principal: Se os símbolos são apenas instrumentos da linguagem humana, eles são criados pelo homem e nada mais expressam do que o pensamento humano mesmo. A famosa “imanência do temporal no eterno e do eterno no temporal” não passa, aí, de um fenômeno interno da mente humana, sendo inteiramente temporal e nada tendo de eterno exceto uma pretensão nominal que atesta a sua própria impotência.
Ou os símbolos são a linguagem do próprio eterno e o canal do seu ingresso na esfera temporal, ou toda pretensão de falar do eterno só nos aprisiona mais e mais na esfera temporal.

Funcionalidade

A eficiência e a funcionalidade, em que se sustenta a moral burguesa, não são valores supremos, na verdade não são propriamente valores, mas apenas critérios da viabilidade prática de quaisquer valores. Mas justamente isso lhes dá uma justificação absoluta superior à idéia mesma de “valor”. Pois eficiência e funcionalidade nada mais são do que possibilidade de realização, e um desejo ou aspiração impossível de realizar não chega sequer a ser um valor prático ou teórico, é apenas uma idéia.
Querer sobrepor ideais sublimes irrealizáveis aos ideais realizáveis mais modestos é destruir o senso de realidade e instaurar o reino da mentira, portanto a dissolução de todos os valores.O Zaratustra de Nietzsche não é superior a nada, é apenas uma fantasia nascida da impotência.
Por isso noventa por cento da crítica ao “mundo burguês” são apenas esperneios inócuos, filhos da vaidade.

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