Monthly archive for fevereiro 2001

A solidariedade de Ombro a Ombro

17 de fevereiro de 2001

A petulância do sr. Márcio Moreira Alves, ao transgredir uma regra tácita de O Globo, utilizando-se do jornal para ali para fazer imputações falsas e caluniosas a um colega de redação, serviu ao menos para uma coisa: para mostrar que neste país ainda há muitas pessoas despertas, lúcidas, capazes de reagir com coragem e desassombro às investidas miúdas, mas constantes e pertinazes, de ambiciosos esquerdistas que querem moldar o país à imagem e semelhança de sua estreiteza mental. Centenas de cartas chegaram à redação de O Globo, protestando contra a interpretação maliciosa e torpe que aquele colunista dera a um artigo meu no propósito calhorda de me fazer passar por algo que não sou, nunca fui nem poderia ser. Elas ultrapassaram significativamente, em número, em qualidade e em eloqüência, os infalíveis lugares-comuns de retórica esquerdista que uma bem disciplinada militância da estupidez enviou em socorro de meu vacilante adversário.

Posso me considerar feliz de ver surgir, dos mais remotos cantos do país,  tantos amigos certos numa hora incerta, prontos para o combate. Enviei mensagens de agradecimento a muitos, mas muitos ficaram faltando, porque eu não tinha seus endereços, eletrônicos ou postais, ou porque seus e-mails acabaram naufragando e sumindo na barafunda inabarcável do meu sobrecarregadíssimo HD.

Jamais terminarei de expressar a gratidão que todos merecem. O mínimo que posso dizer é que me orgulho deles. Quantos brasileiros, hoje, podem se orgulhar de seus amigos? Eu posso.

Das muitas manifestações de solidariedade que recebi, esta, publicada como editorial no jornal Ombro a Ombro, pode constar como símbolo e resumo de todas. Que minha gratidão a Ombro a Ombro simbolize e resuma, pois, minha gratidão a todos.

Olavo de Carvalho

A fúria dos revanchistas

Editorial do jornal Ombro a Ombro, fevereiro de 2001

O artigo do filósofo Olavo de Carvalho, sob o título “Tortura e terrorismo” (O Globo, 6 jan 01), no qual fez lúcida e inteligente análise comparativa entre terrorismo e tortura, desencadeou uma avalanche de protestos em sucessivos artigos de paredros da esquerda revanchista, onde pontificam Marcio Moreira Alves e Cecília Coimbra.

Ficou patente, mais uma vez, a articulação dessas esquerdas, e o costumeiro patrulhamento que exercem, sempre que alguém contraria os seus pontos de vista. Com isso, demonstram que não estão preparadas para conviver com a democracia, que tanto apregoam: Basta que alguém discorde da sua ideologia, para investirem com fúria inaudita, tentando intimidar seus contestadores para calar-lhes a voz.

Olavo de Carvalho, no artigo “Mostrando serviço” (O Globo,16 jan 01) rebateu de forma magistral os argumentos de Marcio Moreira Alves e de Cecília Coimbra, rebaixando-os aos porões onde curtem seus recalques e vertem ódio. O Sr Marcio, na tentativa de reação, perdeu-se na mediocridade, com a afirmação pueril de que não desejando baixar o nível da discussão, não responderia: Desculpa esfrangalhada que esconde a vergonha de não querer reconhecer a derrota.

Uma derrota fragorosa no ringue das letras e idéias, certamente mais dolorosa do que o nocaute sofrido pelo boxeador que beija a lona.

A puerícia do Sr Marcio vai mais longe, ao afirmar serem melhores escritores do que Olavo de Carvalho vários nomes que cita. Ora, ora, isso se assemelha à afirmação do torcedor idiota quando diz que o seu clube é o time que joga o melhor futebol. Sem demérito para os nomes citados pelo Sr Marcio, nós preferimos Olavo de Carvalho. Em nosso julgamento, ele está no mesmo patamar de um Émile Zola! O conjunto de seus escritos tem soado como um “Eu Acuso!”, contra a esquerda irada.

D. Cecília, no artigo “Quem está a serviço de quem?” (O Globo, 18 jan), tenta responder, sem no entanto convencer, pois além de outras sandices, revela incoerência, quando diz que “é contra qualquer tipo de terrorismo”, embora não faça outra coisa senão defender terroristas: Chama de “militantes políticos” aqueles que fizeram da pólvora e do trotil a arma de seus argumentos. “Militante político” é aquele que integra um partido, ou não, que fala, que escreve e procede conforme as normas legais. Quem integra uma organização clandestina onde o móvel é o terrorismo, quem pega em armas, assalta, seqüestra, assassina para impor a sua ideologia, “na marra”, é terrorista, é guerrilheiro. Não tem o amparo da Convenção de Genebra.

O caso Olavo de Carvalho versus esquerdas revanchistas mostrou aspectos que merecem reflexão. Essas esquerdas, inobstante a sua articulação e conseqüente patrulhamento não estão “com a bola cheia” como pensam: Constate-se a quantidade de “cartas do leitor”, em apoio a Olavo de Carvalho, em número muitíssimo superior à solidariedade aos revanchistas. Derrotados no campo da violência armada – processo que elegeram para combater o regime decorrente da Revolução de 31 de Março – tiveram o perdão magnânimo dos vencedores para os seus crimes, através da Lei da Anistia, que teimam em aceitar apenas no que lhes convém. O implacável patrulhamento que exercem essas esquerdas e o desejo de revanche, eivado de incontido ódio, na tentativa de mudar o curso verdadeiro da História não lhes engrandecem; ao contrário, envenenam suas entranhas ao engolirem a própria saliva, impregnada do fel que o seu ódio faz verter.

Aliás, esta verdade mostrada por Olavo de Carvalho, que tanto as incomoda e à qual reagem como demônios sob exorcismo: “As esquerdas vivem de pregar o ódio”. Isto tudo não nos dói; faz apenas com que o fardo em nossos ombros se torne mais pesado, na missão de esclarecer e orientar quem busca a verdade ou se quer curar da peste vermelha!

Foro Social Mundial: laboratorio de la subversión

Equipo CubDest

Febr. 12, 2001: Newsgroups soc.culture.latin-america, soc.rights.human

Febr. 8, 2001: Revista Guaracabuya, Internet

El denominado Foro Social Mundial (FSM), efectuado del 25 al 30 de enero pp. en la ciudad de Porto Alegre, al sur de Brasil, cerca de las fronteras con Argentina y Uruguay, había sido anunciado como una alternativa de izquierda moderada capaz de presentar soluciones “concretas y viables” para los problemas mundiales. Sin embargo, el FSM no consiguió esconder su verdadero rostro y sus garras revolucionarias, con la actuación protagónica de delegaciones de Cuba comunista, de las narco-guerrillas colombianas de las FARC, de “teólogos de la liberación” de varios países, del Partido Comunista de Brasil y del Movimiento Sin-Tierra (MST), también de Brasil, que ha sido elogiado por Fidel Castro como un nuevo modelo de agitación social. En la sesión inaugural, efectuada en el Centro de Convenciones de la Pontificia Universidad Católica de Porto Alegre, el francés Bernard Cassen, director de Le Monde Diplomatique y uno de los promotores del FSM, proclamó el lema del encuentro ante los 16.000 participantes y miembros de las delegaciones provenientes de 122 países , de Albania a Zimbabwe: “Estamos aquí para mostrar que un mundo diferente es posible”. Pocos instantes después, cuando una prolongada ovación saludó a la delegación de Cuba comunista, encabezada por Ricardo Alarcón, presidente de la Asamblea del Poder Popular , y una platea eufórica gritaba consignas a favor de los guerrilleros zapatistas de México y de las narco-guerrillas FARC de Colombia, quedó en evidencia cuál era ese “mundo diferente” deseado por buena parte de los asistentes.

Después de la sesión de abertura, los participantes hicieron una manifestación por el centro de la ciudad agitando banderas con la hoz y el martillo, enarbolando retratos de Lenin y gritando consignas en favor de Cuba comunista, de las guerrillas colombianas, etc. La manifestación contó con la presencia del gobernador de Río Grande del Sur y del alcalde de Porto Alegre, ambos del izquierdista Partido de los Trabajadores , y con figuras internacionales como Danielle Mitterrand y el agricultor-agitador francés José Bové.

Durante los días del encuentro – que contó con financiamiento de las Fundaciones Ford (norteamericana), Novib (holandesa) y Heinrich Böll (alemana) – se desarrollaron más de 400 conferencias y workshops sobre los más variados temas políticos, sociales y ecológicos. No se puede afirmar que todas esas reuniones hayan tenido una orientación subversiva. Pero lo que sí quedó claro es que las más dinámicas y concurridas, que dieron el tono del evento, fueron las de carácter revolucionario en las que se trazaron estrategias de “resistencia armada” en América Latina. El guerrillero colombiano Javier Cifuentes hizo un llamado a luchar para “la construcción del único régimen reservado a llevar la felicidad a la especie humana, cual es el socialismo” y afirmó que “las FARC están completamente seguras de que el siglo 21 es el siglo del socialismo, es el siglo de América Latina”. En varias conferencias los expositores manifestaron desprecio por la llamada “3a. vía” socialdemócrata. “No admitimos la humanización del capitalismo, pero sí su aniquilación por el socialismo”, afirmó el economista Jorge Benstein, de la Universidad de Buenos Aires (UBA), quien anunció la “eclosión de revueltas populares en América Latina”. Un dirigente de la Central Única de Trabajadores (CUT), de Brasil, hizo un llamado a articular “acciones de resistencia simultánea en varios continentes”, tales como huelgas y protestas callejeras, ya en este año. El sacerdote belga François Houtart, importante exponente de la teología de la liberación, quien durante muchos años asesoró al dictador Castro y continúa siendo un frecuente visitante de Cuba, afirmó que delante de los actuales sistemas basados en la propiedad privada la única salida es “luchar por su destrucción radical”.

Las reiteradas ovaciones a los miembros de la delegación de Cuba comunista fueron calificadas por José Barrionuevo, conocido periodista de Porto Alegre, como “la mayor contradicción del Foro Social Mundial” pues se trata de “aplausos a opresores” del pueblo cubano. Pero esa contradicción no parece haber hecho mella en sus participantes. Francisco Whitaker, uno de los organizadores del FSM y director de la Comisión Brasileña Justicia y Paz de la Conferencia Nacional de Obispos Católicos del Brasil, mientras aguardaba la llegada del jefe de la delegación cubana, Ricardo Alarcón, declaró: “La explicación de ese apoyo es muy simple: porque Cuba es un símbolo”. El sacerdote colombiano Oliverio Medina, que milita en las guerrillas FARC, añadió que “Cuba comunista es la prueba de que el capitalismo no es la panacea para la humanidad, y sí lo es el socialismo. Cuba es como una hermana que brilla con luz propia. Lo digo porque viví allí”. Por su parte, el italiano Riccardo Petrella, profesor de la Universidad Católica de Lovaina, Bélgica , interpretó las ovaciones a Cuba comunista como “un homenaje al mito que representa, aunque la realidad de Cuba no sea enteramente de acuerdo con el mito. Las personas tienen necesidad de mitos. Si se destruyen los mitos de Cuba y del ‘Che’, ¿qué nos queda?”

Simultáneamente se efectuó el 1er. Foro Parlamentario Mundial, con la presencia de 400 legisladores izquierdistas de cerca de 30 países, que anunciaron la constitución de una “red internacional” para asegurar que las propuestas de izquierda emanadas del FSM tengan “una verdadera traducción legislativa”.

Lo que quedó al descubierto en Porto Alegre fue la existencia de un enorme laboratorio de la subversión mundial; un “archipiélago planetario de resistencia”, como lo define un documento oficial del FSM. No en vano los principales movimientos, sindicatos y partidos políticos que tuvieron un papel relevante en este Foro, incluyendo a los guerrilleros de las FARC y a Cuba comunista, hacen también parte del Foro de São Paulo (FSP). Éste fue creado en julio de 1990 en la ciudad de São Paulo, Brasil, a pedido del dictador de Cuba, Fidel Castro, preocupado con el desmantelamiento del imperio soviético y viendo la necesidad de una articulación de las izquierdas revolucionarias en las Américas (cfr. Ariel Remos, “Foro de São Paulo y toma del poder en América Latina”, DIARIO LAS AMÉRICAS, Miami, Sept. 14, 2000). El FSM y el FSP son dos caras de una misma moneda revolucionaria, de una internacional pro-comunista cada vez más actuante, con vastas “redes de apoyo” en el mundo entero.

Ignacio Ramonet, editor de Le Monde Diplomatique, anunció que “el nuevo siglo comienza en Porto Alegre”. Si este mal augurio llegase a concretarse, el siglo 21 sería acentuadamente revolucionario. Quien tenga ojos para ver, que vea y que reaccione, contribuyendo a denunciar esta articulación anticristiana.

Sugestão aos colegas

Olavo de Carvalho


Época, 17 de Fevereiro de 2001

Por que ninguém entrevista Ladislav Bittman, o ex-espião tcheco que sabe tudo sobre 1964?

Milhões de crianças brasileiras, nas escolas oficiais, são adestradas para repetir que o golpe militar de 1964 foi obra dos Estados Unidos, como parte de um projeto de endurecimento geral da política exterior ianque na América Latina.

Sabem quem inventou essa história e a disseminou na imprensa deste país? Foi o serviço secreto da Tchecoslováquia, que naquele tempo subsidiava numerosos jornalistas e jornais brasileiros. O próprio chefe do serviço tcheco de desinformação, Ladislav Bittman, veio inspecionar as fases finais do engenhoso empreendimento que se chamou “Operação Thomas Mann”. O nome não aludia ao romancista, mas ao então secretário-adjunto de Estado, Thomas A. Mann, que deveria constar como responsável por uma “nova política exterior” de incentivo aos golpes de Estado.

A safadeza foi realizada através da distribuição anônima de documentos falsificados, que a imprensa e os políticos brasileiros, sem o menor exame, engoliram como “provas” do intervencionismo americano. O primeiro lance foi dado em fevereiro de 1964: um documento com timbre e envelope copiados da Agência de Informação dos EUA no Rio de Janeiro, que resumia os princípios gerais da “nova política”. A coisa chegou aos jornais junto com uma carta de um anônimo funcionário americano, investido, como nos filmes, do papel do herói obscuro que, por julgar que “o povo tem o direito de saber”, divulgava o segredo que seus chefes o haviam mandado esconder.

O escândalo explodiu nas manchetes e os planos sinistros do senhor Mann foram denunciados no Congresso. O embaixador americano desmentiu que os planos existissem, mas era tarde: toda a imprensa e a intelectualidade esquerdistas das Américas já tinham sido mobilizadas para confirmar a balela tcheca. A mentira penetrou tão fundo que, três décadas e meia depois, o nome de Thomas A. Mann ainda é citado como símbolo vivo do imperialismo intervencionista.

A essa primeira falsificação seguiram-se várias outras, para dar-lhe credibilidade, entre as quais uma lista de “agentes da CIA” infiltrados nos meios diplomáticos, empresariais e políticos brasileiros, que circulou pelos jornais sob a responsabilidade de um “Comitê de Luta Contra o Imperialismo Americano”, o qual nunca existiu fora da cabeça dos agentes tchecos. Na verdade, confessou Bittman, “não conhecíamos nem um único agente da CIA em ação no Brasil”. Mas a mais linda forjicação foi uma carta de 15 de abril de 1964, com assinatura decalcada de J. Edgar Hoover, na qual o chefe do FBI cumprimentava seu funcionário Thomas Brady pelo sucesso de uma determinada “operação”, que, pelo contexto, qualquer leitor identificava imediatamente como o golpe que derrubara João Goulart.

Toda uma bibliografia com pretensões historiográficas, toda uma visão de nosso passado e algumas boas dúzias de glórias acadêmicas construíram-se em cima desses documentos forjados. Bem, a fraude já foi desmascarada por um de seus próprios autores, e não foi ontem ou anteontem. Bittman contou tudo em 1985, após ter desertado do serviço secreto tcheco. Só que até agora essa confissão permaneceu desconhecida do público brasileiro, bloqueada pelo amálgama de preguiça, ignorância, interesse e cumplicidade que transformou muitos de nossos jornalistas e intelectuais em agentes ainda mais prestimosos da desinformação tcheca do que o fora o chefe mesmo do serviço tcheco de desinformação. Quantos, nesses meios, não continuam agindo como se fosse superiormente ético repassar às futuras gerações, a título de ciência histórica, a mentira que o próprio mentiroso renegou 15 anos atrás?

Neurose, dizia um grande psicólogo que conheci, é uma mentira esquecida na qual você ainda acredita. Redescobrir a verdade sobre 1964 é curar o Brasil. Entrevistar Ladislav Bittman já seria um bom começo.