Posts Tagged Antonio Gramsci

Onipresente e invisível

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 26 de março de 2012

Ao ouvir dizer que vive numa “democracia”, o cidadão comum imagina que, malgrado algumas tramas sórdidas urdidas pelos políticos por trás das cortinas, o esquema de poder que domina a sociedade coincide com a estrutura visível das instituições e, em última instância, pode ser controlado mediante a pressão do clamor público ou o exercício do voto. Algum resíduo oculto, aqui e ali, será mais cedo ou mais tarde revelado pelos bravos jornalistas que destampam as latrinas e vasculham os esgotos, expondo os ladrões e conspiradores à luz do dia para que sofram as penas da lei. Não obstante falhas ocasionais, no conjunto o sistema, aerado pelos bons ventos da liberdade de imprensa, encarna os ideais iluministas da transparência e da racionalidade.

Lamento informar que há pelo menos vinte anos esse sistema cessou de existir. O poder dos governos sobre as populações civis já é praticamente incontrolável, reduzindo cada vez mais a um mero formalismo jurídico a diferença entre democracia e ditadura. Não, não se trata de nenhuma “teoria da conspiração”. Conspirações existem, mas não são elas que produzem esse estado de coisas. Ao contrário, é ele que torna viável, hoje em dia, a criação de um governo global onipotente, imunizado contra qualquer tentativa de controle popular. O fenômeno resulta da convergência de três fatores:

Primeiro: A complexidade crescente da administração pública, continuamente fortalecida pelos aportes da tecnologia e das ciências sociais, fornece aos governos toda sorte de instrumentos para implantar as medidas que bem desejem sem ter de passar pelo controle legislativo nem muito menos pelo debate público. Das decisões fundamentais que alteraram a estrutura de poder no mundo nas últimas duas décadas, diluindo soberanias e transferindo a autoridade dos Estados para organismos internacionais, somente uma parte ínfima chegou a ser matéria de discussão parlamentar, e a maioria nem sequer recebeu da mídia uma cobertura proporcional à vastidão das conseqüências políticas que produziu.

Segundo: A progressiva concentração dos meios de comunicação nas mãos de um reduzido número de grandes grupos econômicos íntimos do poder estatal, associada à tomada das redações por uma nova geração de jornalistas ideologicamente comprometidos, transformou jornais, revistas e canais de TV, de veículos de informação e debate, em agências de engenharia comportamental e controle político. A censura de notícias inconvenientes, a exclusão das opiniões divergentes, a promoção descarada dos ídolos da esquerda, a militância sistemática em favor dos objetivos propugnados pela revolução globalista tornaram-se quase que normas de redação, cinicamente impostas por toda parte como a expressão pura do jornalismo mais neutro e objetivo. Da noite para o dia, valores e critérios explosivamente revolucionários, hostis aos sentimentos de quase toda a população, passaram a ser apresentados como se fossem a opinião majoritária e obrigatória, o padrão supremo da normalidade. Em todo o Ocidente não há, por exemplo, um só grande jornal ou canal de TV que não trate toda oposição às propostas gayzistas e abortistas como conduta aberrante e criminosa, dando a impressão de que os novos códigos de comportamento que se deseja implantar são consensos universais milenares, só rejeitados por fanáticos e doentes mentais. É evidente que isso não é jornalismo nenhum, é um teatro psicológico planejado para produzir mudanças comportamentais. É a engenharia da complacência, da qual já falei.

Terceiro: a queda da URSS deixou desorientadas e órfãs as massas militantes por toda parte, liberando um enorme potencial humano que, não sabendo viver sem uma “causa social” que justifique sua existência, foi facilmente remanejado para servir, agora fartamente subsidiado pela elite financeira, sob as novas bandeiras da revolução global. Foi a vitória completa do fabianismo e do gramscismo sobre as versões mais arcaicas do movimento comunista. Com velocidade impressionante, as militâncias locais foram unificadas, criando, pela primeira vez na História humana, a possibilidade de mobilizações de massa quase instantâneas em escala mundial – a mais formidável máquina de pressão política e intimidação psicológica que o mundo já conheceu.

Sob o influxo desses três fatores, a velha democracia representativa tornou-se apenas a camuflagem jurídica e publicitária de novos esquemas de poder que a maioria dos cidadãos não compreende e em geral não conhece.

Graças a isso, o avanço da tirania global é hoje tão rápido, tão intenso, tão avassalador, que para registrar, simplesmente registrar a sucessão diária dos fatos que o exemplificam, seria preciso um jornal inteiro, não este pobre comentário semanal. Não se passa um dia sem que se criem novas estruturas de poder, novos meios de controle social, novos instrumentos de manipulação psicológica destinados a ter um impacto brutal, quase sempre destrutivo, não só na política e na economia, mas na vida privada e na mente de todos os seres humanos colocados sob a sua órbita. E esses fatos se desenrolam, quase todos, à margem da atenção pública, seja porque são produzidos por meios burocráticos discretos, contornando o debate, seja porque não chegam a ser noticiados, seja porque o são de maneira propositadamente deficiente, sumária e eufemística, de modo que somente uma fração mínima e inofensiva da população se dê conta do seu verdadeiro alcance e significado.

O sonho de Antonio Gramsci, o “poder onipresente e invisível”, já é uma realidade em todo o mundo ocidental.

Mau exemplo

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 22 de fevereiro de 2010

Que o sr. Marco Aurélio Garcia e Dona Dilma Roussef cochichassem entre si alguma opinião sobre a vida intelectual brasileira já seria, da parte deles, uma presunção descabida. Mas quando a emitem em público, e o fazem dando-se ares de quem dita regras de perfeição, entram em cheio no campo da obscenidade.

Pessoas que ocupam ou disputam cargos públicos deveriam refrear um pouco os seus impulsos exibicionistas antes de sair dando o mau exemplo de pontificar ex catedra sobre assuntos que estão acima da sua competência e até da sua compreensão.

Nem o ministro nem a candidata escreveram jamais um livro, deram um curso ou proferiram uma conferência que se notabilizasse pela amplitude da erudição, pela profundidade do pensamento ou pela criatividade das idéias. Nada produziram, sequer, que os ombreasse à estatura mediana da classe acadêmica. Não são pensadores, nem artistas, nem educadores, nem profissionais da ciência. Não são sequer jornalistas. Não têm com a vida intelectual senão a relação distante — e até inversa — de quem se beneficia das aparências dela para fins de propaganda partidária ou promoção pessoal. No mundo da alta cultura, não passam de parasitas e aproveitadores. O único direito que lhes cabe, em tais matérias, é o de calar-se humildemente e dar ouvidos a quem sabe mais. Que se atrevam a ir um passo além disso, e devem ser escorraçados de um recinto onde sua presença só serve para tudo aviltar e prostituir.

No fundo, o atrevimento da sua crítica aos “subintelectuais de direita” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1602201005.htm) revela menos uma empáfia consciente do que uma falha de percepção, uma total incapacidade de apreender, não o mero sentido das palavras que empregam, mas as dimensões e proporções da situação de discurso, a relação entre fala e realidade, a diferença abissal entre aquilo que dizem e aquilo que são. Eles falam como autoridades no assunto precisamente porque ignoram que o desconhecem. Tomam-se a si próprios como unidades de medida porque não percebem o imensurável da distância que dele os separa.

Nada têm nisso, porém, de excepcionais e singulares. Sua conduta mental está entre as mais típicas da burrice geral brasileira, tal como a literatura a exemplifica e qualquer educador com algum senso de observação pode confirmar. Essa conduta não se compõe só da alienação existencial, do abismo entre pensamento abstrato e experiência concreta, mas da fusão desse handicap com um talento todo especial para o mimetismo lingüístico. O brasileiro, com efeito, capta num relance os novos giros verbais que lhe chegam do ambiente e passa de imediato a utilizá-los com um agudo senso de eficácia persuasória, desacompanhado, porém, de qualquer compreensão da sua carga semântica efetiva. Só para dar um exemplo tirado da minha própria experiência pessoal, quando meus dois livros sobre a ciência da argumentação repuseram em circulação a velha expressãoargumentum ad hominem, a nova geração, que a desconhecia por completo, notou o potencial ofensivo do termo e passou a empregá-lo a torto e a direito para fins de ataque, com a desenvoltura mais autoconfiante, sem ter a menor idéia das distinções e precauções que esse emprego exige (por exemplo, um exemplum in contrarium, logicamente uma das refutações mais legítimas, é com freqüência apresentado sob a forma aparente de mera argumentação ad hominem). Centenas de expressões extraídas diretamente dos meus escritos circulam hoje por aí com sentido diminuído, coisificado, prova de que foram copiadas por mimetismo instantâneo e não absorvidas mediante compreensão séria do seu significado. A velocidade mesma com que se operam esses golpes de parasitagem verbal faz com que se tornem, por sua vez, infinitamente reprodutíveis e se alastrem em proporções epidêmicas, daí resultando que, no fim das contas, todo o debate público nacional se reduza a um obsessivo intercâmbio de camuflagens.

Juntem à deficiente ancoragem na realidade o mimetismo lingüístico superficial, e terão a fórmula exata do impostor inconsciente, do vigarista que só consegue ludibriar os outros porque primeiro se ludibriou a si próprio ao ponto de poder praticar a vigarice com um elevado sentimento de idoneidade e mérito.

Dona Dilma e o ministro Garcia exemplificam perfeitamente essa síndrome, cuja disseminação em escala nacional consolida a incultura presunçosa como uma espécie de título acadêmico, de especialidade científica ou prova de superioridade. Tal é hoje o típico “intelectual de esquerda” que se apresenta como modelo normativo e cobra da direita o dever de copiá-lo, sob pena de condená-la como “subintelectual”.

Não que subintelectuais inexistam na direita. Existem, e o primeiro a apontá-los ao descrédito sou em geral eu mesmo. Porém o mais burro deles é ainda superior a Dilma Roussef e Marco Aurélio Garcia, que só são “intelectuais” no sentido elástico e figurado que o termo possui em Antonio Gramsci.

Obra-prima de vigarice

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 12 junho de 2009

“Queimada”, dirigido em 1969 por Gillo Pontecorvo e estrelado por Marlon Brando, Evaristo Marquez e Renato Salvatori, é um dos pontos altos do cinema comunista italiano – uma espécie de segundo neo-realismo, nascido nos anos 60 sob a inspiração de uma década e meia de leitura das obras de Antonio Gramsci pelos intelectuais militantes, tanto do PCI quanto das organizações maoístas e trotsquistas. A escola, intelectualmente sofisticada, de uma coerência ideológica e estratégica notável, foi inaugurada por “O Bandido Giuliano”, de Francesco Rosi, e “O Assassino”, de Elio Petri (ambos de 1961), e, com a ajuda do esquema de propaganda de Hollywood, veio a alcançar sucesso internacional ainda maior que o do que seu antecessor do imediato pós-guerra, muito menos uniforme ideologicamente.

Outros marcos na história desse movimento foram “Accatone”, de Pier Paolo Pasolini (1962), “A China Está Próxima”, de Marco Bellocchio (1967), “Investigação sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita”, de Elio Petri (1969), “O Conformista”, de Bernardo Bertolucci (1970), “A Classe Operária Vai ao Paraíso”, de Elio Petri (1971) e “O Caso Mattei”, de Francesco Rosi (1972).

A tônica desses filmes é mostrar a sociedade capitalista como uma infernal engenhoca protofascista de dominação, fundada na alienação das consciências, na prática endêmica da violência real e simbólica e na desinformação sistemática das multidões. Não há mal, desde a criminalidade até os amores fracassados e as doenças mentais, que aí não seja atribuído à ação maligna e camuflada da elite capitalista. Com um estilo narrativo frio e impessoal, evitando com cuidado o tom abertamente propagandístico e simulando investigação documentária dos acontecimentos (recurso usado com outros fins pelo primeiro neo-realismo), a escola consegue dar ares de pura realidade às mais prodigiosas falsificações históricas e sociológicas, ludibriando as multidões de patetas que guincham e se retorcem de prazer diante dessas coisas nos festivais de cinema como macaquinhos eletrizados por uma máquina de orgasmos.

“Queimada” é uma verdadeira aula de interpretação marxista da História, tanto mais persuasiva porque compõe com detalhes históricos bastante exatos um conjunto perfeitamente ilógico, cuja absurdidade só aparece quando o espectador, se advertido – o que raramente acontece –, se dá conta dos pontos essenciais astutamente omitidos.

A história é a seguinte. Em 1815, Sir William Walker (Marlon Brando), guerreiro e agente secreto mercenário, é contratado para armar um golpe de Estado na ilha de Queimada, colônia portuguesa, e, sob o pretexto de republicanismo e abolição da escravatura, transferir da monarquia portuguesa para uma companhia privada britânica o monopólio da produção local de açúcar. Ele realiza seus objetivos por meio de três operações sucessivas e articuladas: primeiro, uma rebelião de escravos, artificialmente fomentada para desestabilizar o governo local, encenada sob a liderança do negro José Dolores, que o próprio Sir Walker adestra para isso; segundo, a tomada do poder por um grupo de intelectuais e políticos ambiciosos, insatisfeitos com o regime colonial e chefiados por um idealista bocó, Teddy Sanchez; terceiro, a instalação de um regime republicano liberal e corrupto sob a presidência de Teddy Sanchez, com a conseqüente assinatura de uma cessão de direitos para a exploração da cana-de-açúcar e a contratação dos antigos escravos como assalariados da companhia inglesa. Sir William volta para a Inglaterra, onde leva uma vida de bebedeiras e arruaças (dando-se a entender que a sórdida operação antiportuguesa arruinara o seu caráter). Passados dez anos, os trabalhadores das plantações de cana, insatisfeitos com os salários de fome recebidos dos novos patrões, iniciam nova rebelião, sob a liderança do mesmo José Dolores, agora porém a sério e decididos a tomar as rédeas do governo em suas próprias mãos. Teddy Sanchez, aterrorizado, incapaz de controlar a situação, pede ajuda aos empresários ingleses, que vão buscar Sir William num botequim nojento onde ele se diverte em campeonatos de pugilismo com a ralé de Londres, e o enviam de volta à ilha, com plenos poderes para sufocar a revolta. Vendo que a coisa tomara as proporções de uma verdadeira revolução social, Sir William apela ao expediente extremo, mandando atear fogo às plantações e queimando vivos os trabalhadores rebeldes junto com suas famílias. Quando, vitorioso pela segunda vez, o guerreiro genocida vai embarcar de volta para a Inglaterra, o sobrevivente José Dolores, disfarçado de carregador, mata-o a facadas.

Há muitos elementos historicamente verossímeis nesse enredo: a ação inglesa por trás dos movimentos de independência das colônias portuguesas e espanholas; a liderança republicana verbosa e sem iniciativa própria; o aproveitamento de um arremedo de revolta popular como pretexto para a tomada do poder por uma elite corrupta; a transformação dos escravos em mão-de-obra barata para o capital estrangeiro; e até o agravamento da situação dos ex-escravos, soltos no mundo para lutar pela vida em condições desiguais. Abrilhantado por uma direção ágil de Pontecorvo e pela interpretação contundente de Marlon Brando, “Queimada” tem tudo para passar por um condensado esquemático fiel e quase científico dos movimentos de independência de muitas colônias portuguesas, inclusive o Brasil, onde o filme, exibido durante a fase mais dura da repressão militar às guerrilhas, sugeria a histéricas platéias estudantis a explicação mais fácil do que estava acontecendo no país e assim indicava o exemplo de José Dolores como o mais óbvio caminho a seguir.

Naquela época, pouquíssimos espectadores poderiam ter reparado em duas omissões capciosas que, no fundo, eram todo o segredo do impacto da narrativa. Desde logo, se até para encenar uma rebelião incipiente seguida de um golpe de Estado os habitantes da ilha – escravos mais elite branca – precisaram da ajuda estrangeira, como poderiam os escravos, sozinhos, sem armamento, sem nenhum treino político e só com as duas ou três artimanhas de guerrilheiro amador que Sir William ensinara a José Dolores, montar uma verdadeira revolução social capaz de derrubar o regime republicano? Jamais ocorreu uma rebelião desse tipo em nenhuma nação do Terceiro Mundo sem a maciça ajuda estrangeira, e nada, além do puro embuste narrativo, explica que possa ter ocorrido em Queimada. Para os fins propagandísticos visados por Gillo Pontecorvo, era necessário associar capitalismo com imperialismo e revolução comunista com espontaneidade popular autóctone, condensando na tela o velho ardil da propaganda estalinista – ainda hoje inspirador do Fórum Social Mundial – que pinta o livre mercado como traição a serviço do estrangeiro e o comunismo como patriotismo.

Em segundo lugar, impressionadas com o retrato aparentemente verossímil do frio maquiavelismo capitalista, as platéias também se esqueciam de perguntar que raio de cálculo econômico era aquele, que, para a suposta salvaguarda de interesses empresariais, destruía pelo fogo a matéria-prima, os meios de produção e praticamente a totalidade da mão-de-obra disponível, tornando inviável qualquer atividade econômica na ilha por muitas décadas à frente e instaurando ali o monopólio do nada. Sir William emerge da sua segunda excursão à ilha como vencedor, sob a aparente satisfação das classes dominantes, mas, se algum equivalente dele do mundo real cometesse um desatino militar e ecômico como o que ele promoveu em Queimada, quem logicamente desejaria matá-lo não seria José Dolores, e sim os donos da empresa.

Observado segundo os critérios da própria verossimilhança histórica da qual se pavoneia, “Queimada” perde todo impacto dramático e se revela uma farsa idiota, postiça até o desespero, composta por um pseudo-intelectual de meia idade para a deleitação masturbatória de jovens aspirantes a pseudo-intelectuais.

Não há um só filme dessa escola que não se baseie nesse mesmo tipo de engodo miserável, e, compreensivelmente, não há um só deles que não tenha sido louvado uniformemente pela crítica mundial como uma obra-prima de realismo e honestidade narrativa.

Mais grotesco ainda esse gênero de filme se torna quando considerado não apenas na sua composição interna, mas nas condições sociológicas da sua produção. Se o capitalismo é mesmo como eles o descrevem, um sistema de escravização mental e física destinado a manter as multidões na total ignorância das causas da sua miséria, como se explica que a indústria mundial de espetáculos, infinitamente mais rica do que os usineiros de Queimada, subsidie e aplauda tantos filmes anticapitalistas como os de Gillo Pontecorvo, Francesco Rosi e tutti quanti, em vez de espalhar nos cinemas a apologia visual das belezas do livre mercado? A separação estanque entre as idéias dos intelectuais ou artistas e a sua condição existencial e social concreta é uma doença mental endêmica nas classes letradas do mundo Ocidental e, decerto, um dos pilares em que se assenta hoje em dia a efetiva escravização das consciências pela elite globalista.

Tanto no Brasil quanto em vários outros países, as obras do segundo neo-realismo italiano fizeram as cabeças de duas gerações de espectadores e, na condição de “clássicos”, desfrutam ainda de um prestígio considerável . Não duvido que milhares ou milhões de Emires Sáderes tenham absorvido desses filmes, e não dos livros que não leram, a substância mesma da sua ideologia e do seu modo de ser.

Veja todos os arquivos por ano