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Impostor

Olavo de Carvalho

Jornal do Brasil, 30 de outubro de 2008

Chamar Barack Obama de impostor não é uma questão de opinião: é um dado científico. Cinco equipes de pesquisadores acadêmicos, sem contato entre si, examinaram o seu livro de memórias, Dreams of My Father, e, usando métodos computadorizados de investigação de autoria, concluíram que não foi escrito por ele, mas sim por William Ayers, o terrorista com o qual Obama jurava não ter tido senão contatos raros, ocasionais e sem nenhuma importância.

O repórter Jack Cashill dá todo o serviço no WorldNetDaily de 29 de outubro.

Poucos dias antes, o Financial Times (v. FT.com) informava que o sucesso na carreira de escritor é a principal fonte de sustento de Barack Obama desde um contrato de 1,9 milhão de dólares assinado com a editora Crown em 1995.

Os cientistas consultados por Cashill confirmaram que, na seleção do vocabulário, nas figuras de linguagem, na extensão média das frases e demais traços estilísticos quantificáveis, Dreams of My Father é diferente de outros textos de Obama ao ponto de não poderem ter sido escritos pela mesma pessoa, mas é indistinguível do livro de William Ayers, Fugitive Days.

Ayers, além de ter sido vizinho de Obama e seu companheiro de militância por vários anos, foi ainda, reconhecidamente, o ghost writer de Resurrecting Empire (“O Império Ressurgente”) publicado em 2004 sob a autoria nominal do agitador pró-terrorista Khalid al-Raschid.

Dreams of My Father é também estranho, como notou James Manning, pastor de uma comunidade negra fortemente anti-Obama, porque nenhum escritor em seu juízo perfeito escreve um livro de memórias em homenagem a um pai que o abandonou logo após tê-lo gerado e que, no total, só esteve com ele durante uma semana.

O complexo de abandono paterno é visível na conduta de Obama, um mitômano inveterado, criador compulsivo de lendas a seu próprio respeito. Ele já inventou que seu tio libertou os prisioneiros de Auschwitz (foram os russos), que seu pai foi pastor de cabras (no escritório, decerto), que nunca foi membro de um partido socialista (o registro de inscrição logo apareceu), que desempenhou um grande trabalho na Comissão de Bancos do Senado (onde jamais esteve) e que jamais recebeu contribuições de companhias petrolíferas (a Shell e a Exxon são fábricas de doces, suponho).

Ao mesmo tempo que espalha mentiras tolas, Obama, com a ajuda solícita da grande mídia, bloqueia qualquer investigação sobre a verdade da sua vida, proibindo a divulgação de todos os seus documentos – certidão de nascimento, histórico escolar, agenda de seus compromissos no Senado, lista dos clientes do seu escritório, etc. etc. –, de modo que só resta ao eleitor acreditar piamente na sua biografia inventada, sem fazer perguntas, ou fazê-las e agüentar uma tempestade acusações de racismo ou mesmo umas boas pancadas, como aquelas que os obamaníacos têm aplicado a tantos militantes republicanos.

Um caso realmente esquisito foi o da jovem Ashley Todd, que após dizer-se assaltada, surrada e marcada a canivete com um “B” na face direita tão logo o assaltante percebera seu distintivo da campanha McCain, sofreu um bombardeio de insultos e rapidinho mudou de idéia, jurando que inventara a história toda. Ashley não explicou se foi apenas assaltada e surrada, tendo feito ela própria o corte no rosto, se houve apenas uma surra sem assalto nem corte ou se não houve coisa nenhuma e ela mesma se esmurrou até ficar de olho roxo e, não contente com semelhante desatino, em seguida escavou o “B” na própria face. Embora o desmentido sumário e cheio de lacunas soasse muito mais inverossímil do que a história originária, foi instantaneamente aceito como verdade final pela mídia inteira, sem mais perguntas, ficando portanto provado que esses republicanos são malvados o bastante para desfigurar o próprio rosto só para poder lançar a culpa num negro e, por tabela, no santíssimo Barack Obama.

Morrendo por delicadeza

Olavo de Carvalho

Jornal do Brasil, 23 de outubro de 2008

Até o último debate, a única denúncia séria que a dupla McCain-Palin fez contra Barack Obama foi a de sua longa associação com o terrorista William Ayers. Nenhuma resposta à mentira escabrosa de que Obama não tinha nada a ver com a Acorn, responsável pela maior inundação de títulos de eleitor falsos já registrada na história americana. Nem uma palavra sobre os milhões de dólares em contribuições estrangeiras ilegais, sobre a onda de agressões e intimidações a militantes republicanos, sobre os favores prestados com dinheiro público ao vigarista sírio Tony Resko e ao genocida queniano Raila Odinga, e muito menos sobre as piruetas jurídicas com que Obama tem escapado de exibir qualquer outra prova de que é, como diz, cidadão americano nato.

A polidez mórbida dos candidatos republicanos, que raia a cumplicidade passiva pura e simples (no melhor estilo Chuchu e Serra), já irritou seus eleitores ao ponto de muitos deles explodirem em recriminações contra McCain durante um comício no Missouri. Provocando-os ainda mais, ele respondeu que Obama era “um homem decente, do qual não há nada a temer”. O velho soldado parece ter renunciado à luta, preferindo antes perder com espírito esportivo do que manchar a imagem sacrossanta do seu opositor.

No entanto a vanguarda obamista não concede a McCain nem mesmo o direito de dizer o pouco que disse. A simples menção ao caso Ayers foi condenada unanimemente pela cúpula democrata e pela grande mídia – entidades cada vez mais indiscerníveis – como “terrorismo verbal”, “campanha de ódio” e até instigação ao assassinato do Messias esquerdista. O fato de que Obama mentisse, e de que as suspeitas de cumplicidade com Ayers tivessem acabado se comprovando integralmente, foi preterido em favor das regras de etiqueta, válidas aliás só para as ligações perigosas de Obama, não para os problemas de família de Sarah Palin, decerto mais decisivos para a segurança nacional americana.

Na análise do debate, na FoxNews, quem disse a coisa certa foi Mary Anne Marsh, estrategista do Partido Democrata: o decisivo não são as promessas de campanha, mas a confiança que os candidatos inspiram no eleitorado. Não é uma questão de programa de governo, é uma questão de empatia e de currículo. No primeiro quesito, McCain e Obama empatam, o primeiro pelo jeitão paternal e por ser herói de guerra, o segundo pela voz e pelo jogo de cena. É no currículo que McCain tem uma superioridade arrasadora, mas para evidenciá-la seria preciso mostrar a nulidade das credenciais do oponente, e isto foi precisamente o que ele não quis fazer. A Obama não falta somente experiência: falta uma biografia confiável, falta até mesmo uma nacionalidade definida. Ninguém sabe realmente quem ele é. Ostentador e esquivo, exibido e cheio de segredos, o homem refugia-se num suposto direito à privacidade para omitir-se de exibir sua certidão de nascimento, seu histórico escolar, seus registros médicos ou qualquer documento capaz de corroborar o passado do qual se pavoneia em “Dreams of my Father”. O próprio livro, que lhe rendeu a fama de literato, é de autoria incerta: o exame estilístico de seus escritos anteriores – grosseiros e pueris – mostra que coisa tão boa não pode ter sido obra dele (o ghost writer, dizem, foi William Ayers). Nunca se viu tamanho mistério em torno de um postulante à presidência americana. Na comparação, a biografia de McCain é um exagero de transparência. Bastaria o candidato republicano dizer isso, e seu oponente estaria liquidado por nocaute. Mas a chantagem racial parece ter imposto aos adversários de Obama a obrigação indeclinável da piedade suicida, reservando a ele o direito de nunca ser cobrado por seus atos. Tal como aconteceu com Lula em 2002 e 2006 (a técnica é mundialmente padronizada), todos se inibem de atirar a verdade na cara do menino pobrezinho, tão discriminadinho, coitado.

A história da direita, no norte e no sul do Novo Mundo, resume-se no verso de Rimbaud: “Par délicatesse j’ai perdu ma vie.”

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